Fragmentos 7o Capitulo

1o Ato - Ordem e Parlamento

"A Torre da Ordem é o lar do Parlamento. É onde as decisões mais importantes do nosso mundo são tomadas.
Já tem uma pergunta Mary?
Não, eles não tem um super jato pequenina.
Tudo bem, como eu estava dizendo..." Alionel Clark, professor de ensino fundamental. Trecho de aula gravada. Ano 10 da Ordem.

"Então deixa eu recapitular: O portal foi aprontado por alguém desconhecido para que eu e meu irmão viéssemos a essa época e ajudássemos a Ordem de alguma maneira...mas se nem mesmo a Ordem sabe o que deveríamos fazer, eu tenho que descobrir sozinho"

"Exatamente" respondeu Kyra enquanto os dois andavam sozinhos pelos corredores.

"Ahhhhhhhh! Isso é confuso! Os rebeldes disseram a mesma coisa"

"Cabe a você decidir quem está certo"

"Não ajuda" suspirou Acaiah

"Aqui é seu alojamento senhor. Por favor se sinta a vontade para deixar seus pertences e..." neste momento Kyra ajeitou seu cabelo escuro para trás. Acaiah não havia notado ainda que ela era muito bonita "...vai encontrar ai o seu uniforme. Descanse se puder e me encontre no meu escritório assim que sair daqui"

Enquanto Kyra se afastava o garoto encarou a porta cinza por longos segundos. Ela se abriu automaticamente e logo se fechou atrás dele quando entrou.
Era um comodo pequeno, mas o estado de extrema limpeza impressionou Acaiah. Possuindo apenas um guarda-roupa pequeno, cama de solteiro e uma escrivaninha (da qual tinha uma série de instrumentos para escrita e um notebook). O segundo comodo era um banheiro simples.

O uniforme negro em detalhes laranja estava dobrado encima da cama. A insignia da Ordem estava igualmente estampada como em todos os uniformes daquela torre. O simbolo agora parecia estranhamente familiar para Acaiah. A cabeça dele começou a latejar mais fortemente.

"Acho melhor olhar esse machucado na cabeça. Espelho, espelho, como deve estar parecendo?"

Assim que se encarou no espelho percebeu como seu rosto foi castigado pelo desmoronamento do teto: arranhões e alguns hematomas, mas a região com certeza mais feia Acaiah não teve coragem de tirar a bandagem e olhar. Não era alguém que gostava de ver sangue ou algo do tipo.
Esbarrou em algo e esse algo caiu da pia.

Acaiah se abaixou para pegar o gravador que derrubou. Curioso, apertou o play.

"Olá caro membro da Ordem. Sou Dareq e venho lhe trazer a verdade" o garoto estancou "Acaiah, deixa eu te explicar umas coisas a mais agora" ele foi para o quarto e se sentou.

"Isso tudo foi de propósito, digo, você ir para a Ordem. Nós, a Resistência, estamos te colocando ai para ser nosso infiltrado. Não sei se já conheceu Kyra, já deve, ela é um dos nossos agentes infiltrados. Sua missão é importante garoto. Não pude gravar muita coisa pra te mandar, mas já te aviso: não caia na ladainha desse pessoal. Esse papo de paz mundial é balela. Eles são tiranos! Você viu a baixa Parnaq, você viu os monstros invernais...boa sorte garoto. Kyra vai te passar as ordens depois disso"

Acaiah apenas colocou as mãos no rosto e suspirou mais uma vez.
Queria voltar pra casa, onde ele não tinha que escolher nada...mas se lembrou que as escolhas sempre foram conflitantes em sua casa.

Bufou.

Fim do 1o Ato

2o Ato - Novas opções

"O projeto Neo é incrível! Podemos finalmente ajudar os feridos da última guerra. Sinto que estamos cada vez mais perto de um mundo finalmente ideal. A Ordem realmente é capaz de grandes coisas.
Amanhã faremos mais testes, mas tudo indica que é um sucesso" Diário de cientista do projeto Neo. Ano 1 da Ordem.

"Chefe?"

"Claro, sente-se Alex. Posso te chamar de Alex né?" dizia Elize no mesmo tom sussurrante enquanto preenchia um formulário.

Alexander não respondeu e apenas se sentou. Não tinha muito equilibrio ainda graças aos braços, então esbarrou em uma caneca e a derrubou da mesa, espatifando no chão.
Elize não pareceu se importar.

"Muito prazer Alex. É ótimo recebe-lo em Hill" estendeu a mão para ele. Relutante, e desconcertado, Alex deu um aperto de mão (fato que o intrigou muito, pois podia sentir a mão da garota como se aquele braço fosse realmente seu).

"Sua ficha é intrigante Alex. Não tem praticamente nada hahaha" e logo em seguida pegou um pequeno martelo e bateu com força no indicador direito robótico

"Ei!" esbravejou ele tirando o braço do aperto de mão.

"Hummm, então a sensibilidade ainda está intacta. Então o tal projeto Neo foi um sucesso"

"Projeto o que?"

"Você só pergunta garoto? Quantos anos tem?" caçoou ela e voltou a preencher o formulário.

Ela escreveu por mais dois minutos. O comportamento dela, a forma em que segurava a caneta, o jeito susurrante de seu falar, aquilo tudo ao mesmo tempo irritava e intrigava a Alex. Mas ao mesmo tempo sentia quase um temor de que a qualquer momento ela irromperia em alguma ação aleatória e devastadora. Seus olhos vermelhos apenas colaboravam com esta impressão.

Repentinamente entregou o papel a Alex
"Tome. É tudo o que sabemos sobre você"

Alexander pegou o formulário e, ao mesmo tempo olhando de soslaio para a garota, leu o conteúdo: havia apenas o primeiro nome dele, algumas informações sobre tipo sanguineo, aparencia fisica e...uma nota da própria Elize "Estranhemente caóticamente apreciavelmente interessante".

Ele não se dignou a perguntar, porque ele já havia desistido de alguma coisa lógica sair daquela garota.

"Vá para o quarto andar. Vão lhe apresentar o pessoal e te dar algumas informações se quiser. Tenha um bom dia querido!" disse ela apontando para a porta.

Alex se levantou e deu meia-volta em direção a porta, mas Elize assobiou.
Elize apenas piscou com o olho direito e abriu um grande sorriso. Alexander teria ficado congelado ali se ela não abaixasse a cabeça e começasse a escrever novamente.

...

"E então. Como foi com a chefe?" perguntou Romanel, que esperava do lado de fora

"Perturbador" foi tudo o que Alex pode responder.

"Normal. Lembro que fiquei semanas divagando e pesquisando sobre como os olhos dela...bem, acabei tendo que perguntar a ela mesma. Sabe o que ela me respondeu?"

"Não"

"Nada. Ela apenas me ignorou. Apenas tive que admitir de que ela é uma das pessoas mais inconstantes que já vi por aqui, mas é a mais confiável com certeza"

"Claro"

Os dois começaram a andar lado a lado rumo ao elevador central do prédio.

"Parece mais tranquilo colega. Acho que descobrir os braços foi um choque"

"Ela falou algo sobre projeto Neo"

"Ah, ela citou isso? Bem, tudo que sei é que se trata de um projeto do governo e que envolve robótica. De resto, tudo sigiloso"

"O governo da Ordem?"

"Exato. Seja lá o que fizeram com você. Ou você se tornou apenas uma cobaia ou eles tem algo planejado e só te mantem aqui pra te controlar por um tempo"

"Não gosto de nenhuma das opções"

"Opções novas surgem o tempo todo Alexander. Não deixe isso te levar por enquanto. Isto aqui não parece uma prisão, e tenho um bom pressentimento sobre você"

O elevador se abriu e os dois entraram

...

Fim do 2o Ato

3o Ato - Mortos de Guerra

"A Armada Cinza tentou tomar o controle da Ordem.
Falhou miseralvelmente.
Os dissidentes e ramificações desta Armada geraram tantos conflitos que quase todos os grupos foram obliterados. Somente um tempo de grande necessidade uniria este pequeno exército novamente" 'O Conflito dos Tempos', livro de história, ultima atualização no ano 10 da Ordem

"Vai precisar pular Mya. É bem fácil, apenas corra para pegar impulso" disse Blue logo depois de ter saltado da janela do prédio e aterrissado no terraço do outro.

"Mas...é alto demais" a jovem asiática se referia ao fato de que estavam provavelmente no vigésimo andar daquele edificio.

"Você não disse que era atleta? Ou é só covarde mesmo?" a garota de cabelos e olhos azuis já começava a se irritar (ou pelo menos aparentava).
Mya sempre dizia com orgulho que antes de sair do clube-sociedade há três anos atrás, era a melhor ginasta de todas e que praticava ainda todos os dias os inúmeros e pesados exercicios fisicos. Isso tudo era verdade, mas ela havia perdido a confiança em si mesma quando foi surpreendida e atacada pelo zumbi. Os ferimentos haviam se fechado a muito tempo, mas o corte no orgulho não.

Aparentemente a provocação de Blue despertou o efeito desejado. Sem dizer mais nada May correu e saltou pela grande janela sem vidro do prédio. Atravessou a distancia com folga, mas caiu de mal jeito na aterrissagem (deixando a perna esquerda bem dolorida).

"Muito bem olhos-puxados. Vamos! Temos uma visão bem melhor daqui"

...

Uma semana havia se passado desde que haviam chegado na cidade-sem-nome e desde então a névoa não se dispersou e a chuva de cinzas caia esporadicamente durante esses dias.
Haviam encontrado o bando de Jack o Louco mais algumas vezes, mas nenhuma casualidade ocorreu em ambos os lados.
A Armada Cinza estava praticamente entricheirada em uma esquina, pois por qualquer lado que avançassem os tanques Lycan atiravam. Era estranho, porque a qualquer momento Jack poderia ordenar um ataque definitivo, mas não fez nenhuma menção disso além de cerca-los. Com certeza esperava algo, mas Jonah não sabia o que.

O doutor Tyran terminava de enfaixar o braço de Olaf com a tala no caminhão-hospital. Já era a milésima vez de que falava como a recuperação do ferimento era impossível e milagrosa e era a milésima vez em que Olaf não parecia se importar muito com isso.

"Não vai poder atirar ou fazer algo muito brusco por enquanto, não abuse da sorte garoto" disse o médico ao terminar o curativo.

"Onde estão todos?" perguntou o jovem Phoenix.

"Jonah está no caminhão-um pensando no próximo movimento. Blue e a sua amiga Mya estão se esgueirando pelos prédios pra analisar o bando do Jack. Os outros estão montando guarda lá fora".

...

"Está vendo ali? São três tanques ao redor daquela praça, então com mais dois que fecham as ruas, eles tem cinco Lycans. Mark foi idiota em ter destruído aquele primeiro"

"Mas ele salvou meus amigos, valeu a pena" retrucou Mya.

"Claro" debochou Blue.

A garota-azul observava com a escopeta da sniper e May com o binóculo que carregava consigo desde Babel.

"Não parece ser muita gente" indagou May.

"Mas é gente bem armada" respondeu Blue pegando o rádio da cintura.

...

Olaf conseguiu descer da traseira do caminhão após uma longa sessão de bronca e avisos por parte de Tyran. Todos estavam lá fora (até mesmo Jonah), menos Blue e Mary, e reagiram com uma mistura de alegria e espanto, mas era Marah que parecia a mais feliz pela recuperação impossível do jovem Phoenix.

"De volta a ação Phoenix?" Mark deu um tapinha nas costas de Olaf.
"Sem atirar por um tempinho, mas dá pra ajudar" disse Phoenix sem parecer se importar muito com a situação "E os tanques?"

"Na mesma" respondeu James, apontando com seu rifle de precisão para uma das duas ruas, atrás da barricada improvisada com detritos.

O rádio começou a chiar na cintura de Jonah. Todos reconheceram a voz de Blue que vinha em seguida:
"Comandante. Assumimos posição. Câmbio"

"Comandante na escuta. Relatório. Câmbio" Blue rapidamente reportou tudo o que podia enxergar do alto do prédio "...espere, dois Lycans estão se movendo. Acho que Jack entrou em um deles. Estão indo na sua direção. Câmbio"

Jonah apenas apontou para sua tropa e em segundos todos estavam posicionados: os soldados estavam nas duas barricadas junto com James, Frank e Olaf (que segurava apenas um revolver). Lianna e Tyran entraram no caminhão-hospital e observavam tudo pela pequena janela lateral do consultório.

O som reverberante dos tanques aumentava rapidamente. Assim como o grito estridente dos zumbis invernais.

Fim do 3o Ato