A Queda do Lobo de Sangue (1o RPG Spin OFF)

por **isaac-sky** Qua maio 23, 2012 6:26 pm

O treinamento do Lobo-de-Sangue prosseguiu, mas o mundo ao seu redor começava a mudar de forma muito rápida: O que era forte se tornou perigoso para os mais fortes ainda.

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Crownwell tinha 15 anos, época em que um lobo-de-sangue deveria passar no ritual de iniciação a vida adulta, o "Ciclo Vermelho).
Para cumprir o ritual, o jovem deveria garantir tres feitos de acordo com a arte da caça e da batalha. Foram escolhidos os desafios através de um sorteio, e estes estavam mais relacionados ao combate do que a caça (nunca foi muito habilidoso para caçar)

1º: deveria lutar com o guardião de uma antiga caverna a leste de Wolfrun. O que era este guardião ninguem revelava.
2º: passar uma noite em uma das cidades do Circulo da Morte
3º: desafiar o chefe de clã para um duelo de espadas (o objetivo não seria vencer, e sim sobreviver)

O mestre de Peter (o mesmo que levou o duro golpe de Crownwell) parecia mais ansioso e animado do que o próprio garoto.

"Haha! Hora de mostrar o quanto a casa de Karkara ainda é capaz de criar os mais poderosos dos lobos-de-sangue" gritava o velho constantemente. Sua idade já era avançada, e no lugar da barba e cabeleira ruivas, estava uma mistura de vermelho e branco
Mas Peter se mantinha em silêncio, pois em segredo estava temeroso, os testes eram complicados e nenhum deles parecia mais fácil que o outro mesmo tendo grande habilidade com armas. Os testes envolviam todas as habilidades que davam fama ao clã.

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Peter carregava apenas uma longa espada "greatsword" e sua aljava nas costas junto com uma pequena besta pendurada a direita em seu cinto. Ele usava uma armadura leve escalarte (sem elmo).

O jovem Lobo passou quatro dias viajando pelas isoladas florestas do leste, até chegar em uma escondida depressão: ali ficava uma pequena entrada, dando para a caverna do guardião.
Peter já havia passado perto dali muitas vezes, mas nunca sequer sonhou que teria que entrar ali um dia, quanto mais enfrentar o guardião de seu clã...E quem seria esse guardião?

Crownwell andava lentamente pelo grande corredor de pedra, tateando a parede do lado direito, apenas podendo enxergar uma pequena chama vermelha no fim deste corredor.
Não era bem uma chama, e sim, uma luz proveniente de magia: um desenho circular no centro de um grande portão de ferro. A inscrição era meio borrada, mas o lobo reconheceu como "Somente os lobos vermelhos podem adentrar". Um simbolo de alerta aos desavisados, e uma indentificação segura da idoniedade do local: definitivamente do clã dos lobos-de-sangue.

Peter colocou sua mão direita no simbolo. Era quente, quase insuportável, parecia estar realmente tocando uma fogueira. Ele deu um uivo abafado, era este o código, e o portão se abriu para dentro.

Crownwell ficou impressionado com o que viu: um grandioso hall, feito aparentemente pelas mãos da natureza, mas era uma arquitetura impecável. No centro, uma grande cadeira parecida com um trono, e sentada nela estava um lobo de cor rubra adormecido..."Um lobo?!" se questionou Peter. Aquilo era surreal, era um lobisomen? Ou algo diferente disso?
Peter havia escutado quando era criança sobre as antigas raças monstruosas que vivam em Loryanna antes do Império, mas nunca imaginaria de que não seriam lendas.

O grande-lobo-rubro abre os olhos, e então Peter congela. Com o coração acelerado, vê o grande lobo começar a se mover lentamente e se levantar, andar alguns passos, e encara-lo diretamente nos olhos (apesar da grande diferença de altura que o lobo proporcionava).

"Quem és tu? Jovem-lobo?" indagou o lobisomen com uma estrondosa voz grave, capaz de trazer medo aos mais fortes ou irresponsaveis dos homens.

"Pe-Peter Crownwell, eu vim para o primeiro teste do Ciclo Vermelho" disse o tremulo jovem-lobo

O lobisomen deu meia-volta "Seu sobrenome...me lembro dele" ele se senta "Lembro-me do jovem Glenn. Ele era identico a você. Talvez tremesse um pouco menos"

Peter ficou surpreso "Meu pai também fez o mesmo teste?"

"Sim, ele foi um dos poucos que se arriscou escolher enfrentar o guardião. Então, deixe-me esclarecer algumas coisas e depois poderá fazer perguntas. E assim fará seu teste"

O lobisomen então começou a contar sobre a linhagem dos lobos-de-sangue. Desde o inicio, quando o clã era apenas uma pequena vila de homens (pertencente a uma etnia que possuia pelos vermelhos) no norte que caçavam e viviam em guerrais tribais com as vilas vizinhas.
Ele contou os nomes de todos os chefes de clã ao longo dos milênios, eventualmente contando alguma particularidade de suas épocas (como por exemplo o grande embate entre os lobos-de-sangue e um culto vampiresco que quase dizimou o clã). O lobisomen-rubro prosseguiu até chegar no nome do último chefe de clã antes do Império (aquele que morreu na explosão dos cristais).

O guardião ficou mudo, era notável o seu pesar, pois aquela época foi uma época negra para o mundo. Peter não entendia o porque disso, nunca foi contra o Império, na verdade o olhava com bons olhos desde criança.

"A queda dos Reinados possui muito mais detalhes do que aqueles revelados pelo Império. 'Nem tudo que brilha é ouro' é o que cito para o jovem-lobo"
O rubro prosseguiu com a linhagem de chefes até chegar no chefe atual, o poderoso 'Machado-da-Terra'. Após terminar ele levantou o braço direito acenando para que Peter se aproximasse e o convidando a falar

"Não há duvidas de que é o guardião, mas...O que exatamente é você?" indagou corajosamente Peter
"Suspeitei de que seria este o seu primeiro questionamento. Não sou nem humano, nem lobo, sou a mistura de ambos. Mas não pense que sou uma daquelas bestas narradas nos contos infantis ou nos tempos antigos. Eu nasci humano, mas fui escolhido por Ele para que pudesse guardar todo o conhecimento do clã"
"Ele? quem é Ele?"
"Não é hora ainda, descobrirá sozinho. Mais alguma pergunta?
"Meu teste é lutar com você?"
"Exatamente, mas não dá forma em que está acostumado. Através dessa luta, irá despertar quem realmente és"

O lobisomen se levantou e levou Peter até uma escadaria a direita da grande cadeira, eles passaram por um estreito corredor, e chegaram numa ampla sala, com o grande simbolo de fogo no chão que cobria todo o espaço.
O símbolo brilhava aonde os dois pisavam. Eles estavam frente a frente.

"Descubra o segredo de sua familia agora garoto, quando assim o fizer, passará no teste" e sem avisar, o lobisomen rubro começou a correr para Peter com as garras expostas brilhando com a luz vermelha das velas e do simbolo.
Crownwell quase não teve tempo para sacar a espada longa e bloquear a investida. Mas o impacto o jogou para longe e então rolou umas tres vezes para trás.

Cambaleante, Peter se ergueu e com as duas mãos apontou a espada para o lobo. Ele tentou avançar e ataca-lo com a lamina, mas acabou cortando o vento: o rubro estava já atrás dele e lhe desferiu um soco. Crownwell rolou agora para frente mais tres vezes, perdendo sua espada no meio do caminho.

"Podia tentar armas de longa distancia filhote" disse o rubro dando um sorriso ironico. O sorriso daquele lobo somente fazia com que Peter sentisse ainda mais medo da criatura a sua frente.

Ele sacou a besta e pegou uma flecha da aljava. Se agachou e fez a mira. Atirou. Era um tiro certeiro no peito. Mas Peter não contava que o lobisomen levantasse seu braço esquerdo e o simbolo do clã surgisse de seu punho, criando um pequeno campo de força que desintegrou a flecha.
Peter atirou mais 5 flechas, mas todas foram repelidas ou destruidas. Frustrado, começou a correr e atirar ao mesmo tempo.
O jovem-lobo parecia estar em frenesi, correndo, atirando e recarregando. Ele fez isso até chegar bem perto do lobisomen (que já levantava a garra da mão direita), e num rápido movimento, se agachou e "deslizou" no chão, pegou a longa espada caida, e com a mão esquerda atirou a flecha já carregada no ombro direito do rubro quase a "queima roupa". Como esperado, o escudo vermelho do lobisomen bloqueou a flecha. Logo após atirar, Peter levantou a espada e fincou no lado esquerdo do abdomem do lobisomen.
Foi um movimento rápido, habilidoso e inteligente: Peter tinha notado que o escudo cobria apenas uma pequena região de seu corpo, criando uma brecha. Contar o tempo exato para deslizar e atirar, e ao mesmo tempo com uma mão só levantar a espada (uma demonstração de força muito impressionante para um jovem um pouco franzino).

Se o lobisomen sentiu o duro golpe que receberá, ele não demonstrou. Sem fazer nenhum som, ele empurrou Peter para longe e tirou ele mesmo a espada de seu abdomen.
Usando a greatsword com uma mão só, ele correu para Crownwell e atacou ele com a espada. Peter desviou, fazendo que a lamina ficasse presa no chão de pedra. Com a mão esqueda livre, o lobisomen pegou Crownwell pelo colarinho e o levantou do chão.
"Voce usa seu instinto para lutar filhote. Mas ainda não é suficiente. Não é ser lobo o suficiente. Ódio, vingança, honra...nada disso te dará poder, pelo menos não enquanto não entender, que o poder para me derrotar voce ja tinha desde quando nasceu e aprendeu a falar"

Tudo o que Peter sentia era raiva. Muita raiva. Ele nem ao menos conseguia formar palavras em sua boca para xingar o lobisomen, seu clã e o mundo por um destino tão azarado. Sem perceber, percebeu que começava a rosnar como um lobo.
"Vamos filhote! Diga alguma coisa!" caçoava o rubro enquanto o simbolo em seu punho direito brilhava e queimava, espalhando chamas como se fossem tentaculos para o corpo de Crownwell "VAMOS! VAMOS!"

Ficou tudo preto para Peter. Quando se deu conta, estava no chão ajoelhado e segurando o punho esquerdo com a palma da mão esquerda com força. Queimava. Queimava muito.
As memórias voltavam aos poucos: Peter uivou algo bem alto, e então de sua mão esquerda surgiu uma explosão de chamas vermelhas, que jogaram o lobisomen para longe.
Mas aonde estava o lobisomen depois daquilo?

"Parabéns filhote, você passou" disse o rubro sentado ao lado de Peter, claramente cansado e ofegante.