O Chamado de Gaia

"Ai ai... " Faço um contorcionismo para massagear as costas. "Me sinto na época da faculdade... ficávamos alucinados, viamos coisas que não faziam sentido, e no fim, nem sabíamos como havíamos chegado em casa, e só sabíamos que estávamos um caco... vai ver era isso que acontecia." Todos ali eram brutamontes, violentos, selvagens... Não havia motivo para eu querer compartilhar do combate com eles com meu corpo franzino. Fico sentado, assistindo a luta, como se aquilo tudo se passasse atrás de uma grande tela.

Londres e o apartamento - O apartamento 135 e a escuridão

O apartamento logo atrás do corpo de Ralf está destrancado e você consegue abrir com facilidade.

Lá dentro está uma pequena sala, um sofá verde-musgo, uma televisão, uma pequenina mesa de centro e um tapete. Há marcas de móveis que foram mexidos e poeira delineando cada canto. Existe uma cortina completamente estraçalhada "cobrindo" a janela no final do cômodo e um pequeno corredor que leva para os outros cômodos do pequeno apartamento.
Não há luz elétrica e todos os interruptores parecem destruídos, com fios saindo para fora. A única luz provém da luz fraca do sol adentrando pelas frestas da cortina rasgada e só.
O cheiro ali era normal de uma casa abandonada: poeira, um aroma ou outro de coisas que haviam estado ali feitas de madeira.

-#-

Nailah começa a fraquejar. O homem coloca as mãos sobre as suas, as mãos de seu pai, e ao invés de te machucar, ele murmura:

- Me desculpe, filha. Podemos superar tudo e vivermos bem, esses homens são tão maus com minha querida - os outros garous saem, deixando vocês a sós - Você é uma garota tão bonita e tão forte... podemos vencer o que quisermos juntos. Venha com o seu pai, minha querida.

A voz dele era irresistível e lágrimas tombam de seus olhos sem que você consiga controlá-las. Seus passos surdos vão se dirigindo para o que parecia ser o seu quarto, com uma pequena luz apenas a iluminar. Lá fora, o som de soldados de Fenris treinando e seu pai colocando uma pequena lamparina ao lado da sua cama, lhe colocando para se deitar.
Uma cama aconchegante, o cheiro da infância... tudo era perfeito. Você se deita e ele faz carinho em seus cabelos, prometendo cuidá-la mesmo sendo já adulta. Ele segura seu dedo mindinho e pressiona com seu dedo mindinho, prometendo que iria estar contigo.
Era a melhor sensação da sua vida.

-#-

Scar acerta a mordida, fazendo-o levar um enorme susto e desmaiar. Ele cai novamente, com as pernas meio dobradas, sujando a lateral esquerda do rosto de sangue novamente.

Todos lá fora, incluindo Alen e Hawk escutam o som de uma gaita suave de dentro do apartamento, e um pequeno murmúrio mais alto e só.

(H) - Scar, Lobo de ferro. Há algo acontecendo lá dentro. Lobo Verde está tocando seu instrumento irritante de novo! Vamos!!!

"Barulho, distração, luz...ah! Mas que droga de lugar" digo revirando cômodos e gavetas.

Procuro por objetos que possam ser utilizados para fazer fogo. Uma ideia maluca vem surgindo da minha mente.

Uma vela, um isqueiro, uma caixa de fósforos, qualquer coisa.

- Precisamos levá-lo daqui - digo, na língua garou -, talvez ele seja uma boa fonte de informações sobre o que aconteceu aqui...que a Mãe tenha misericórdia de sua mente perturbada... - noto que Alen e Hawk parecem ter notado algo que eu não. - O que foi?

Londres e o apartamento - O apartamento 135 e a escuridão

Fuçando em algumas gavetas, Ralf consegue achar uma caixa de fósforos já vazia. Ainda continuando a procurar em outras gavetas, você encontra um acendedor de fogão.
Ainda existe uma pequena flanela pendurada na parte de mármore de onde ficaria uma pia. A cortina também parece fina o bastante para pegar fogo através da faísca do acendedor.

-#-

O som da gaita cessa e o silêncio volta a reinar ali.

O totem dourado que Darún havia posicionado à frente do prédio marrom estava com um brilho dourado e os olhos brilhando em verde.
Agora que vocês haviam parado para perceber, após o fervor da batalha, é que os prédios em volta parecem opacos ou levemente derretidos... menos o prédio marrom, que agora até Alen consegue enxergar sem nenhuma deformação, diferente de antes.

Pego a flanela e coloco no bolso.

Tento inflamar a cortina com o acendedor.

"Vamos, vamos, vamos..."

Disparo na direção do prédio, deixando que Hawk, que é maior que eu, leve o moribundo. Ao chegar no prédio, adentro e tento farejar o cheiro de meus amigos e de qualquer ameaça ou odor estranho.
- Ralf! - grito na linguagem comum. - RALF! - grito em linguagem garou.

Londres e o apartamento - O apartamento 135 e a escuridão


Ralf escuta uma espécie de latido e depois o seu nome, um pouco distante sendo pronunciado. Você não reconhece exatamente a voz, mas poderia ser alguém que estivesse lá fora.
Enquanto aperta rapidamente o acendedor, saem algumas faíscas, até que uma delas entra em reação com o pano e, em seguida, sai uma pequena chama do acendedor, inflamando a flanela.

Scar, role Percepção + Instinto Primitivo!

Saio do apartamento com a flanela em chamas na minha mão.

"Ralf, você está pedindo pra perder a mão dessa vez ao invés da perna" digo a mim mesmo. Pego a flanela e a lanço no apartamento envolvido em escuridão.

"DARUN! KELSEY! NAILAH! VINCENT! Saiam daí seus malucos!" tento alerta-los, ou com o fogo ou com meus berros.

Londres e o apartamento - O apartamento 135 e a escuridão


Ralf lança a flanela em chamas na direção do apartamento. Ela é lançada com ímpeto, sumindo dentro da escuridão por alguns instantes. Mas a chama, parece produzir um brilho verde e fosco lá dentro.

Todos dentro do apartamento, rolem Destreza + Esquiva.

Um brilho dançante de chamas passa por sua mente.

Sistema:
* Esquiva 7 (Destreza 4 + Esquiva 3)
Vincent: 7D10 => [ 1 +3 +5 +8 +7 +5 +2 ] = 31

Off: Sai de mim, falha crítica! Ultimamente, hein?!

(hispo Form) - Lobo de Ferro, você vem? *falo enquanto posiciono o homem desacordado em minhas costas*

Percepção + Instintos Primitivos:
Scar: repeat 6 1D10 => 6 ; 2 ; 4 ; 4 ; 5 ; 1 (considerando que o teste é diminuído em 3 como lupino: 5, 7 ,7, 8, descartando o 6 e o 1)

-P... Pai ?... - as palavras saem de minha boca quase que sem controle. Não era possível, não podia ser, não era possível. Suas mãos eram tão quentes, tão carinhoso, tão amável. O lugar perfeito, estava tão relaxada. Sorrio para meu pai, segurando em seu dedo, como fazíamos antes ...... "Fazíamos?" Por um momento não consigo ter essa lembrança, dele tão carinhoso.


( Que teste eu faço pra não acreditar, ou perceber algo ? )

Off: Gabi, você já rolou o reste para resistir e falhou. Era aquele teste de Força de Vontade de antes. E você precisa rolar Destreza + Briga, assim como todo mundo que estiver dentro do apartamento

- Ralf! RALF! - repito, latindo e uivando do lado de fora do prédio, sentindo algo diferente lá dentro. Então, na tentativa de salvar meus amigos, eu entro no edifício.

*acompanho scar*

Londres e o apartamento - O apartamento 135 e a escuridão:


Alen se vê livre do monstro e dos "selvagens" que lhe incomodavam. Ainda sentindo dor, consegue se levantar, mas andar é uma certa dificuldade.

-#-

Vincent continua a ouvir a doce voz de sua mãe oriental. E ao levantar os hashis em direção à boca, levando um nikuman para a língua, começou a sentir calor.
Um calor fervoroso que fazia arder as costas.
Subitamente, você repara na feição da sua mãe... e ela não tem rosto algum. Há apenas o cabelo liso e escorrido de uma oriental. A voz continua falando, mas parece não vir mais "daquilo" que seria sua mãe, afinal, nem memórias você tinha dela!
A comida agora some, parte por parte e a escuridão começa a retornar...

O calor lambe suas costas e você vê o brilho verde apenas produzindo calor e parecendo estar encostando em suas costas, mas não havia grudado nada em sua roupa. Agora, você conseguia sentir a silhueta de alguma coisa ali atrás de você, servindo de apoio para as suas costas.
Iluminados pelo brilho verde, você vê Nailah deitada, envolta em vários tentáculos e ramos negros, os olhos vidrados. Um pouco mais atrás, Kelsey da mesma forma, de pé.
Por último, Darún está ali segurando alguma coisa e reagindo contra o que parecia ser uma mulher de cabelos desgrenhados.

-#-


No momento em que a flanela produz um brilho verde e fosco dentro do apartamento, Ralf não consegue enxergar nada em volta do brilho, o que lhe trazia certa decepção.
Mas após alguns segundos, o brilho parece se alastrar e você vê o que parecia ser a silhueta de Vincent, mas parecia ter coisas interferindo na sua visão. Não era uma escuridão comum.

-#-

Scar e Hawk começam a subir os degraus, visto que ninguém havia os escutado. O instinto de Scar sinalizava sempre para um andar mais para o alto até que os dois alcançam o quinto andar do apartamento e conseguem fitar Ralf parado em uma porta, olhando para a outra de onde só é possível ver a escuridão e uma luz esverdeada e quase apagada lá dentro.

Para os lupinos, o cheiro dali lembra a floresta... mas não lhes trazia segurança alguma.

Ergo os braços para que Scar e Hawk não avancem.

"Eles estão presos ali. Algum tipo de ilusão. Acho que Vincent é quem está bem na frente" digo observando a pequena flamula.

"A gente precisa distrair eles o suficiente. Me ajudem a carregar esse colchão aqui" digo apontando para o colchão do apartamento que abri.

Off: O que aconteceu exatamente, fora do transe? Caí, perdi as armas? Só pra eu entender.
On:
"Acordei! Acordei de um sonho...para entrar num pesadelo?!"
A chama o acordou. Desencostou-se de algo atrás de si, fitou todos que o seguiram.
As formas das trevas agarravam e aprisionavam os outros. Darún, seguido por sua sombra, e um novo oponente, dançava num combate apresentado pela flâmula.
"Eu voltei! Quase fui pego. Ouvi a música do Ralf, senti o fogo. FOGO!"
Deu a volta, lançou a mão do pano envolto no pescoço, enrolou a extensão em várias camadas no punho, incendiando-o sobre o foco. O tecido seria consumido em pouco tempo. Chance única.
Saltou na direção deles, mirando as costas da ameaça. Disparou um soco em chamas.

Sistema:
Vincent: 7D10 => [ 1 +5 +4 +1 +9 +4 +8 ] = 32 (soco)
Off: Meu   ... Isaac, pega de volta. Quero essa skill não.

Observo a escuridão e a luz esverdeada, e um arrepio percorre minha espinha.
- A serpente...
Sentindo o frio que é trazido pelo terror, apenas um sentimento de impotência invade meu corpo de lobo, meu pelos eriçam e meus instintos gritam "corra!"...mas algo me segurava. Percebo meus olhos castanhos vidrados na escuridão, e noto que consigo sentir, muito suavemente, o cheiro de meus amigos lá dentro...eu quero ajudar...quero ser forte para salvar... As imagens de uma menina que brinca comigo invadem minha mente, e me sinto feliz, mesmo que por um segundo. É quando as sombras dançam à minha frente, nublando minha visão e levando a menina para longe. Eu não havia sido forte do passado...mas a Mãe me mudou.
Sinto uma presença inexplicável dentro de mim, e meus pulmões se enchem de ar involuntariamente. A sensação é de querer dizer algo sem saber o que, de gritar sem saber para qual direção. Então, eu uivo, alto e longamente, e o som é um chamado, uma oração, um pedido de ajuda e um choro de batalha. Era como o vento, penetrante, suave, despertador. E minha voz ecoa, em forma de uivo, na língua dos Garous

Que tua voz seja o meu chamado
Teus olhos os meus guias
Tua força, meu arauto
Teus sinais minha alegria.

Seja tua presença o fogo que me anima
Minhas vitórias sejam tuas
Teus filhos minha Matilha
Nossas vozes o canto da lua

Somos filhos do Lobo de Prata
Do fogo que engole a escuridão
Levantem-se, filhos de Gaia
Que nossa Fúria seja Imensidão!

Fecho os olhos e relaxo em meio a sensação tão boa.

Teste: 6D10 => [ 4 +3 +3 +6 +6 +7 ] = 29

Londres e o apartamento - O apartamento 135 e a escuridão:

Nailah enxerga o homem, sorrindo... até que a casa ali começa a pegar fogo. Mas você não conseguia sair daquela calma... tudo parecia ainda feliz, apesar da cena bizarra.
Até que seu pai começa a derreter feito a parafina de uma vela... ele ainda sorri, orgulhoso de você. Orgulhoso da sua força, do seu carinho... e tudo se tornou escuridão.
Primeiro, as chamas ardentes queimaram cada pedaço em volta, restando você e sua cama. Depois a cama sumiu e a sua pele gelada começa a sentir calor... e você desperta.

Algo prendia seu corpo no chão e chamas verdes tomavam vários locais dentro da imensa escuridão. Os punhos bem juntos do corpo iam presos no que pareciam ser tentáculos negros que a envolviam, ou ramos de uma planta podre.
Você consegue ver Vincent em desespero errando um soco mas conseguindo se desvencilhar do estranho brilho verde que lhe corroía as costas. Você também consegue ver Kelsey com os olhos vidrados e envolta na mesma coisa que você estava, embora a luz não esteja conseguindo iluminar muito bem e tudo pareça estar em volta de uma escuridão impenetrável.

-#-

Scar faz sua prece na língua dos garous, sua língua também. As palavras parecem ressoar e, de repente, a chama verde é alimentada lá dentro e a escuridão começa a diminuir. O que parece ser a brisa de Gaia passa por Ralf, Hawk e Scar, fazendo cabelos e pelos balançarem ao sabor do sopro divino e a lâmpada que está acesa balança até se chocar com a parede e quebrar. Com a luz apagada e as chamas verdes tomando conta de dentro do apartamento, vocês conseguem enxergar todos ali dentro, com um brilho verde.
O som de lá dentro fica claro por alguns segundos, durante a brisa e ele provém de Darún:

- Droga e todos caíram [...]

E o som some novamente. Agora, era possível vê-los através da luz verde meio fosca e formas estranhas que se mexiam próximas de cada corpo ali dentro.

"Caramba, a parada funcionou!" digo, impressionado com um plano tão maluco funcionando de alguma forma.

"Vocês são os caras da porrada, vou ajudar de outro jeito" corro até o apartamento e tento puxar a cortina da parede.