Capítulo 2 - Pena & Espada

Thomas e Pane conversam tranquilamente, sentados a uma mesa na doceria. Megan se delicia com a sobremesa, e Pane nota certa semelhança no apreço de doces.
Thomas perde sua desconfiança quando a moça começa a falar, inocentemente. Ela realmente parecia um jornalista comum, como todas as outras que ele conhecera em Arsin. Porém, jornalistas podiam ser perigoso, ele deveria tomar cuidado com o que dizia, já que, até onde ele sabia, o grupo todo poderia estar sendo procurado pelo Conselho de Camael. A moça, porém, parecia amigável e queria apenas conversar...não lhe parecia algo suspeito. Afinal, se ela fizesse parte do Conselho, a última coisa que ela faria seria querer conversar...

- Atenção, cidadãos de Aria! Não percam essa chance! - dizia um arauto lá fora. - As inscrições se encerram hoje à noite! Não percam essa chance!

Há bastante gente na doceria, conversando distraidamente nas mesas redondas espalhadas pelo local, e ninguém parece prestar muita atenção em vocês três.
Uma coisa que Pane percebe é: os cabelos de Thomas...estão muito diferentes. Na foto, ele tinha dreads. Você não faz ideia do que aquilo poderia significar, mas certamente era um bom disfarce contra olhares menos atentos, se essa fosse a intenção.
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N sente a pulsação subir. Seu rosto fica vermelho quase instantaneamente, enquanto ele não sabe se bebe o café, se fala alguma coisa, se ajoelha no chão e pede perdão, se abraça a moça, se chora ou se ri. O conflito de sentimentos se mescla ao choque, e N fica estático, segurando sua xícara de café no ar, num movimento interrompido, enquanto não conseguia desviar os olhos.
- Er...você está bem? - a moça pergunta, sorrindo meio sem graça, ajeitando uma madeira loira atrás da orelha. Ela sempre fizera aquilo... - Você é novo aqui, não é? Digo... - ela parecia encabulada - pela espada você deve ser do Leste, certo?

"Estou sonhando. Batemos na Epoch, morri, e estou sonhando coisas sem sentido!" penso.

"É-Ah, d-desculpe. Acho que me perdi nos meus pensamentos" tento rir. "S-Sou novo sim, já faz algum tempo que não saio do Leste. M-Mas pretendo voltar..." engulo o resto do café, tomando coragem junto com cafeína.

"Desculpe a intromissão, s-senhorita, mas...você é idêntica a uma amiga minha que veio a falecer...qual é o seu nome?" pergunto, sentindo a pele queimar de nervosismo.

-Megan, nome bonito combina com você! Esse doce é uma delícia né, amo ele também. - sorrio, me viro para Thomas- Vocês não vieram aqui para o torneio então? Que chato... - Meu semblante fica meio triste.

Percebo que consegui convencê-lo.

-Perto do Porto onde vocês sofreram o acidente a diversas lojas de materiais mecânicos e de engenharia, acredito que irão precisar comprar algumas peças novas para a nave. Eu ainda não sou contratada oficialmente, mas estou no meu último teste para fazer parte da equipe oficial do jornal Expresso Aria, se eu passar terei meus artigos diários. E meu teste é descobrir os novos e curiosos jogadores da Guerra dos Cristais. Você parece forte, porque não participa?

- Sou Nairah Lionheart - ela sorri, meio tímida pela sua citação. - Sinto muito pela sua amiga...vocês eram muito próximos? Ora, me perdoe... - ela encolhe os ombros, preocupada por ter te ofendido de alguma forma. - Não precisa responder se não quiser, é só que...eu te vi aqui tomando café sozinho...você tinha um semblante triste e...Eli, o que eu estou falando...? - ela toma um gole do Bourboun, deixando um sorriso tímido.
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- Uma delícia! - Megan diz, lambendo a colher. - Obrigada... - ela fica levemente enrubescida pelo elogio. - Qual o seu nome, Tia?
Ao ouvir sobre o torneio, Megan arregala os olhos, se inclinando na mesa.
- Um torneio? Waa, Tio Desmond, vamos participar? Deve ter um prêmio! Imagina que legal!! - ela acaba falando alto demais, empolgada demais, cortando o ar com sua colher, como uma espada invisível, fazendo pose.
As pessoas riem, e ela para, meio envergonhada.
- A gente vai, né? Meu pai vai, com certeza!

Pai. Essa citação pega Pane desprevenida. Se aquela menina era mesmo quem ela pensava que fosse, seu pai era ninguém menos que Nero StoneRage...então, quem ela estaria chamando de pai?

"Lionheart?! Não...espera, existe a possibilidade de Norah ter parentes vivos. Não é comum para um agente da Cinza, mas ela não fazia parte da terceira geração como eu, e ela não foi criada pela organização como eu..." penso.

Sorrio para Nairah.

"Está tudo bem, Nairah. Bonito nome. Ela se chamava Norah, a conheci quando fui para Arsin. Já se fazem sete anos, mas acho que nunca deixei o luto" algumas lembranças percorrem minha mente. Falar de Norah nunca era algo fácil.

"Sou N, somente N" estendo a mão direita para cumprimenta-la.

-Não é! Pane, me chamo Pane.

De repente vejo a excitação da menina ao ouvir do torneio, e ao observar o manejo da colher vejo que ela leva jeito para portar uma espada oriental. O que né lembra que no grupo havia um homem portanto uma dessas espadas.

-Todos podem participar desse torneio, basta ter 500 moedas. - ao ouvir as palavras da menina fico atônita - Pa..Pai...

Lembro que ela é filha do Nero, deixando minha cabeça um pouco confusa. Mas volto a meu estado normal rapidamente.

-Seu pai está aqui?

Começo a procurar alguém parecido com a Megan dentro do estabelecimento. E volto a me dirigir a Thomas.

-Lembro que vi no grupo de vocês um samurai, acho que ele gostaria de participar do torneio para aumentar seu orgulho, aliás é na Guerra dos Cristais que é decidido quem é o melhor samurai de Gaia. Se possível gostaria de conversar com ele.

O sorriso de Nairah morre nos lábios, e ela se levanta ao invés de dar a mão em cumprimento a N.
- N-Norah? - a garota fica vermelha, e N não sabe se é por raiva ou porque a bebida subiu de uma vez só. - Isso é algum tipo de piada? Quem...
Então, Nairah parece perceber que estava falando alto demais, atraindo alguns olhares. Ela olha N, assustada e se recompõe, voltando a se sentar.
- M-me perdoe, não quis ofendê-lo, é só que... - ela bebe mais um gole do Bourbon, tentando relaxar - não imaginava que encontraria algum amigo vivo de Norah... - as lágrimas correm involuntariamente pelo rosto da mulher, e só então N percebe as leves diferenças. Nairah não era tão alta, seus lábios não eram tão cheios e o nariz era mais afinado. Ainda assim, ela é muito parecida com a jovem Norah que o samurai conhecera. - Sou irmã de Norah, a filha mais nova dos Lionheart. Acho que também nunca superei sua morte no fim das contas - Nairah tenta esboçar um sorriso. - Puxa...sete anos...como você a conheceu, Senhor N?
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- Há! Um franguinho desses? No Torneio? Hahahahahahaha - ri um homem na mesa ao lado, ao ouvir os comentários altos, apontando para Thomas com uma colher. O sujeito era, no mínimo, enorme de altura, e ainda mais enorme em circunferência abdominal. Sua barba ruiva descia pela barriga protuberante em duas tranças, a cabeça estava protegida por uma bandana preta que combinava com a jaqueta de couro e spikes, e seus olhos pareciam bêbados pela gigantesca tigela de sorvete de rum que ele degustava - Você não duraria nem cinco minutos no Campo, franguinho. Melhor sem se dar ao trabalho - o homem se levanta, andando desajeitadamente até a mesa de vocês, apoiando o braço enorme na cadeira de Thomas e aproximando o rosto. - Quem vai levar esse prêmio sou eu, franguinho...

- Você não é de nada, gordão! - provoca Megan, franzindo o cenho por ele estar importunando Thomas. - O Tio Thomas chuta seu traseiro grande com tanta força que você vai precisar de cadeira de  rodas! - será que ela tinha aprendido aquela na rua ou com N?

- Há! Essa eu quero ver só! - O grandalhão, aponta o dedo quase no rosto de Thomas. - A gente se vê no Campo, franguinho, e descobre se essa sua menininha fala a verdade ou se você é só uma mariquinhas de Arsin. Hahahahaha
O homem se retira, cambaleante, enquanto o povo observa, lentamente voltando a conversar.

Aquele, Pane sabia, era Gragas, um beberrão e arruaceiro que adorava importunar as pessoas nas tavernas de Aria. Brigão, seu passatempo favorito era propor desafios, o que geralmente consistia em sair na pancadaria. O problema, é claro, é que ele era muito bom na pancadaria. Se aquele cara ia participar da Guerra dos Cristais, isso sim seria um problema.

Coincidências. A última semana e meia foram repletas delas. Mas essa era a maior de todos os tempos.

Encontrei a irmã da mulher que amei.

Suavemente limpo uma das lágrimas da mulher com minha mão direita.
"É uma história bem longa. Eu não era alguém...bom na época, e estava preso a obrigações que não queria ter. Foi ela quem me mudou, ela quem abriu meus olhos"

Lembro-me da primeira vez que tomei café. A própria Norah havia feito para mim, ela estava inconformada com o fato de que eu nunca havia experimentado.

"Nairah, acho que há alguém que você quer conhecer" digo, imaginando qual seria a reação de Megan ao saber disso.

-tsssssssc... Esse cara! Me perdoem ele deve ter vindo aqui só porque estou com vocês, eu diria que não somos dos melhores amigos. - Aparento ficar meio brava - Apesar de que Gragas, quando esta lutando aparenta usar um pouco mais o cérebro do que quando fala! Se ele participar mesmo do torneio tem grandes chances de ganhar, ele é forte, e será um problema caso isso aconteça.

Desfiro um soco na mesa, e com uma voz calma digo.

-Gostaria de entrar nesse torneio só para derrotar este cara! Mas parece que o grupo de vocês possui gente capaz de derrota-lo - sorrio para Megan

- Espere... - Nailah, fica estática por alguns instantes. - Norah deixava cartas para mim às vezes, ainda que isso fosse contra as regras da tal organização para a qual ela foi levada... Ela me disse que havia se apaixonado por um número... um número cinza que conhecia a arte dos orientais como ela jamais havia presenciado... - Nailah aponta um dedo trêmulo para a katana na cintura do samurai. - Você...
A mulher não sabe como perguntar aquilo, e N não fazia ideia que Norah havia contado para alguém que um dia fora apaixonada por ele...ele sequer imaginava que ela nutria aquele tipo de admiração, e isso força seus olhos a marejarem, enquanto ele tenta disfarçar.
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As pessoas observam Desmond com pouca curiosidade, afinal, era bastante normal que novatos tivessem dúvidas sobre o Torneio.
- O número de entusiastas cresce por aqui mais e mais a cada ano - responde o escrivão, estendendo um folheto para Desmond, onde se podia consultar todas as regras do Torneio -, se bem que a maioria não passa de saco de pancada. Bem, de qualquer forma, essas são as regras da Guerra dos Cristais. Basicamente...
- Basicamente - interrompe alguém no fim da fila, que agora deveria ter umas 15 pessoas, uma voz forte que faz Desmond virar o olhar...e encontrar uma mulher de cabelos vermelhos e olhos verdes, com uma cicatriz suave no olho esquerdo, trajando menos roupa do que deveria, deixando a barriga lisa à mostra. Seu corpo atlético fazia Desmond imaginar se ela não era algum tipo de soldado, mas o estilo punk com aquelas roupas todas de couro negro matavam a ideia. Era, no mínimo, uma arruaceira, a julgar pelas adagas ao redor da cintura. Selvagem e linda -, dois grupos de até sete se enfrentam para destruir um cristal de poder. Os fracos choram, os fortes levam pra casa um prêmio surpresa que costuma valer mais do que você ganharia a vida inteira com um trabalho medíocre. Agora vai pra fila, Moicano, não temos o dia todo...
O escrivão não esperava por essa, e seu olhar encabulado sugere isso.
- Me desculpe, senhor, se puder entrar da fila, sim?

"330" digo, quase num sussurro. "Cada...assassino da CINZA é designado por um número. Cada geração faz parte de uma centena, eu era da terceira geração"

"Norah...se tivéssemos sido mais sinceros, tudo poderia ter sido diferente entre nós" penso, e toda a dor da perda dela volta à tona.

"Tinha razão quando perguntou se eu era do Leste. Mas eu nunca conheci meu lar, fui tomado de lá desde os 3 meses de idade. Me treinaram para ser servo da Cinza, mas Norah é quem me convenceu a mudar, a servir alguém...a servir a família"

Finalmente só.

Anotaria em seu diário mais tarde, quando se sentisse melhor sobre aquele casal de velhinhos que cuidavam da estalagem. Sorrio ao ver que os dois estavam trabalhando juntos e do homem ter me chamado de "Inventora e piloto". Tudo em uma frase só!

Sento meu corpo na cama, pensando em coisas perdidas... até que assimilo a palavra "mirtilo" e isso faz a pequena Audrey dentro de mim se debater: "Mirtilos! Eu sempre amei mirtilos..."

- Talvez seja melhor se alimentar, Audrey Eve... - olho-me no espelho do banheiro, vendo a gaze e os esparadrapos na testa, a franja cobrindo quase perfeitamente o sinal de que havia me machucado e o visor adornando as madeixas que começavam a cachear nas pontas. Decido que deveria comprar roupas novas, aproveitar que estava em uma cidade muito parecida com Arsin.
Apesar de não admitir, tinha uma vaidade quanto ao seu estilo. Queria estar bonita e, ainda assim, ser prática. Por sorte haviam muitos vestidos e blusas que a deixavam livre para agir e ainda lhe deixavam apresentável.

Saio do quarto após me ajeitar, deixando apenas o casaco e a segunda muda de roupa dentro do quarto. Ainda deixou a válvula guardada lá dentro e certifiquei de dar duas voltas na fechadura da porta com a chave.

Sigo o cheiro do delicioso cordeiro na manteiga e dos mirtilos até onde estariam servindo essa deliciosa refeição. O estômago suplicava por alimento desde que se dera conta que sentia muita fome.

- Eu me lembro de algumas coisas... - diz Nairah, tentando conter as lágrimas. - Norah havia me dito que tinha uma última missão a ser completada, até que...ela estaria finalmente livre.

Liberdade. Aquela era sem dúvida a palavra mais ilusória e utópica que N conhecia. E era por ela que ele lutava.

- Mas ela mudou depois que se envolveu com Nero StoneRage... - Nairah continua. - Ela já não podia me mandar mais cartas e eu não sabia como andavam suas missões ou o que acontecera com o tal Número Cinza...então, ela morreu, assassinada por um homem do Leste.

Então, era aquilo que o Conselho contara à família Lionheart...

- Eu quero a verdade, N... - Nairah para de chorar, encarando o samurai com olhos de um azul profundo e dizendo em voz baixa, da mesma forma que Norah o fazia -, você matou minha irmã? - e a pergunta corta fundo no coração de N.
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Audrey rapidamente alcança a cozinha, no primeiro andar, onde Leopôncio lhe oferece uma mesa próxima à janela, lhe servindo um belo pedaço de cordeiro estalante na manteiga, arroz branco e um doce de mirtilos que enche os olhos da garota.
- Espero que esteja ao seu agrado, senhorita Aviadora - diz o homem, limpando as mãos no pano de cozinha. - Você sabe mesmo voar? - ele rapidamente se senta na cadeira à frente da sua, parecendo empolgado com seus olhinhos cansados.
- Mas você está importunando a moça de novo?
- Deixa eu falar, mulher! Pelo amor de Eli, é tão difícil achar um aviador hoje em dia, dê essa alegria a um velho!
- Aiai, seu chorão...
- E então? - ele se volta para Audrey, olhando ela como um homem olharia um achado, admirado. - Você vem de Arsin? Qual o seu nome? Você veio pelos Jogos? - era um velho com olhos de menino.
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- Hump - responde a garota, sem dar maior atenção, quando Desmond se coloca atrás dela na fila.
Ao ler o panfleto, Desmond descobre que a Guerra dos Cristais é muito mais que um simples combate entre dois grupos de até sete pessoas. Haveriam duas rodadas, pelo que ele entendia. Em uma delas, todos os grupos seriam jogados em uma arena, cada um protegendo uma área específica, onde um Cristal de Poder deveria ser guardado. Os outros grupos tentariam destruir os Cristais uns dos outros, acumulando 10 pontos para cada cristal destruído e 5 pontos para cada oponente derrotado. Perder o próprio cristal, porém, era perda automática do jogo.
Na segunda fase, apenas os dois grupos restantes seriam colocados para lutarem em uma arena especial, também defendendo um cristal cada, mas em uma disposição de rotas completamente diferente e mais elaborada.  As regras de pontuação já não valiam mais, e o único objetivo seria destruir o Cristal de Poder do oponente. Era um verdadeiro jogo de xadrez em busca do Rei.
O prêmio, como Desmond pensava, era realmente surpresa e só seria revelado, segundo o panfleto, no momento dos jogos. Lentamente, a fila diminui.
- Katarina "Lâmina Sinistra" - declara a garota para o escrivão, deixando a bolsa de moedas tilintar na mesa. - Nos vemos nos Campos, Moicano - ela dá uma leve piscadela e parte. Campos, agora Desmond sabia, era como era chamadas as arenas. Campos da Justiça, onde apenas os favorecidos pelos deuses chegavam ao final.
- E o senhor? - pergunta o escrivão, exigindo o nome e a taxa.

A verdade sempre foi dolorosa. Mas era sempre necessária.

"Eu tinha um contrato para mata-la sim, mas decidi não cumpri-lo...eu me apaixonei por ela, e pela primeira vez decidi algo por mim mesmo" fecho os olhos ao reviver as memórias.

"Quando um contrato da Cinza tem seu período expirado, novos assassinos são mandados para eliminar o alvo e o assassino que não cumpriu a missão. Nessa mesma época, quando o meu contrato expirou, a gravidez dela entrou nos últimos dias. O médico disse que a criança nasceria a qualquer momento"

Relembro os assassinos conhecidos, mas a palavra "amizade" não existia para a Cinza.

"329, 332, 340 e 344 foram mandados e eu lutei com eles na nossa fuga. Nas escadarias do Conselho, debaixo de chuva, matei os quatro mas um deles fincou a katana no peito de Norah no último segundo" abro os olhos e levanto a cabeça.

"Ela deu a luz ali, em meio a tanta dor, e me entregou a criança. 'Cuide dela como um pai, sirva a ela como o samurai honrado que é'. Mais guardas se aproximavam, não queria largar Norah ali, mas ela já não tinha pulso e Megan chorava muito..."

Sinto as lágrimas caírem.

"Quer conhecer a sua sobrinha? Minha...filha"

Quatrocentos, esse era o Número Cinza de Norah, a primeira de uma nova linhagem que seria treinada como uma divisão de espionagem e coleta de informações dentro do próprio governo de Arsin. Uma estratégia extremamente ousada e perigosa, mas que havia rendido à organização conhecimentos que jamais poderiam ter sido obtidos de outra maneira.
A garota por quem N havia se apaixonado fora entregue à Cinza com apenas 5 anos de idade, secretamente, como pagamento por um importante serviço desempenhado pela organização em prol da família. Descendente de uma casa influente em Arsin, Norah Lionheart havia se mostrado um prodígio, aprendendo a manipular suas emoções, esconder seus segredos e fingir ser outra pessoas, tão bem que confundiria N em suas demonstrações.
Norah fora a precursora. E a primeira dos cem a ser executada, como Groover havia revelado a N dois anos depois, mas nenhum dos dois conhecia o real motivo, sendo-lhes misterioso até hoje. Ao menos, para N.

- Mas é claro que eu quero! - exclama Nairah, tirando N de seu devaneio. - Onde ela está? - ela limpa as lágrimas, terminando o Bourbon e deixando o copo de vidro na bancada. Era bastante claro que a garota queria deixar o passado no passado agora. N sabia que ela demoraria para digerir aquilo tudo...

Nem mesmo eu deixou tudo aquilo passar por completo...vamos nos focar no presente.

Deixo uma moeda como pagamento do café e levo Nairah para fora da taverna.

"Ela está com um amigo. Nosso grupo é um tanto grande, já lhe...aviso de que o perigo meio que nos persegue. Então fique de olhos abertos" digo, forçando um sorriso.

Ando pela área de docerias que Thomas e Megan comentaram que estariam.

Alcanço a cozinha cheia de panelas penduradas, colheres de pau posicionadas e o belo cordeiro na manteiga que trazia meus instintos novamente à vida.
Sento na cadeira indicada, olhando para fora da janela por alguns segundos. "O que estarão fazendo agora..?", me pergunto, olhando para a rua que se desdobrava em mais duas e, longe dali, eu via um pedaço do cais do porto.
Começo a me servir, agradecendo efusivamente pela refeição:

- Isso está emanando um cheiro deveras prazeroso para os seres mais olfativos! Obrigada pelo alimento, sr Leopôncio e sua senhora... oh, mais um nome que me foi omitido. - ficou sem graça - Qual seria o nome de sua senhora? - ele emenda o assunto com muitas perguntas - Uh, sou mais uma inventora do que uma piloto, senhor. Venho de Arsin mas isso é um segredo. Inventores tem motivações fortes e poéticas, espero que entenda que eu estar aqui deve ser mantido em sigilo. Estava testando aquela invenção que toma o ar, o que achou? Fomos emboscados por um Rei dos Mares e ele acabou atrapalhando o desempenho da máquina.

* Thomas se acalma, deixando o sangue circular, e deixando sua mente passar a nebulosa de quebrar bêbado naquele local, e voltando sua atenção para Pane diz : *
- Tudo bem... Pane, pode me seguir,e irei levr você até o Samurai, mas primeiro, vou fazer minha inscrição nesse torneio, isso agora é sério, ou eu não me chamo Thomas Ship... Cof, cof, cof... Shiperman.

-Vamos? Pode me indicar o caminho da área de inscrição? Não sei andar por aqui. Estou logo atrás.
* E pega Megan no braço *

Nairah com N para fora do bar e logo o samurai avista Thomas, de mãos dadas com Megan e...acompanhado de uma outra garota. Automaticamente, N percebe os olhos de Nairah marejarem.
- Norah...

Thomas Percebe N saindo com um mulher de um bar, vindo em sua direção. Ele não faz ideia de quem seja.
- Papai! - Diz Megan, correndo na direção de N. - Eu comi um doce muito gostoso!
Pane percebe que aquele era o mesmo samurai que vira no pier...mas não reconhecia a mulher de lugar nenhum.
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- Uau! - Exclama Leopôncio. - Seu segredo é meu segredo, senhorita Aviadora! Você disse Rei dos Mares? uhm... - ele fica pensativo. - Existe uma lenda entre os pescadores daqui...sobre um monstro enorme que ataca os navios pesqueiros...mas até hoje eu pensava que era só história de pescador! Incrível! Hahaha!
- Inventora, é? - Audrey ouve uma voz feminina na mesa ao lado. Quando vira a cabeça, se depara com uma mulher de cabelos castanhos muito longos, usando um vestido com babados elaborados, botas de couro de cano alto e um cartola, que estava posta sobre a mesa, as vestes e a cartola mesclando tons de rosa e amarelo. O que mais chama a atenção de Audrey, porém, é o enorme rifle de precisão apoiado ao lado da cadeira da mulher...um HS-314. A arma dos sonhos de qualquer atirador, capaz de calçar a inacreditável velocidade de disparo de 314 km/h até 1km. HS, claro, vinha de uma brincadeira. Head Shot. - Pra mim está mais para dondoca de mansão - provoca, voltando a tomar seu chá. - Os inventores de verdade vêm para Aria por um motivo bem claro. Guerra dos Cristais. Se esse não é o seu caso, você é só uma filhinha de papai mesmo... - ela termina sua bebida, coloca a cartola sobre a cabeça, o HS-314 sobre o ombro e parte, deixando um sorriso provocativo para Audrey.
Audrey nota que a mulher traz algemas na cintura. Uma policial?
Leopôncio pigarreia, desconsertado.
- Perdoe-a, senhorita Aviadora...a policial Caitlyn é um pouco...estourada..
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- Senhor! Senhor! - o escrivão chama Desmond de volta. - Não é possível participar sozinho, senhor, precisa de mais pessoas. Até sete podem participar. Se o senhor desejar, posso anexar seu nome ao pregão, e outras pessoas que se interessarem podem formar uma equipe com o senhor...ou o senhor pode trazer alguns amigos pagantes - ele abre um sorriso ao dizer "pagantes". Típico. - Eu o registrei como "capitão de equipe", assim como a mulher que estava na fila antes do senhor. Podemos mudar isso caso o senhor deseje...
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Adendo importante:
Todos, com exceção de Pane, ganharam +3k em Peças de Ouro do Conselho como espólio pela batalha contra a Neo FASE

-Te levo ao local das inscrições sim, Thomas.

"Esse cara, ainda não sabe que eu o reconheço, isso é bom"

-Venha, não estamos muito longe.

Saímos da doceria, estava indo em direção a próxima esquina, quando escuto Megan chamar por seu pai. O que me chama muito a atenção ao ver que ela se referia ao samurai. E digo a Thomas.

-O Samurai é o pai da garota? - Meio espantada - E a moça que o acompanha, pode ser sua mãe?

- Obrigado por me mostrar o local.
* Diz dando um sorriso*

- Porquê não pergunta diretamente para ele?
* Thomas faz um sinal com a mão em direção a N o chamando *

- Samurai, essa aqui é uma repórter local, ela tem umas perguntas a fazer para você. Vou ali fazer minha inscrição, qualquer coisa pode me chamar.


* Dá um tapinha no ombro de N, e se encaminha a mesa de inscrição "

- Senhor, vou querer 50. Pretendo fazer mais uma varinha, notei que um companheiro meu se interessou pela guerra dos cristais. Com certeza vou precisar de mais magias utilitárias preparadas. Farei uma varinha com dano melhor, já que tsubaki não está nas melhores condições.

*mostro a varinha de mísseis mágicos quase partida*

- tenho uma "mending" preparada, vejamos se será suficiente.

*conjuro mending sobre tsubaki*

se tiver consertado:

se não consertar totalmente:

- Pois bem chefe, quanto devo ao senhor? nossa, quase esqueço do mais necessário. Uma varinha em tom vermelho... o senhor tem? Acho que Pau Brasil seria perfeito, mas mogno também me serve! E um coldre pra ela por favor.

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após terminar meu serviço na loja, procuro por desmond ou qualquer outra pessoa do grupo que esteja à vista.