Capítulo 1 - Vapor & Arcanina

– Verdade, há dias que não descanso corretamente e usei quase toda a reserva do dia – "Desde o começo de tudo isso." calculou. – Já que está mais perto, chamem quando precisarem de materiais, depois da avaliação.
Fechou seu inventário. Tirou o colete e partes grossas.
– Boa noite, é... equipe.

Com as palavras ditas, o sono cai sobre todos. Um sono agitado, cheio de resquícios daquele dia louco.
N se recorda do esgoto, do cheio fétido daquelas águas negras...da explosão...do desespero que sentiu ao ter sua filha sequestrada, da humilhação na prisão e da recompensa ao reencontrar Megan. A menina dorme abraçada com o pai, o rosto afundado em seu peito, protegida por um abraço carinhoso.
Audrey se lembra de Cornelius, de seus laboratório e invenções...e suas palavras ecoam em sonhos "Eles descobriram cedo demais..vão, corram! Corram!". Ela sonhou com seus pais, seus irmãos e irmãs...sua família..."Escolha sua família"...
Gwen recorda de suas florestas, da brisa que lhe acalma o espírito e das dúvidas em seu coração...ela vê em sonhos um grupo desconhecido, e seu coração parece em dúvida sobre que caminho seguir. Mas sua mente já havia decidido.
Ezreal lembra de suas aventuras, de suas ruínas e desafios...se lembra do dia e que encontrou Gwen, e de como tudo mudara desde então.
Desmond se lembra de seus irmãos, e em sonhos ele é perseguido por uma grande multidão que o bajula, lhe oferece condecorações e lhe apunhala...ele sonha com traição..uma traição antiga e amarga...até que uma luz em forma de menina lhe aquece o peito, e ele sente que está tudo bem. A luz, por alguma razão, tinha a forma de uma Sanna infantil.
Thomas se recorda de Daniel, e em seus sonhos ele lutava em vão contra cinco mil soldados da Nova Fase. Ele via Nero mentir para si, e rir de sua sina. Ele se vê caindo de um poço que ele conhece o final, mas sempre soube que existia...a escuridão, o esquecimento...e então, uma pata o tira do poço, e um leão gigantesco lhe diz "Devagarmente, Thomas...tá tudo bem agora" e ele voa pelo céu, com um rastro de fogo.
Dakato sonha que é jogado num quarto cheio de raposas...e elas se transformam em mulheres muito...muito...atraentes...com orelhinhas de e rabinho de raposas..."Dakato-san" "Dakato-senpai" "Você é tão forte e poderoso, Dakato-Sa-maaa". Dakato baba sonhando.

O sol começa a nascer por volta das 5 horas da manhã, e uma luz fim do amanhecer entra pela fresta da janela quebrada. Sanna desperta quem havia pedido e se prepara para partir.
- Vamos ter um dia bem cheio...às 8hs, voltaremos para cá para pegar os outros, não se esqueçam. Fiquem à vontade para ir onde desejarem. - ela conclui, partindo rapidamente para um bloco de barracões ao leste da cidade.

Meio sonolento, vejo-a despertar algumas pessoas. Acostumada a acordar com o sol nascendo, seria fácil, se o cansaço da noite anterior não pesasse ainda em meu corpo. Ainda sim, sento espreguiçando e alongando os braços. Nille ainda dormia profundamente, porem não o desperto, deixaria-o sonhar por mais um tempo.

Acordo, feliz pela minha filha estar do meu lado ali, dormindo tão tranquilamente.

Beijo a testa de Megan e me levanto quando Sanna me chama.

"Sanna, preciso ver o mapa de novo. Das construções quais são as mais altas? Precisaria saber quantos veículos vocês possuem e se há possibilidade de carregarmos escombros com facilidade" não enrolo para começar a planejar. A noite de sono me foi suficiente para raciocinar ativamente já de manhã.

- Essas nesta região certamente são as mais altas, se o que busca é um ponto de observação - Sanna aponta 3 estruturas em meio aos barracões, uma delas localizada há menos de 10 metros de onde vocês estão agora, semelhante a um edifício bem velho. - Quanto aos veículos, não temos quase nada, na verdade...temos apenas a van de Todd, que ficou bem acabada com o resgate...e...bem, talvez você encontre alguma velharia na Oficina, pra onde levaram o pássaro voador. Bem aqui - ela aponta a localização no mapa.

"Os escombros da cidade de cima que caíram podem servir" digo a Sanna e procuro pelas entradas da cidade.

"Podemos bloquear algumas ruas e deixar apenas uma liberada. Vamos obrigar os soldados da Fase a afunilarem seus esquadrões e passarem por um único caminho. Quando eles estiverem na rua liberada, lançamos escombros de cima desses edifícios. Mesmo que muitos deles sobrevivam a esse primeiro ataque, eles estarão confusos e a poeira lhes tirará a visão"

- Termópilas... - pondera Sanna - Pode ser uma ótima estratégia, realmente, mas...como bloquearíamos as outras ruas?

"Usem doton meu poooovo, magia de teeerra.... " - crise de sonambulismo telepático.

"Estou falando de bloquear todas as entradas com escombros e...terra, como diz o sonambulo ali. A única entrada precisa ser bem óbvia para eles"

Aponto no mapa.

É uma boa ideia, falarei com meus homens para iniciarem os bloqueios imediatamente. Usaremos um dos nossos infiltrados para convencer os líderes das tropas da FASE a seguirem pela termópila - Sanna parece pensativa. - Talvez um único caminho seja óbvio demais...tentarei com dois ou três, ou o plano pode falhar facilmente.

[o resto do grupo está livre para agir, não vou considerar as 8hs necessárias de descanso, essas 5-6 já estão de bom tamanho]

*me ergo estalando o corpo inteiro*

- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhh - me espreguiçando e praguejando mentalmente.

- Cara... preciso de uma massagem.... Simbora meu povo, ,ACORDA PRA CUSPIR!!!!!

Estava novo. Assim que despertou, sentiu, nem o desconforto das feridas ou, tampouco, o pesar da tragédia do dia anterior.
Levantou com a fala distinta do tecnomago. Apenas a irmã e o guerreiro estavam ausentes, provavelmente já maquinavam sobre o mapa que ele havia visto na noite passada. A ruiva ainda dormitava, como num sono de beleza, ele sorriu por dentro.
"Hehe, quero ver a cara dela quando perceber que aqui não existe isso. Vai acordar um bagaço."
Arrumava seu canto, prática aprendida na vida como moleque de rua e soldado de acampamento.
Esperou os demais levantarem. Até o tigre ainda dormia.

- Não sei quanto aos senhores. estou com fome. Ficou alguém da liderança aqui?

*reviso os meus pertences, afinal, nunca se sabe*

Vejo a mansão, homens e mulheres em roupas suntuosas. Estou de volta ao dia em que encontrei a pistola.

Uma de minhas irmãs desce a escada com seu longo vestido de cauda, pregas e um corselet à mostra, cheio de pequenas rendas. Ela estava linda, descendo sorridente e acenando, mas aquilo não me empolgava.
Estava debaixo da mesa, comendo um pequeno doce todo enfeitado com açúcar branquinho por cima, me escondendo das possíveis fotos que fossem exigidas e pelas apresentações chatas.
Meu pai conversa com homens de farda.
Minha mãe conversa com duas Ladys recém iniciadas ao mundo da Aristocracia e a Duquesa Dareny, uma mulher de cabelos castanhos, olhos muito maquiados e uma boca muito fina e desproporcional. Apesar do estilo muito refinado, Dareny estava querendo reunir mulheres para trabalhos em uma fábrica que a sua família havia inaugurado.
De repente, minha mente salta para a pistola escorregando para debaixo de uma outra mesa, do outro lado da que eu estava. A sensação de ter um achado só meu... o medo do assassinato havia passado por alguns segundos, era o primeiro momento de Cat Audrey. Meu estrelato não demoraria muito, os dias mais felizes da minha vida só teriam que esperar alguns anos.
Corri sorrateiramente, a balbúrdia acontecendo. Minha irmã Abby, recém debutada, deixava a maquiagem borrar pelas lágrimas. "Está tudo arruinado", ela gritava chorando, sujando a luva branca de seda.
Quando alcancei a arma, tudo se esvaneceu e estava ali, desenhando uma pistola nova com meu amigo Cornelius. Ele me dava leves tapinhas nas costas parabenizando meu feito. Havíamos unido o útil ao agradável e graças às diversas histórias, lendas, teorias e informações que eu colhia, Cornelius dava mais identidade e criatividade para cada projeto.
De repente, eu estava com o corpo dolorido. O oriental gritava alguma instrução que eu não ouvia. O mundo explodia fora de Epoch e caíamos. Cornelius praguejava que era cedo demais, mas eu estava pronta para o que viesse.

Acordei sobressaltada. Os olhos procurando a cabeceira com o lindo abajur. Tateio a parede fria e velha e me lembro de onde estava. Havia dormido tão encolhida debaixo do fino pano que me protegera do frio da noite naquela espelunca que agora doía um pouco o corpo. Não havia sido um sonho muito acolhedor.
Puxo o corpo, me sentando enquanto rotaciono para observar quem estava ali. O coração levemente acelerado em um misto de felicidade e espanto. Seria essa a sensação de um aventureiro?

Confiro a mochila, munições, tudo o que eu carregava, deixando meus olhos pousarem pelo diário semi-aberto com uma pequena caneta fazendo peso.
"Eu peguei no sono enquanto escrevia... oh, Eli, obrigada pela noite de descanso, mas pelo menos me permitisse fechar o diário! As confissões de uma dama... não devem ser lidas por alguém".
Um pouco envergonhada e sentindo o rosto avermelhar, guardei o diário na mochila, tentando me situar.

*noto a presença de quem está na sala*

"minha nossa, o grupo não é tão estruturado assim. precisaríamos de alguns anos para que o lugar inteiro pudesse andar com as próprias pernas, tanto em poderio militar quanto em capacidade de pesquisa... sinceramente, espero que valha muito a pena."

*caminho próximo de onde estão desmond e tohmas me agachando ao chegar*

- Os senhores são militares correto? Creio que talvez eu não saiba muito bem a categoria deste grupo no qual nos engajamos. Espero que entendam, sou estrangeiro, e é muito provável que esta nem seja minha luta. Algum dos senhores tem um pouco de história pra me contar enquanto caçamos comida por aqui?

- Acho que Desmond pode contar a origem da Malha tão bem quanto eu - Sanna sorri. - Preciso ir, agora, ou talvez não tenha tempo de reunir todos - ela parte.

Os outros membros do grupo começam a despertar, observando Dakato e N terminando de conversar com Sanna, enquanto Desmond confere seus pertences. Todos reparam que suas coisas estão intactas, o ue lhes dá certo alívio.
Nas mãos de N, um mapa indica todoa os pontos da cidade, com marcações em vermelho que indicam os locais mais elevados, as ruas mais estreitas e o ponto ende Epoch está guardada, quebrada.
Pelo que vocês sabem, os recursos são poucos,tanto em pessoas, quanto em material bélico. A vantagem de terreno deveria ser aproveitada ao máximo para que tivessem alguma chance... seria um esforço hercúleo vencer uma batalha tão difícil, mas os olhos faminfos daqueles órfãos, e a tristeza de ver uma cidade tão miserável estar prestas a ser explorada balança seus corações. Talvez valesse a pena...
A manhã os desperta por completo, e o cheiro de café noturno ainda permeia a cozinha. Vocês sabem que ainda há comida na cozinha e tempo para um rápido desjejum. Vocês têm três horas para fazerem seus preparativos antes de voltarem a se reunir na casa. O local onde está Epoch fica há menos de 10 minutos dali, caso queiram conferir. Vocês estão livres durante essas duas horas.

Levanto e realizo as necessidades pela manhã. Ja disposta e devidamente vestida e alimentada, me aproximo um pouco que discretamente do grupo que debatia perante ao mapa e escuto parte do plano.

- Se me permitem... - Chamo a atenção em um tom baixo, para mim. - Enquanto as medidas defensivas são elaboradas.... não há uma maneira de movimentar as pessoas que não podem lutar para outro lugar? Quem sabe pelas estruturas subterrâneas como esgotos ou cavernas... que haja embaixo da cidade ?

Gwen percebe pelo mapa nas mãos de N que sim, há um abrigo subterrâneo, mas ele não leva para fora da cidade. Porém, se a intenção fosse esconder e proteger os mais fracos, seria um plano perfeito. A chave para abrir a porta secreta que levava para o esconderijo, aliás, era aquela mesma que Ezreal detinha (você sabe disso porque o ponto no mapa é o mesmo do qual Sanna havia comentado com Ez).

- Estou pronto senhores. Não se o que faremos exatamente, mas creio que envolva mais mortes. Odeio essa parte do trabalho, ter que matar gente burra...

"A morte é somente um resultado..." murmuro em resposta a Dakato, deixando meu treinamento falar por mim. "...pensei em usarmos o terreno ao nosso favor. Pegar os escombros do continente superior e joga-los do alto no meio do esquadrão. Estava comentando com Sanna que podemos bloquear as entradas da cidade, deixando somente um ou dois caminhos óbvios, lhes obrigando a formarem esquadrões menores que vão atravessar um de cada vez ou um grande único esquadrão"

Aponto para os pontos que poderiam ser bloqueados.

"Aqueles que podem atacar mais de um inimigo de uma só vez, a distância, serão essenciais...quantos de vocês podem fazer isso?" digo, concentrado no mapa.

Me levanto, utilizo o banheiro e lavo rapidamente meu rosto. Passo o batom de leve nos lábios, até que me lembro que não estava em casa. "Oh, Eli, como é difícil se acostumar...", penso, terminando de delinear os lábios com um batom vermelho, combinando com o cabelo.
Saio, com a roupa mais arrumada. Por sorte, havia uma muda de roupa em minha mochila. Uma camisa de cor vinho, o corselet negro com tachinhas douradas, os cintos cruzando a cintura, dando lugar para as pistolas e a warhammer nas costas junto com a mochila. Prendi o cabelo, deixando as pontas cacheadas escorrerem pelo ombro e a franja alinhada. Coloco luvas que alcançam o cotovelo. A da esquerda possui um relógio e um pressurizador, puro capricho de uma aprendiz de inventor.

Saio, observando o que todos estão fazendo, já estando pronta para o que viesse. Vou em direção à cozinha para fazer alguma refeição. Meu estômago já fazia barulhos indecentes para uma lady... não que eu gostasse de me sentir assim.
"Espero aprender a me portar melhor com essas pessoas... talvez... eu me encontre nessa aventura", penso, enquanto calculo o que deveria fazer para consertar a Epoch.
O sapato se manteve o mesmo.

– Me forneçam uma boa cobertura ou qualquer proteção contra os tiros deles que eu garanto muitas explosões – Pronunciou-se o granadeiro. E melhorou o plano. – Se os escombros forem apertados o suficiente, posso jogar ácido em tudo. Vão ser obrigados a parar de avançar, em transporte ou não, aí é só cercar – Sabia como funcionaria. Estranho explicar, já que os integrantes de seu antigo grupo de operações conheciam bem suas táticas. – Só que precisarei de um laboratório para produzir quantidades maiores. Sanna, onde você tem trabalhado? – Pediu para a irmã, com aquele jeito que ele tinha desde criança, como quem diz "Me dá isso!?".

Me preparai desde ontem com magias de àrea, se me derem cobertura também consigo matar bastante gente com minhas explosões

- Posso atrapalhá-los... neblinas, prende-los, tenho meios de mandar mensagens se formamos grupos, posso ser de ajuda.... - Faço uma pequena pausa, pensativa ainda, então retiro a chave do bolso, colocando acima do mapa. - Permitam-me antes, levar o máximo de pessoas ao abrigo improvisado... Assim posso voltar a posição que me destinarem, alem de trazer o máximo de reforços que conseguir entre a população daqui....

A serva da natureza tem razão. Quanto menos civis morrerem nesta operação melhor...