Fragmentos 13o Capítulo

"O Composto é o mais misterioso e promissor elemento já encontrado até hoje. Se temos algo a esperar dessas novas descobertas é esperança e grandeza para a humanidade..." Primeira declaração do renomado cientista Victor sobre o Composto em 2023 D.C

1a Luta - A visão

Acaiah acordou quando sentiu as pontadas de dor em seu ombro direito e suas costas. A cabeça doia e o teto parecia girar como a pá de um ventilador. Levou cinco minutos para se recuperar e levantar.
"Que lugar é esse? Como...como vim parar aqui?" pensou o jovem olhando ao seu redor. Acaiah via um corredor inteiro cheio de computadores e mesas de escritório, todas abandonadas. Observava ao mesmo tempo em que as memórias começavam a voltar ao seu cérebro.

De alguma forma inexplicável ele havia conseguido jogar o guarda para dentro do helicoptero mas não conseguiu alcança-lo. Caiu.
"Caí...caí...mas eu vi..." os segundos em queda livre pareciam ser milênios mas já havia sentido o formigamento na região dos olhos naquele mesmo dia durante o discurso.
Virou-se para olhar a parede de vidro estilhaçada e lembrou-se como havia visto o único lugar naquele mar de prédios que havia uma janela de vidro. E por último se deu conta da grande quantidade de espuma ultra-resistente que havia abaixo de si quando estava deitado.

O grito estridente dos invernais zumbis tomou o silêncio do prédio para si.

Acaiah viu de relance o borrão amarelado que eram os zumbis que entravam pela escada de incêndio "Mas nem aqui caramba!? Essas coisas não param nunca?" correu e passou por quatro ou cinco escritórios até se ver preso em frente uma outra das paredes de vidro do prédio com os monstros o alcançando.
"Vai Acaiah seu covarde. Vai seu idiota. VAI! VAI!" mas não conseguia mover os pés. Fechou os olhos e inspirou fundo, deixando o formigamento em seus olhos tomasse todo seu corpo.

Estava na rua, mais precisamente numa avenida e encima de uma elevação feita de escombros de carros, com um revólver na mão e uma pilha de invernais mortos a sua frente. "COMO EU FUI PARAR AQUI?" Acaiah começava a se questionar se não estava sonhando.
As memórias voltaram naquele momento como um soco no estômago.
"Eu pulei pela janela, me segurei na corda de aço do guindaste, saquei o revólver e atirei nos zumbis no ar naqueles que tinham saltado também, desci pela corda até o guindaste e desci até a rua, continuei atirando e...eu liderei esses soldados da guarda que sobreviveram pra repelir os invernais que queriam entrar nessa avenida...como...COMO?"

O soldado mais próximo gritava para o jovem mas Acaiah não conseguia escutar uma única palavra, envolto numa surdez de batalha e embriagado em seu próprio misterioso potencial nunca explorada até aquele dia. "Alex, se pudesse me ver hoje..." Quase chorou. Acordou da confusão com o som do helicóptero da equipe de televisão que filmou tudo. "Os outros!?"

"Senhor! Senhor! É o capitão Leor!" o soldado gritava e estendia um obsoleto rádio-comunicador.
Acaiah pegou aquilo que parecia um telefone e disse com uma voz embargada e grave.
"Capitão?" o rádio emitia tanta estática que parecia prestes a explodir.
"Acaiah...Ordem? Aqui...capitão Leor, eu sou o...pelo seu resgate. Dirija-se a área...para que possamos...extração. É o objetivo...da...senhor" a interferência cortava partes da fala do piloto.
"Repita onde é a área capitão!" O ruído era alto o suficiente para fazer a cabeça do jovem doer. "Ou será que é por outro motivo?"
"Praça...na região arborizada da...deve estar a...quarteirões dai..."
"Ok capitão, estamos indo" Acaiah devolveu o transmissor e encarou os cinco soldados que estavam a sua frente. Eles usavam a roupa padrão de guarda policial de Parnaq, um traje de corpo inteiro de cor cinza-claro e o símbolo losangular da ordem no ombro direito. O traje de oficial da Ordem de Acaiah era preto e tinha o símbolo bem maior na região do peito. "É quase o mesmo traje...é tudo igual".
"Pessoal, vamos fazer uma grande corrida agora. Mantenham a cabeça baixa e só atirem se for extremamente necessário. VAMOS!" Acaiah vestiu sua máscara de líder, uma persona que ele inventou desde que começou a treinar com Jhon, e liderou os soldados na corrida pela avenida...

Fim da 1a Luta

2a Luta - Somos todos fracos

A primeira missão tinha sido fácil. Era apenas um simples ricasso que deveria ser silenciado definitivamente. O tempo médio que cada assassino levaria para uma missão daquela categoria era de duas horas, mas N terminou em quinze minutos.
Assassinato era sua paixão, sua vida e sua vocação perfeita.

Tudo mudou depois de conhece-la.

...

N sentia a cabeça flutuar e ao abrir os olhos viu tudo embaçado. Relaxou quando reconheceu o vulto de sua filha Megan.
"Está bem baixinha?" murmurou. A garota abraçou o pai tão forte que quase o sufucou novamente.

"Deixe ele descansar Megan. Seu pai aguentou um bocado ali" era a voz de Daniels mas N não conseguia enxerga-lo.
Ele se permitiu fechar os olhos e descansar.

Sonhou com o passado.
...

"313! Mas o que é isso?" gritou o oficial careca da CINZA. Era o responsável pela Terceira Companhia de assassinos daquele regimento.
"Livros senhor..." 313 era o mais perto de um melhor amigo que N possuiu. Meio ano mais novo e dois dedos mais baixo que N, possuia olhos vivos e esverdeados enquanto N tinha simples olhos e cabelos negros.
"Sim, eu sei o que são livros seu paspalho. Estou falando de que tipo de livro é esse" Marko seguia a política da organização a risca. "Contos de fadas 313? Quer virar uma fada agora é isso? Se ponha no lugar!"
N havia alertado o colega a não roubar aquele livro na última missão.

"Por conta do comportamento indevido de seu colega, todos vocês vão ficar sem almoço e o treino de resistência vai ser remarcado para hoje"

N se lembrava de não ter ficado bravo com a punição, mas os seus colegas não pensaram como ele.

313 morreu dois meses depois em uma missão que falhou.

...

"Daniels não é? O bilionário?" o caminhão já não se movia com tanta velocidade e o motorista havia avisado que estavam entrando em uma zona mais segura. Megan dormia e N se recuperava. "Mas que dia maluco..." Larq se sentia num sonho desde que havia recebido a notícia da morte do amigo.

"E você é?"
"Larq"
"Isso é um violão garoto? É um desses músicos de jazz que só andam de terno por ai?" Daniels esboçou um sorriso mas sua expressão era de cansaço.
"É um baixo e...bem não, eu tinha uma banda mas um dos integrantes foi baleado" disse com uma voz embargada. O velho Daniels pareceu ter compreendido algo de súbito e colocou o indicador sobre a boca, pedindo silêncio.
"Não. Seguro" moveu os lábios e fez um aceno com a cabeça para onde o motorista estava.

"Nenhum lugar é seguro...Nem Parnaq"

Fim da 2a Luta

3a Luta - Abaixo de todos

Alexander havia decorado os caminhos do subterrâneo de Parnaq próximos a prisão mas ele não pretendia seguir essa viagem deste ponto e sim mais a frente onde os prisioneiros haviam ido. "Pra onde...pra onde?"
Alex sabia que com todos aqueles guardas o acompanhando toda a missão corria o risco de dar errado.
"São uns doze...tenho balas suficiente pra todos? Eu conseguiria matar quantos antes de recarregar?"

"Ei! O que é aquilo?" gritou um dos soldados mais ao fundo da fila. O grito estridente dos invernais marcou a disparada de todos. O rio de zumbis amarelados começou a inundar os túneis, obrigando ao grupo a seguir em frente pois todos os corredores laterais escorriam de monstros como um rio em seca após chuva forte.

Dois dos guardas tentaram parar e disparar contra os zumbis mas foram quase instantaneamente retalhados pelas garras dos monstros. Os outros pareciam dispostos a chorar e largar as armas ali mesmo.
"Atirar e correr seus idiotas!" gritou Alex disparando sem mirar com um giro rápido e seguindo a correr. Não se sentia cansado. Nem ao menos suava.
Os soldados restantes seguiram a ordem e atiraram ao mesmo tempo em que corriam. Quase nenhum tiro poderia matar mas mantinha os zumbis longe o suficiente para correr.

O túnel principal se encerrava num portão de aço aberto. "CORRAM SEUS MALDITOS!" Alex esperou do outro lado do portão até o último homem e fechou o mesmo com a interface rústica e definitivamente tracando-o com um soco metálico.

"Tá todo mundo bem? Alguém ferido?" o silêncio era assustador. "O que foi?" disse ao se virar e encarar os dois pontos vermelhos na escuridão do túnel apagado a frente.
Alex só conseguia enxergar a silhueta da fera que andava de quatro patas e tinha a cor tão negra que a escuridão dos esgotos pareciam com a luz do sol em comparação.

"Atirem. Fogo. Fogo" os guardas dispararam e Alex tentou fazer o mesmo mas suas últimas balas haviam sido gastas na corrida até o portão. A fera corria e abria sua gigantesca bocarra com dentes brilhantes e afiados. E corria. Corria. E saltou.

Instintivamente Alexander levantou os braços para se defendes, até mesmo se esqueçendo de que aqueles mesmos braços não eram dele. E então sentiu a pele metálica se retorcer e formigar como num arrepio gelado, com um zumbido grave e súbito.
Abriu os olhos com a fera encravada em seus dois braços. O invernal saltou para trás e se libertou de Alex, jorrando sangue negro por todo o lugar.
Os guardas não conseguiam continuar atirando.

Alex estava estupefato olhando para os braços. Não eram mais braços e sim duas lâminas gigantescas parecidas com espadas medievais. Quase não viu a fera cambaleante correr para um novo assalto.
O zumbido foi ainda mais grave. Sua mão direita agora era um martelo que ressoou no queixo do monstro com um movimento natural de combate em que se esquivou girando e embalou o monstro com uma martelada mortal.

"O que eu sou?"

Fim da 3a Luta

4a Luta - Essa não é minha luta

Lianna correu por inúmeras vielas e corredores escuros. Estava desnorteada e tinha somente os tiros e gritos dos invernais como referencia de qual direção deveria evitar.
Estava se sentindo cansada e a torção de tornozelo parecia mais real a cada passada. "Não posso parar. Não posso parar..."
Tropeçou e ficou ali naquele chão úmido por uma aparente eternidade, com o olhar desfocado por conta do estresse e cansaço.

"Acho que não é hora de dormir" era a voz de Dareq mas Lianna só conseguia ver um vulto escuro e dois pontos vermelhos flutuando sobre ele. O vulto ergueu o braço e uma rajada de cores escuras surgiu. Os movimentos da sombra eram fluídos e rapidos o suficiente para que derrubasse dois vultos amarelados.
"Vou ter que te carregar pelo visto. Feche os olhos" mas Lianna já dormia um sono cansado. Sentiu-se ser abraçada por sombras gélidas.

...

Mark sabia dirigir tanques, então pilotou o tanque que liderava o caminho com Lorne de co-piloto. Os Lycans eram tanques velhos e pequenos mas extremamente resistentes e rápidos em terreno irregular.
Jack dirigia o segundo tanque com um dos seus mercenários, um adolescente que era chamado somente pelo apelido: Torreta.
Blue dirigia o terceiro Lycan. Sem dizer uma única palavra o conduziu no fim da fileira: o último tanque que invadiria a flutuante Parnaq.

"Estão vendo aquela elevação de ar? As pedras voando?" Mark dizia no rádio com um chiado irritante. "Vamos dar a volta na espiral da direita e pegar essa corrente. Mas vamos precisar de velocidade...a passagem está bloqueada"
"As minhas palavras favoritas" Jack parecia animado diante de tamanho risco. "Parece até como os velhos tempos"
"Não comece Jack..." Mark parecia melancólico no rádio. O silêncio dominou sobre eles e Olaf se viu extremamente desconfortável naquele pequeno cubiculo de equipamento que era o tanque.

"Seu braço" eram as primeiras palavras de Blues desde que quase matara Jack. "Já está inteiro?" disse sem desviar o olhar do monitor interno. Os dois tinham estavam de costas um para o outro então Olaf não teve receio de exibir seu desconforto através da sua expressão facial.
"Sim. Já está bem melhor. Posso atirar, não se preocupe" tentou dizer em tom monocorde.
"Bom..." e voltou a sua casca de silêncio.

"Em 10 vocês aceleram e me seguem. Cuidado, olhem as pedras!" Mark anunciou pelo rádio e iniciou um zigue-zague complexo entre as fendas do chão rachado das ruínas, parcamente iluminado pelos bizarramente presentes holofotes e em alta velocidade.
Olaf fechou os olhos quando sentiu seu peso ser erguido. Estava voando em um tanque!

Os três tanques se elevaram por somente dez metros mas alcançaram uma protuberância na base rochosa da cidade flutuante: era pontuda e se parecia com uma estalagimite/estalactite. O Lycan de Mark disparou e fez a força uma nova abertura.
Dentro da protuberância rochosa havia espaço para dois tanques enfileirados e se elevava como numa escada em espiral. "Bem vindos a Parnaq" Mark disse já sem estática, abrindo a porta superior do tanque.

Fim da 4a Luta

A quem ainda leia estes capítulos de fragmentos:

Provavelmente este é o último capítulo que eu poste publicamente de Fragmentos. Vejo a possibilidade do livro se tornar real cada vez maior e eu acredito que a surpresa será bem melhor caso seja inédito até mesmo aqui
Obrigado a todos que acompanharam até aqui (e se você não leu tudo ainda eu não garanto que os outros capítulos vão estar disponíveis por muito tempo)