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Contos de Loryanna

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Contos de Loryanna Empty Contos de Loryanna

Mensagem por isaac-sky Ter Out 09, 2012 6:54 pm

Eae pessoal, estou abrindo aqui um espaço na área de Literatura para desenvolvermos o material "spin-off" do 1o RPG.

No momento nenhum desses contos terá interferencia direta ao que já rolou ou está rolando no 1o RPG, mas quem sabe se o conto for bom e coerente, não possa ser aplicado na história "main"? kkk

É um experimento, vamos ver se funciona e impulsionamos uma área que não seja somente RPG do forum kkk

Já já posto o meu ^^

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Contos de Loryanna Empty O desertor ludgeriano

Mensagem por isaac-sky Qua Out 10, 2012 6:32 pm

"...cinco, seis, sete e...oito. Oito torres de vigia" disse o grande humano, de cabelos loiros e olhos cinzentos, usava a farda vermelho-escuro do Império Ludgeriano com a cota de malha por baixo. Estava deitado, com um binóculo, ao lado de outro membro do exército. Estavam vigiando o vale abaixo deles, um gigantesco destacamento ludgeriano.

"Oito torres?! Desgraçado pelos deuses seja o capitão, nos enviou informações erradas de sua própria base por anos" disse o outro humano, cabelos castanhos, olhos negros.

"Vai tentar assim mesmo Aahbran? Sabe que isso é suicidio, que é..."

"Sacrificio" interrompeu Aahbran agressivamente. Sempre falava agressivamente, bem ao modo de Kramorel

"Eu ia dizer tolice. Mas acho que o Chris aqui não vai ajudar a te mudar de idéia" disse o homem loiro. Christopher era um sargento comum do exército ludgeriano. Usava uma espada bastarda como arma e era um excelente guerreiro, mas não se comparava a habilidade de Aahbran: havia algo de bárbaro no nascido da cidade de Kramorel.

"Já te disse que pode ir embora se quiser. O esquadrão vai ser liderado por você do mesmo jeito"

"E te deixar com a glória de invadir a prisão secreta do capitão? Nem pensar" disse Chris com uma risada sarcástica.

Aahbran apenas bufou. Os guerreiros de Kramorel, do mundo de Loryanna, sempre foram poderosos e famosos. Se Aahbran pudesse ser os dois, não era bem reconhecido pelo Império que dominava aquelas terras há 700 anos.

O tenente Aahbran olhou para as estrelas, e de certa forma conseguiu calcular o tempo que estavam ali naquela posição desconfortável, lado a lado, observando a pequena brecha de segurança que era a troca de turno dos guardas...instantes se passaram...nada...

"Agora! De o sinal Chris!"

Christopher sacou um robusto e antiquado comunicador e começou a falar em três linguas diferentes o mesmo código.

Foi o estopim do caos mais organizado que um ataque poderia ter:
Exatas oito bolas gigantescas de fogo foram lançadas e explodiram as torres de vigia.

Aahbran e Chris saltaram do ponto onde estavam e desceram em disparada para o vale. Foram acompanhados por mais ou menos 30 outros combatentes, escondidos pelas sombras graças aos mantos élficos que haviam ganhado graças a Aliança.
Eram os ultimos homens livres de Loryanna, resquicios de povos, reinados e clãs da era em que Loryanna se chamava Ianoran. Guerreiros, feiticeiros, arqueiros, bárbaros, clérigos, todos unidos pelo ódio ao império opressor. Aquele império que tinha uma fachada tão bela, de paz e segurança, mas possuia a maldade como liga para os alicerces de seus castelos.

Aahbran usava de dois machados de guerra. Estava em fúria e obliterava cada soldado inimigo que tinha a audácia de enfrentar a fúria de um nascido de Kramorel. Seu irmão-de-farda Chris não ficava para trás, sendo tão mortal quanto o amigo, mas agora colocara uma máscara negra e capuz. Esconder a sua identidade era parte do plano, e afinal de contas era fácil identificar o rosto de um nascido de Khalael no meio de uma multidão.

Os dois lideravam a matança rumando para a entrada subterranea principal. As celas ficavam ali, assim como o aposento do capitão Mythas.
Uma vez lá dentro, tiveram certa dificuldade com os guardas: não eram somente guerreiros, mas haviam magos e feiticeiros.

O homem sensato teria procurado cobertura, se reunido com seu exército antes e avançar cordenadamente...mas aquele era um nascido de Kramorel em fúria, nunca se para um tipo desses.
Lançou o machado da mão direita na cabeça de um dos dois magos, no primeiro corredor, antes de que esse pudesse terminar de conjurar uma bola de fogo.
Um segundo mago lançou um raio elétrico, o qual Aahbran desviou com maestria mesmo em corrida, para logo em seguida lançar o segundo machado e crava-lo no peito do segundo mago.

Saltou com os dois pés no peito do feiticeiro que vinha em seguida, aproveitou sua queda, pegou uma espada caida no chão e executou o feiticeiro ali mesmo.
Retirou o machado do peito do mago e então ouviu-se o clangor do aço avermelhado de Aahbran com o do aço cinzento da espada do corpulento guerreiro que surgiu do fim do corredor.

Foi um embate bem rápido, pois o nascido de Kramorel deu um chute no calcanhar direito do brutamontes e abriu sua guarda. Cravou o machado em seu ombro direito e com a espada na mão direita atravessou sua garganta. Deixou ele cair com a espada atravessada e pegou seu segundo machado da testa do mago.

Chris chegou ofegante até ele.
"Ajude eles a abrirrem as celas e leva-los parra longe deste vale. Vou descerrr e darrr minha mensagem ao nosso capitão" disse o nascido de Kramorel, com um sotaque mais carregado que o normal, pois os anos de exilio quase extinguiram este seu traço na fala.

O nascido de Khalael não costumava questionar as ordens de seu amigo, mas quase hesitou, não podia abandona-lo. Mas um Khalael sabia mais do que ninguém que um nascido de Kramorel nunca poderia ser convencido se estivesse em fúria.
E então os guerreiros partiram para caminhos distintos.

...

Um chute na grande porta de madeira, seguido por um giro simultaneo de machados, um passo para a esquerda, um crânio partido, outra perna arrancada e dois corpos caidos no chão.

"Capitão? Acho melhor soltar essa espada..." disse Aahbran já começando a se acalmar.
Tinha uma expressão sinistra de sangue e olhos castanho-avermelhados.

"Tolo! Ralé de Loryanna! Foi corrompido por aquele tenente pulguento!" Mythas era um senhor de meia idade, era calvo mas ainda cultivava um pouco de cabelo já esbranquiçado pela idade. Usava de uma capa vermelha pesada, onde escondia uma espada vermelho-sangue. Ela parecia queimar com um fogo invisivel.

Aço contra aço novamente. Mas dessa vez Aahbran não conseguia segurar a espada vermelha de Mythas, pois queimava e tornava quase impossível segurar seus machados.
Pela primeira vez em muito tempo o guerreiro sentiu medo de morrer. Morrer e não cumprir sua promessa.

Após a quarta investida do aço vermelho, Aahbran caiu de costas no chão e deixou os machados incandescentes caídos no chão.
"Não! Não! Não aqui! Não agora!" clamava o nascido de Kramorel em sua mente, mas ainda possuia a expressão fria de um guerreiro do norte.

Chris sempre fora péssimo com armas a distância, mas se os nascidos de Khalael não fizeram sua fama através da guerra, o fizeram através de um poder praticamente genético: um nascido de Khalael pode ser estupidamente sortudo em momentos de necessidade. Esse era um deles.

A gigantesca espada bastarda voou e atingiu em cheio o aço vermelho de Mythas. Por ser uma espada bastarda sagrada, ela quebrou o encanto maligno de Mythas.
Aahbran saltou como se voasse, e empurrou o cambaleante capitão para que caisse em sua grande cadeira de pedra.
Apontou os machados em seu rosto e simplesmente encarou Mythas nos olhos.

"Vamos! Faça o que tem que fazer! Não é nada mais do que um enganado! Tolo!"

"Cale a boca velhote! Eu não vou te matar. Eu só quero te dar uma mensagem. Uma mensagem ao imperador"

Mythas ficou em silêncio, tremendo e suando como uma criança assustada

"Eu, Aahbran da casa antiga de Kramorel. Guerreiro exilado e primeiro-tenente da 57ª companhia de combate e reconhecimento de Loryan, declaro que sou desertor e liderarei um novo grupo de Resistencia em Loryan! Que os deuses tenham piedade do Império!" disse logo antes de erguer os machados e decepar, como se fosse manteiga, as duas mãos do capitão.

Mythas desmaiou

...

Algumas horas depois, na Floresta Cinzenta, Aahbran estava reunido com Chris e todos aqueles que ajudaram no assalto, junto dos elfos, orcs, drows e globins libertados da prisão.

"Sacrifiquei tudo hoje. Eu estava a um passo de me tornar um ludgeriano de elite" ele começou a falar em voz baixa, quase um sussurro.
"Tudo porque um amigo, o Tenente Peter Crownwell, me abriu os olhos e mostrou que nosso Império nasceu das trevas para apodrecer esse mundo de dentro para fora...ele morreu porque sabia demais." e então começou a impor mais a voz, como se fosse o general de um grande exército

"Eu fiz uma promessa! E hoje iniciamos o fim! A Aliança já começou seus primeiros movimentos de guerra. A Providencia já derrubou o castelo de Loryan. Cabe a nós agora, os desertores, ajudar. HOJE O IMPÉRIO CONHECERÁ A RUÍNA PELAS SUAS PRÓPRIAS ESPADAS!!!" esbravejou o guerreiro, erguendo os machados em sinal de triunfo. Todos esbravejaram juntos.

Aquele era um grande exército, e eles tinham um general. Do sacrificio nasceu a ira, e da ira nasceu o fim.





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Contos de Loryanna Empty O herdeiro

Mensagem por isaac-sky Seg Out 15, 2012 7:51 pm

Uma prisão subterranea. Loryanna agora tem milhares delas, afinal, aonde colocar todas aquelas raças expulsas pelos ludgerianos?
Orcs, elfos, drows, globins e etc, todos confinados em varias celas espalhadas pelos subterraneos do grande continente.
Essa em especifico é uma das maiores: a Rocha é considerada a mais bem guardada e populosa do Império.

Naquela noite um torneio ocorria, sendo a única diversão dos confinados, é ali onde um prisioneiro tinha a chance de melhorar sua vida...ou falecer brutalmente.

"E do lado direito! O invicto Leon de Loryan!!!!"
Leon era um humano loiro de 19 anos, artista marcial, e acima de tudo um ex-resistor e descendente da casa real de Loryan (quando Loryanna ainda era formada por vários Reinados)

"E do lado esquerdo! Tracius do Circulo da Morte!!!!"
O orc anunciado era monstruosamente corpulento e carregava um grande machado de guerra com as duas mãos.

Foi dado o sinal e a batalha se iniciou. Leon não usava nada mais que seus punhos, e então dava passos para a direita e logo depois para a esquerda, aguardando o primeiro movimento de seu oponente.

"Magrelinho de nada, vou te fatiar como eu fatiei aquele auroque quando eu tinha 10 anos!"

"Devia ser então o menor auroque de Loryanna. Esse machado é quase tão cego quanto a sua avó" zombava o pugilista, mas de seu rosto não brotava nenhuma emoção.

Tracius ficou enfurecido, e correu inconsequentemente em direção de Leon. O artista marcial apenas girou e deu uma rasteira no orc, o fazendo tropeçar para frente. O pugilista aproveitou o movimento para se erguer e aplicar um chute com a perna esquerda no estomago de Tracius enquanto ele estava no ar. Ainda em queda, o orc tentou se virar e atacar Leon com as mãos livres, mas não teve tempo de reagir: somente sentiu o ar se agitar a sua volta e o único soco do pugilista ser aplicado em sua face.
O orc voou por vários metros, sendo apenas parado pelas grades de uma das celas (que se entortaram com impacto, mesmo sendo feitas do mais puro aço).

A torcida ficou eufórica. Leon permanecia invicto e inatingivel.

...

"HAHAHA! Boa Leo! Acabou com mais um" dizia um dos colegas de cela de Leon, Kyonar, já passando de bebado para trebado.
"Devia ter dado mais trabalho a ele. Acabou muito rápido" disse outro colega de cela, Rarneq, um musculoso senhor de meia-idade, enquanto virava mais um caneco de cerveja

Kyonar era um elfo bem jovem, de riso e fúria fácil, enquanto Rarneq era humano como Leon, mas vinha do deserto do sul.

"Vai acabar morto qualquer dia Leon, e você sabe disso" disse o terceiro colega de cela, Adrastrea, um misterioso elfo negro(drow), ex-mago e provavelmente ex-resistor assim como o pugilista. Estava acocorado em um dos cantos da cela.

"Lá vem o estraga-prazeres! Devia sair das sombras e aproveitar o pouco de regalias que eles nos dão" protestou o elfo.

"É um tanto verdadeiro. Você ficou famoso Leon, é mal-visto por muita gente aqui" indagou Rarneq, coçando sua longa barba cinzenta.

"E vocês sabem que eu não me importo. Não me importo com torneios, com esta prisão, com nada" disse Leon, sentando em um banco de madeira enquanto segurava seu caneco. Tinha um olhar distante, fixado em memórias muito dolorosas. E então o clima na escura cela de pedra ficou melancólico, pois apesar da alegria da vitória do pugilista e o "prêmio" (2 barris de cerveja feita pelos anões da Rocha) aquilo não passava de uma distração de seus verdadeiros sofrimentos.
Kyonar era um bardo famoso em seu clã (um dos poucos a se manter vivos depois de 700 anos de dominio dos Ludgerianos) e havia sido traído por uma humana. Agora não lhe restava nem ao menos seu alaúde de ébano, e mesmo estando 2 anos na Rocha, já sentia muita falta de sua antiga vida.

Rarneq era o chefe de sua tribo no sul, e assim como várias outros nessa região, haviam sido obliterados por uma incursão imperial surpresa na região. Estava há quase 10 anos na Rocha, e somente se manteve vivo por ser muito influente com qualquer outro guerreiro. Usava o que chamava de "lingua-de-espada".

E Leon...Leon era nada mais nada menos do que o herdeiro legitimo do trono de Loryan. Passou metade da vida em um monastério escondido nas montanhas, e a outra metade lutando contra ludgerianos.

Havia se tornado frio como o gelo do lugar onde viveu. Lutou na Resistência durante anos, ao lado de muitos aliados "estranhos", foi o único momento de sua vida onde se sentiu forte e alimentou a esperança de um dia assumir seu lugar de direito no castelo de Loryan.
Mas até mesmo isso lhe foi arrancado pelo Império: em uma emboscada, a Resistência foi destroçada e teve sua base destruida. Metade dos membros foi morta, e outra metade debandou e largou o grupo, restando apenas alguns poucos membros.
Leon foi capturado nesta emboscada, e por algum motivo que desconhecia, foi poupado e mandado a Rocha. E nisso se passaram apenas alguns meses, ou seja, seu futuro ali ainda era incerto...exceto de que venceria qualquer luta no torneio inteiro da prisão.

O silêncio foi quebrado pelo carcereiro, um brutamontes chamado Ryan, que batia com sua clava nas grades das celas ordenando que todos fossem dormir.
"Hora de apagar as luzes e deixar o barril pra amanhã seu bando de vermes!" disse logo antes de cuspir no chão e limpar a boca com a palma de sua mão direita "Haha, Leon de Loryan, o ultimo dos Loryan. Ouviu a última de sua casa? Haha, alguém derrubou o castelo da cidade! Hahahaha" o carcereiro está aparentemente bêbado, um tanto cambaleante
O artista marcial estancou e quase deixou seu caneco cair no chão. Algo estava errado em sua terra e ele agora tinha mais um novo motivo para se preocupar e querer fugir da Rocha.

Os quatro colegas de cela apagaram as velas e deitaram em suas camas nas duas beliches.
"Eu preciso sair daqui..." disse Leon no meio da escuridão da noite na Rocha
"Tá de brincadeira? Ninguém sai da Rocha" Kyonar, na cama de cima se virou e olhou espantado para a cama de baixo
"Correção, ninguém viveu o bastante pra sair" Rarneq estava acordado também.
"Até que enfim todos concordamos em algo..." disse Adrastea com um risinho sarcástico. Estava escuro, mas Leon podia ver muito bem o sorriso se formando no rosto do drow. Ele tinha um plano.

Continua...
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Contos de Loryanna Empty O herdeiro (2a parte) - A revolução começou ontem

Mensagem por isaac-sky Ter Out 23, 2012 4:53 pm

"Tem certeza que esse túnel leva pra saída Adrastrea?" perguntava o assustadiço elfo.

"Eu não disse que iamos para a saída Kyonar. Não neste túnel" respondeu o drow sussurrantemente.

"Isso vai levar ao eixo superior" disse o humano Leon, o pugilista.

"Voce realmente decorou realmente os caminhos que fez na Rocha?" perguntou surpreso o humano Rarneq "Achei que era só um blefe inteligente"

"Memória fotográfica" Leon rebateu friamente "Já tentei fugir por este caminho. Quero ver aonde o nosso colega irá nos surpreender" indagou

"Perspicaz...Só acho que ninguém lhe mostrou isso" e então Adrastrea deu três socos fracos numa rocha a sua direita. Todos ouviram a pedra se arrastar e rolar para o lado, criando uma passagem.
A luz que saia do buraco era cegante, pois estavam acostumados a penumbra da prisão subterranea. Um vulto os recepcionou e rapidamente os mandou entrar.

Adrastrea entrou primeiro e retirou seu capuz (revelando além dos cabelos e olhos negros, uma discreta tatuagem do lado esquerdo de seu rosto. Seus colegas nunca tinham notado isso). Os outros entraram e aos poucos se acostumaram com a luz forte do que parecia ser um salão muito bem mobiliado.

"Bem-vindos aos aposentos da Aliança na Rocha" disse o drow que os recebeu "Amigos de Adrastrea são nossos convidados" e fez uma mesura cordial e logo se afastou para o fundo do salão.

"Seu amigo?" disse Kyonar cutucando Adrastrea

"Meu irmão"

"E quando ia nos contar sobre esse lance de Aliança? O que raios é essa Aliança" indagou Rarneq.

"Vai nos recrutar Adras? Somos seus soldados agora? Não ia nos levar pra saída" perguntou Kyonar, começando a ficar nervoso. Rarneq parecia estar com o sangue quente também.

Leon ergueu o braço direito. O elfo e o humano se calaram.
Se Leon podia dizer algo sobre genética, diria que herdou o sangue dos reis de Loryan. Ele sabia impor autoridade.

"Deixem o drow explicar. Mas suspeito já saber sobre essa Aliança e não nutro bons pensamentos sobre ela" disse sem expressão alguma no rosto.

Adrastrea pigarreou, não se sentia confortável naquele papel de porta-voz da Aliança.

"Nós. As raças oprimidas pelos ludgerianos. Nós somos a Aliança. Estamos há muito tempo nos organizando e juntando forças para derrubar o Império"

"Por isso ela ignorou todos os massacres nesses últimos 20 anos e se escondeu como um rato assustado" cortou Leon, mas mesmo assim mantinha a expressão fria.

"Muitos já tentaram o que queremos. Todos pereceram por não se prepararem. Assim como o seu grupo, a Resistencia de Loryan. Voces foram massa..." e então o drow foi interrompido bruscamente por um rápido soco do pugilista.
Foi jogado para a parede e então o artista marcial o segurou com seu braço esquerdo, pressionando sua garganta

"Cuidado ao falar daqueles que morreram por ter coragem de lutar antes de vocês. Se há um destacamento da Aliança na Rocha, o que estão esperando para agir" disse Leon com uma voz sem emoção.

"Estavamos...esperando...você. Um símbolo dos tempos anteriores ao Império. O herdeiro legitimo do trono" disse Adrastrea, ofegante.

...

"Aqui. Aqui e aqui. Vê nesses eixos? São as pedras de sustentação" disse o irmão de Adrastrea, Thermes.

Leon concordava acenando com a cabeça. Kyonar e Rarneq olhavam o mapa: ao mesmo tempo intrigados e surpresos. Não imaginavam que a Rocha seria uma construção tão grande.
A prisao tinha sido feita muito antes do Império e da Era dos Reinados. Possuia milhares de niveis inferiores, dos quais muitos estavam abandonados a séculos.

"Todos entenderam o plano? Agimos amanhã de manhã. Dependemos de todos aqui..." terminou Thermes, se retirando bruscamente.

Adrastea levou seus colegas de volta a cela.

A revolução da Rocha começara.

...

Antes da alvorada, (mesmo não se enxergando o sol na Rocha) a Aliança infiltrada na prisão começou a agir.

"EI! ME DEVOLVE! TA PENSANDO QUE É QUEM ELFO?" dizia uma voz distante, em alguma cela.

"NÃO TE DISSE PRA NÃO VIR AQUI?" dizia outra

"TA ARRUMANDO BRIGA COM QUEM NÃO PODE" e após a terceira, uma série de outras vozes hostis ecoaram.
Centenas de brigas começaram a brotar nas celas, nos pátios e nos corredores da Rocha.

Os guardas e carcereiros corriam e agiam como podiam para acalmar a briga generalizada. Era o estopim do caos.

"Começou" disse Rarneq aos seus colegas.

Os quatro, durante a briga, entraram pelo túnel e pegaram um corredor que descia de forma ingreme.

"Silencio. Vamos ter que entrar e derrubar os guardas bem rapidamente. No três..." disse Adrastrea encostando na maçaneta de uma porta de madeira apodrecida.

As mãos do drow ganharam um brilho azulado. Todos ali se sentiam um pouco mais fortes.
"...dois..."
Leon tomava a dianteira, chutaria a porta e derrubaria qualquer um ali naquela sala: a sala de armas.
Rarneq era alto e forte, talvez soubesse causar tanto dano quanto Leon com seus punhos.
Kyonar não era bom lutador, mas nem por isso se deixou amedrontar, estando já ansioso para entrar e recuperar a sua herança.

"...TRÊS"

Os quatro entraram correndo. Foram surpreendidos pelo alto número de guardas naquela pequena sala de armas. Haviam ali uns 10 ou 12 soldados ludgerianos, muito bem armados.

Leon, na corrida, jogou o corpo e derrubou o primeiro guarda. Tirou a espada do ludgeriano e jogou a Rarneq.
O humano do sul prontamente a pegou e brutamente cortou outro guarda com um único golpe (que rasgou o soldado do ombro direito a perna esquerda).

Adrastrea murmurou algo e ergueu sua mão direita, lançando um raio no soldado do outro canto da sala de armas. Após vaporiza-lo, por pouco não foi atingido pelo soldado mais próximo.
Kyonar havia saltado em sua frente e derrubado o guarda numa manobra atrapalhada, mas que deu tempo suficiente para Rarneq fincar a espada no crânio do soldado caído.
Leon terminava de socar a cabeça do primeiro soldado que derrubou, o matando.

Ainda restavam 6 soldados, que agora se moviam unitariamente, com uma formação assustadoramente coordenada.

Rarneq pegou outra espada-curta. Kyonar pegou também uma espada, de forma desajeitada. Adrastrea se erguia e murmurava outra magia.
Mas Leon ainda não esboçou nenhuma emoção. Era a violência petrificada. E assim, sem expressão alguma no rosto, com seu capuz cobrindo parte de sua face, desferiu dois socos.
Dois soldados praticamente voaram para a parede, espatifando seus corpos como se tivessem explodido.

O movimento fez com que os 4 guardas restantes hesitassem.
Mas os colegas de cela de Leon estavam acostumados com o pugilista. Somente haviam presenciado a verdadeira força do companheiro.

Rarneq saltou e cortou a cabeça do soldado a sua frente com um movimento em X com as espadas.
Kyonar era desajeitado com a espada, mas não era idiota. Ao invés de enfrentar aço contra aço, infantilmente jogou sua espada para o teto.
Aquele soldado devia estar muito assustado com os movimentos de Leon. Foi uma manobra infantil demais, e mesmo assim ele olhou para cima. Kyonar empurrou o soldado que tropeçou nos companheiros mortos.

Adrastrea lançou uma pequena bola de fogo que carbonizou o guarda a sua frente. Chegava a ser fácil, esses guardas não esperavam um mago.

O ultimo soldado era habilidoso e chegou a tentar desferir alguns golpes em Leon.
Depois de três cortes no ar, o pugilista socou o punho direito do guarda. A espada caiu e logo em seguida veio o soco no peito.
O coração do ludgeriano parou naquele instante.

Esse grupo era brutal, e a cena ali somente colocava isso em evidencia.
O soldado que Kyonar derrubou estava se arrastando de costas, aos prantos e soluços.

Leon andou até ele e colocou seu pé direito sobre o peito do ludgeriano.
"Você vai ser útil. O melhor equipamento que tiver e um alaúde de ébano. Tem um minuto para achar isso agora nessa sala ou farei da sua caixa toráxica o que se faz com uma barata"

O pugilista não tinha expressão. Não tinha emoção. Leon não era somente o símbolo dos tempos antigos do Reinado: era também o símbolo do mais brutal dos reis que Loryanna já teve, sendo Império, Reinados, Cidades Livres ou Feudos.

CONTINUA...
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Contos de Loryanna Empty Cobra e lobo

Mensagem por isaac-sky Sáb Out 27, 2012 9:23 am

"Parece uma comitiva comum John"

"Comitivas comuns carregam os tesouros mais raros Akira"

"Ditado Kramorel?"

"Não" falou secamente.

Dois homens estavam atrás dos arbustos, no alto de uma colina, observando ao longe uma pequena comitiva imperial se aproximar.

Um deles era John. Guerreiro de baixo escalão da cidade de Kramorel. Possuia um passado obscuro e cheio de crimes.
O outro era Akira. Provavelmente o único ninja de Loryanna.

-----------------------------

O sargento Peter Crownwell era o líder do esquadrão responsável pelo transporte do misterioso artefato.
Não era uma missão que gostava, e não se tratava do fato de ter que proteger algo, mas ele odiava o mistério.
Estava cansado dos segredos, intrigas e mistérios que envolviam os ludgerianos.

Prefiria continuar no sul lutando contra os selvagens sanguináreos. E acima de tudo, sentia saudade de casa, saudade do seu clã, os lobos-de-sangue.

Cavalgava ao lado da carroça, carregando sua grande espada bastarda nas costas e sua pequena besta na cintura. Tinha quatro homens de seu esquadrão o acompanhando.

-----------------------------

"Muito bem. Acho que se formos furtivos o suficiente podemos..." dizia John enquanto Akira corria e saltava acima da comitiva.
Era um ninja bem diferente afinal.

John apenas pode sacar sua espada na mão direita e seu machado de guerra na mão esquerda e correu para descer da colina.

Akira era um ninja bem diferente, e nele residiam poderes além do que qualquer ninja poderia imaginar. Um ninja humano pelo menos.
No ar, ele se transformou em uma gigantesca serpente, ficando mais alto que a própria carroça da comitiva.

O impacto assutou todos os cavalos, fazendo dois soldados cairem e o resto lutar com as rédeas.
Se ergueu e espirrou veneno nos soldados caidos, os deixando desacordados.

Crownwell desembainhou sua grande espada e a segurou com as duas mãos, cavalgando velozmente, sua arma se inflamou instaneamente com chamas vermelhas.
Akira-cobra nem notou a aproximação do lobo-de-sangue, pois estava ocupado atacando um soldado a cavalo com sua cauda.

John lutava contra as espadas dos soldados restantes. Não eram bons espadachins, mas tinham muita resistencia.

Crownwell fez um corte vertical e sangrento no flanco direito de Akira. Sua ração foi a de se destransformar com uma pequena bomba de fumaça, e ressurgir agachado logo ao lado.

O lobo-de-sangue correu para dar outro golpe, e foi logo repelido pela katana do ninja.

Aço inflamado contra aço. Os dois ficaram ali lutando durante vários minutos, sem dar conta da batalha ao redor.
John era um digno nascido de Kramorel, pois conseguiu lutar e resistir a todos os soldados que caiam e se levantavam novamente.

"Akira! Dá pra vir...aqui? Eu to...meio cheio aqui" dizia o guerreiro, tendo a frase cortada pelo movimentos de seu machado e sua espada.

O ninja deu um giro e atirou quatro kunais na direção de Crownwell, o obrigando a saltar para a direita.
Aproveitando a distração, Akira saltou sobre dois soldados que haviam tropeçado e aterrisou no teto da carroça.

Mas o tenente surpreendemente fez o mesmo movimento que o ninja.

"Então os engomadinhos sabem saltar?" zombou Akira enquanto cortava o ar.
"Matar baratas as vezes é complicado" replicou o lobo-de-sangue

A disputa de espadas era cada vez mais intensa. A katana por alguns milimetros quase alcançou a cabeça de Crownwell por três vezes e a espada bastarda quase conseguiu atingir o peito de Akira duas vezes.

John era poderoso, mas o cansaço permitiu que o guerreiro fosse pressionado para perto da carroça por dois soldados ludgerianos.
O nascido de Kramorel tropeçou no meio de um movimento brusco com o machado e caiu com força na carroça. Ela balançou e ergueu duas de suas quatro rodas. Akira e Crownwell se desequilibraram mas continuram encima dela.

Mas algo estava errado, e por um instante, seja lá o que era guardado, explodiu em um clarão dourado.

...

A primeira coisa que conseguiu enxergar depois, foi uma planicie esverdeada, o sol nascendo, e o braço direito do tenente Crownwell o erguendo em pé.

"Acordou cobrinha? Consegue andar?" dizia Peter.

Peter era ruivo e alto, seu rosto carregava inumeras cicatrizes de combate. Membro dos lobos-de-sangue, seu clã já havia sido poderoso nos tempos antigos de Loryanna, mas recentemente estava reduzido a quase nada.

Akira poderia ser um ninja, e no mundo de seu pai adotivo (o seu mentor no ninjutsu), os ninjas geralmente carregavam traços asiáticos. Akira era loiro e tinha olhos azuis. Um estrangeiro de inúmeras maneiras.

A máscara do ninja havia se rasgado, sua perna direita quebrada e muitos cortes pequenos no peito e costas. Enquanto isso o tenente aparentemente havia machucado o braço esquerdo, mas não parecia se importar com dor ou algo do tipo e mesmo assim colocou o braço direito no ombro de Akira e o ajudou a começar a andar.

"Pra...onde? Onde estamos na verdade?" perguntou Akira
"Não me pergunte como, mas viajamos milhares de quilometros e estamos nas Planicies de Irievyre" aquilo ficava a nordeste do grande continente.
"Aquela cidade ali, Irievyre, é minha cidade natal..."

"Lar de lobos...*cof cof* lobos de sangue"

...

"Achei que os lobos-de-sangue estivessem extintos..."

"Nem todos. Mas talvez eu seja o último"

"Ser o último, ser o único...pressão demais"

"Não deveria ficar tagalerando ninja"

"Akira. Akira o ninja nórdico"

"Nórdico? Eu gargalharia se não sentisse meu braço queimar" diz Peter com o sorriso discreto "Peter Crownwell, tenente da infantaria ludgeriana.

...

*Toc toc toc*

*Toc toc toc*

*TOC!TOC!TOC!*

"Calma! Calma! Já to abrindo! Mas quem raios é essa...PETER!" a garota estava ainda com a cara amassada de dormir quando se espantou em ver seu primo machucado e carregando um homem de preto quase caído.

"Emily...pode...ajudar?" perguntou Peter, exausto.

Emily tinha 15 anos, era baixa e magra, ruiva como seu primo e ainda tinha sardas no rosto. Tinha um ar infantil, mas era bela, muito bela. Akira notou isso, mesmo quase desmaiando.
A garota e Peter carregaram o ninja e o colocaram numa cama.

Emily começou a cuidar dos cortes enquanto Crownwell analisava a perna de Akira.

O ancião curandeiro de Irievyre foi chamado, e os primeiros dois dias se passaram para o ninja como num sonho, acordando somente na madrugada do terceiro dia.

...

"Não é perigoso pra você ficar com ele aqui? Deveria voltar ao sul logo, seu braço já está bom..." perguntava Emily, num sussurro, sentada perto da cama de Akira

"Poderia voltar, mas perderia a chance de conseguir falar com gente daqui" respirou fundo "Há mais coisas em jogo, e seja lá o que aconteceu, veio em boa hora. Sinto que algo grande está vindo prima"

"Então que os lobos antigos olhem por você e pelo rebelde"


Akira acordou com uma fisgada em sua perna. Quebrou o femur, e se não fosse pela ação rápida do mago curandeiro, teria morrido ou perdido a perna.

"Quanto tempo eu durmo?" disse o ninja com uma voz enrolada, quase não conseguindo falar nada devido a potência dos remédios usados.

"Esse é o terceiro dia...Akera?"

"Akira haha" tentou dar uma risada, mas a perna não permitia "sua irmãzinha ludgeriano?"

"Prima. Do clã dos lobos-de-sangue. E acho melhor começar a falar. Quero saber tudo! Porque nos assaltaram?"

"Tenha calma Peter! Ele acabou de acordar"

"Ei ei ei lobinho, vai com calma. Eu queria te perguntar algo também" pigarreou um pouco "Lobinhos não tem educação? Não dá pra me pagar um hidromel antes? Haha...ai" e arriscou uma outra risada.

Crownwell ergueu o braço direito com o punho fechado, mas Emily apartou o primo do ninja o segurando.

"Bater no aleijado é covardia cara haha...ai" zombou Akira, mas dessa vez Emily esboçou um timido sorriso.

...

"Então você viajou mesmo pelo além-mar? Imagino que já viu tanta coisa! E eu aqui, presa nessa vila..." Emily se sentava bem ao lado do ninja e segurava sua mão esquerda. Adorava ouvir Akira, e depois de se passarem mais dois dias, criara uma grande intimidade com o ninja.

"Assim parece até que sou um grande andarilho ancião haha. Vi muita coisa mesmo, mas achei em Loryanna um lar"

"E por isso quer lutar contra o Império? Não acha que as coisas são bem melhores assim?" disse ela apertando um pouco mais a mão de Akira

"É só uma fachada Emi. Me juntei a Resistencia já faz alguns anos, e a cada dia eu vejo mais e mais do que esses malditos vermelhos fazem, além de que...não, melhor deixar as memórias ruins de lado haha" Emily notou que Akira sempre desviava de assuntos que envolvessem algumas memórias.

"As suas cicatrizes não são só fisicas" pensou ela

A porta da casa se abriu, e então Peter entrou no quarto tirando sua capa cinza e capuz

"Então Akira, acho que temos informações...Emily, pode nos dar licença?"

A garota os deixou ali, com uma expressão um tanto aborrecida.

"Parece que você tinha razão Akira...eu...eu não podia imaginar que os ludgerianos estavam por trás dessas coisas" disse Peter com o medo estampado no rosto. Logo se sentou em um banco que ficava na outra extremidade do quarto.

"Não é só com os lobos-de-sangue. Eles fizeram isso com os clãs de Kramorel, de Khalael, os sulistas, os magos do leste...eles querem enfraquecer a todos por algum motivo" respondeu o ninja de forma séria (o que contrastava muito com sua fama de gozador e falastrão).

"A quanto tempo isso acontece?"

"A primeira vez que vi um ludgeriano matar alguém...eu tinha uns dez anos naquela época. Amy era tão..."

...

"É sério Aki! A vila é tão reclusa como uma ilha! Ninguém vai te identificar aqui!" apelava Emily, puxando Akira pelo braço direito.

"Mas é que...é que...eu to de muleta! Caramba! Eu nunca andei de muleta por ai...me sinto...de muleta oras!" protestava ao andar com uma muleta de madeira feita pelo curandeiro dos lobos-de-sangue. Usava roupas emprestadas de Peter, e se sentia um peixe fora d'água.

"Não se costuma ver cobras loiras gritando por ai, mas acho que todo mundo aguenta" brincou Peter. O lobo e o ninja começavam a cultivar uma forte amizade desde a chegada de Akira, uma semana atrás.

Depois de muito protestar, graças a Emily, o ninja resolveu dar uma volta pela vila com os dois amigos.
Inicialmente Akira continuou se sentindo excluido, mas após algumas ruas, notou que o povo de Irievyre não era de todo mal. Na verdade, passou a notar que eram bem convidativos (ganhou até mesmo uma maçã e uma piscadela de uma bonita mercante na praça principal. Emily puxou Akira para que passassem mais rápido por ali, fechando a cara). Akira ria de tudo. Era um belo lar.

...

"Mais algum tempinho e logo posso voltar a correr..." disse o ninja no teto da pequena casa de Emily. Ao lado dele a jovem reclinava a cabeça em seu ombro esquerdo.

"E você vai voltar?"

"Eu devo"

"Mesmo?"

"Sim...eles precisam de mim. Já passaram três semanas"

"Ninguém se recupera de uma fratura dessas em três semanas!"

"Mas eu estou quase lá, não é? Akira, o ninja-que-quebra-e-sara-fácil"

Emily deixou o ombro dele e assumiu uma expressão séria.

"Mas vai voltar?"

"Se tudo der certo" ele se aproximou da garota ficando face-a-face com ela "Posso te levar para conhecer Loryan" e então logo a beijou.

A memória daquela tarde alaranjada deu forças a Akira em muitos momentos de dor no futuro. Mal sabia ele que aquilo não era nem um terço do que haveria pela frente em sua luta

...

"Armamento!" gritava Akira, imitando um comandante

"Confere" respondia Crownwell

"Vestimentas adequadas"

"Confere"

"Coragem para atravessar o Circulo de Morte?"

"Isso a gente arranja pelo caminho" disse o tenente com um tapinha no ombro do ninja. Era a quinta semana e já havia passado da hora de Crownwell reportar ou dar algum sinal de vida.

O Circulo da Morte se tratava de uma série de vilas e cidades ao redor das Planicies do Norte que eram consideradas fantasmas e lar de inúmeros monstros. A posição delas formava um gigantesco circulo (do qual Irievyre estava no centro).

Emily procurou esconder as grandes olheiras e olhos marcados pelas lágrimas, mas conseguiu se segurar o suficiente para abraçar Akira e seu primo, sorrir e acenar adeus (além de confeccionar uma nova máscara para o ninja).

"Vamos passar pela única passagem livre até o sul. Ela as vezes é supervisionada pelo Império, então no pior dos casos, é meu prisioneiro" e então Akira bufou, mas concordou com o plano.

A viagem prosseguiu por dois dias com tranquilidade, apenas passando pela estrada de pedra deserta, e florestas mais desertas ainda.
Somente pararam quando viram a fumaça de alguma fogueira mais a frente, mas uma colina cobria qualquer visão da tal fogueira naquela noite sem estrelas.

Viram de relance vultos no céu. Desembainharam as armas e avançaram com cuidado.
Um dos vultos guinchou, outro urrou, e sem qualquer cerimonia estavam ali quatro ou cinco gárgulas circundando os dois humanos.

A espada bastarda de Peter se inflamou enquanto a de Akira assumia uma coloração mais esverdeada.
Num movimento muito coordenado, o tenente se agachou e o ninja rolou por cima de suas costas, desferindo um corte vertical na gárgula surpreendida a sua frente. Enquanto isso, Crownwell se levantou, correu e atingiu outra gárgula no peito.
Se viraram e repetiram o movimento mais duas vezes. Três gárgulas já haviam sido feridas mortalmente.

A perna de Akira latejava, enquanto Crownwell ficava cada vez mais cansado. A sua magia com a espada consumia mais de sua energia do que o normal.

As duas gárgulas restantes se afastaram para guinchar e chamar mais monstros sombrios para a estrada. Monstros que nenhum dos dois conhecia ou temia conhecer. Lutavam com as sombras como podiam, mas depois de cair pela terceira vez, Akira não parecia que ia levantar mais.

"Akira! Se levanta cobra! Eu preciso de ajuda aqui!" disse o tenente, desesperado, agachado e tentando repelir os ataques das sombras que usavam espadas.

"Eu...abaixa!" disse o ninja ao puxar Peter para baixo.

Três flechas zuniram junto com um machado de guerra e dois raios amarelados. As trevas recuaram alguns passos.

O esquadrão do tenente, aquele mesmo que guardava o artefato, junto de Peter e um estranho artista marcial, rompiam a escuridão daquela noite e lutava contra as trevas.

Aahbran cortava a mão de uma das gárgulas com seus machados enquanto Akira se erguia com a ajuda do aspirante a paladino Christopher.
Leon desferia punhos que movimentavam o ar ao redor do grupo, o que ajudava a dispersar a fumaça que os monstros criaram.
Maren era preciso em seu arco e flecha, e dava cobertura ao tenente e ao mago Lucius.

Rapidamente as feras foram repelidas e enxotadas para longe da estrada. O grupo que misturava membros da Resistência e soldados do Império saiu vitorioso daquele embate assustador.

Leon e John se aproximaram de Akira. O guerreiro de Kramorel deu um tapa na cabeça do ninja enquanto o pugilista mantinha a expressão séria (mas Akira jurava ver um vestigio de sorriso naquela carranca).

"Dá próxima vez deixa um bilhete antes de tirar férias seu baixinho maldito!" gritava John
"Você sempre foi idiota Akira, mas está se superando" confirmou Leon

Akira apenas se limitou a rir e pedir desculpas ao mesmo tempo.

Maren, Lucius, Chris e Aahbran se aproximaram de Peter.

"Mais um pouco e até o Cavaleiro Negro viria" disse Aahbran apertando a mão de Crownwell
"Ele não costuma aparecer por estas bandas. Mas estamos ferrados, voce sabe disso haha" Chris colocou a mão direita no ombro esquerdo do tenente
Maren e Lucius eram calados, mas até os irmãos-de-gelo esboçaram um sorriso.

"Acho que é hora de irmos e separar nossos caminhos cobra!" disse o tenente
"Então deixo o pulguento com a promessa de um duelo decente!" acenou Akira

E então os dois grupos tomaram rumos diferentes.
Akira conheceria a dor de perder praticamente tudo o que construiu nessa luta, e logo em seguida encontrar a Providencia. Mas a Crownwell o destino reservava mais do que ele mesmo entendia.

Se uma coisa estava clara era que o mundo de Loryanna não seria mais o mesmo. E tudo começou quando Akira encontrou abrigo, amizade e amor na casa de seu inimigo. Cobra e lobo...ótima fábula para os filhos desta terra.
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Contos de Loryanna Empty Elemento Azul, Cristal de Guerra

Mensagem por isaac-sky Qui Jan 03, 2013 3:15 pm

Muito antes dos ludgerianos surgirem, os Reinados dominavam o mundo de Loryanna. Mas Loryanna tinha um nome diferente, um sistema diferente, e os então antigos feudos haviam se tornado reinos depois de uma guerra sangrenta. O mundo seguia em paz nesse novo sistema a mais de 40 anos, mas como o ciclo da violência não se fecha tão facilmente, um novo conflito parecia se formar no horizonte...bastava saber de onde viria a primeira flecha.

...

"Expulso da Academia? Como assim cara? Você não era o professor mais premiado?" disse o jovem clérigo na porta do simples monastério de pedra. Chovia como nunca havia chovido em anos.

"Um feiticeiro pode ter problemas com a Academia, mas ele pode encontrar hospitalidade na casa de um amigo?" respondeu friamente o feiticeiro encapuzado.

"Claro claro Adrastrea. Pode entrar, só fiquei surpreso em te ver de novo depois de tantos anos" o clérigo era um elfo de bela aparencia e estatura mediana. Vestia um robe branco simples com detalhes dourados (que identificavam sua ordem e grupo)

"Obrigado Enrhol" Adrastrea era um humano de aparente meia-idade. Alto e de porte fisico que não lembrava o de um feiticeiro e sim ao de um guerreiro. Carregava sua longa espada nas costas e livro de anotações dentro da capa.

Enrhol ofereceu ao feiticeiro uma refeição simples e um pouco de hidromel e sentou-se na mesa com ele para saber da mais nova e estranha novidade.

Adrastrea havia sido um dos mais jovens a ingressar na Academia de Magia de Loryanna e se esse já não fosse um fato raro, o mais raro ainda é que ele ingressou sendo um feiticeiro e não um mago. Isso significa que ele aprendeu magia sozinho e sem a ajuda completa de um grimório, ou seja, ele não tinha qualquer chance de ter passado nos testes impossíveis de teoria. Mas ele era um gênio na mais pura essência da palavra.

"Eu já digo que não cometi nenhum delito. Fui expulso por...não, dizer que foi injustiça não é o correto. O problema é minha nacionalidade afinal de contas."

"Entendo...mas achei que depois de tantos anos da guerra um nascido de Tyran poderia viver na cidade real de Vyer com tranquilidade." questionou ele cabisbaixo, quase murmurando algo
"Acha que é um..."

"Rumor de guerra? Ainda não, mas eles querem previnir a Academia de algo. Fui convidado a me retirar devido as novas diretrizes da instituição" dizia Adrastrea com muita tranquilidade.

"E agora? Vai pra onde? Voltar pra Tyran?"

"Aquele reinozinho de bárbaros? Não enquanto eu viver meu amigo. Eu vou para o norte e para Loryan. Tenho amigos influentes por lá" disse ele terminando a ultima golada de hidromel do caneco.

"Então lhe desejo sorte meu amigo. E...se puder, pode me enviar algo a alguém de lá?"

"Tenho cara de carteiro agora? Estou desempregado, não desesperado hahahaha"

"Não...é algo importante que eu não confio a pessoas comuns. É uma herança"

"Hmmm"

...

A grande cidade capital de Loryan estava em polvorosa quando Adrastrea chegou: o primeiro filho do rei havia nascido na semana anterior e uma grande festa estava sendo preparada em sua homenagem.

"Ok...eu sei que elfos costumam ser meio fúteis, mas um colar com um simbolo de cobra não é a coisa mais complicada do mundo de se mandar. Isso nem ao menos tem propriedades mágicas" resmungava o feiticeiro para o pendante.

"E ainda tenho que achar aonde fica o..." Adrastrea havia esbarrado em um jovem humano de capuz e o derrubado
"Cuidado garoto. Sei que todo mundo anda com pressa por conta da festa, mas vai com calma"

"E-Eu tenho que chegar ao rei bem rápido. Isso, rápido, rápido!" repetia o jovem de forma robótica e saiu correndo pelas ruas estreitas da cidade.

"Humpf!" resmungou o feiticeiro.

...

"Olá senhor! Nossa taverna possui as melhores bebidas de Loryan e os melhores quartos. Se sinta a vontade para..." dizia a atendente antes de ser interrompida

"Ok ok ok, eu já conheço o protocolo de taverna. Me vê um hidromel e...sabe aonde fica a casa de um tal de Ryan?"

A atendente deu meia-volta e saiu correndo da bancada como se havia sido assustada por uma assombração.
A Taverna do Olho-de-Ouro costumava ser frequentada por muitas pessoas, mas devido as festividades ela estava muito mais cheia que o normal.

Um dos mais bebados cambaleou na direção de Adrastrea até alcançar seu ombro esquerdo e se apoiar nele

"Não vai *hic* encontrar o bastardo hoje por ai *hic* ele está no *hic* castelo sendo interrogado pelo próprio rei"

"Ótimo...o parente do maldito é um criminoso"

...

"O que quer por aqui forasteiro?" dizia um dos guardas de forma rispida na entrada do castelo

"Entrar e entregar algo muito importante a um dos seus...err, inquilinos"

Os dois guardas começaram a gargalhar.
Adrastrea murmurou algo e fez um gesto simples com a mão direita.

"Quero entregar algo a Ryan de Loryan. Membro da guarda real de Loryan e...ele cometeu algum crime?"

"Sim" repetiram os dois roboticamente

"OOOOOk, então me digam o que ele fez" a simples magia de influencia havia funcionado

"Arriscou a vida do rei ao tentar salva-lo de um assassino" disseram os dois

"Isso não faz muito sentido"

"Não"

"Me deixem entrar"

E então os guardas abriram caminho para que Adrastrea entrasse no hall do castelo. Mas não conseguiu dar muitos passos antes de ter outro guarda apontando uma espada para sua garganta

"Eu preciso falar com o rei. Vim falar do Ryan" e então o guarda abaixou a espada

"Me acompanhe feiticeiro. Se tentar algo ou estiver mentindo, temos mais formas de mata-lo do que possa imaginar"

...

"Não possui nenhuma armadilha ou poder mágico Vossa Graça" dizia o mago da corte ao devolver o pendante a Adrastrea

"Então um feiticeiro recém expulso da Academia de Magia resolve chegar no meu castelo sem ser convidado para entregar um colar barato a um dos meus prisioneiros? Eu tinha um outro conceito sobre seu amigo quando ele nos enviou aquela cara Jorys" dizia o rei para o mago da corte

"Ele sempre foi imprevisivel Vossa Graça. Mas eu acho válido ele tentar falar com Ryan"

"Acha que ele pode abrir a matraca daquele velho rabugento?"

"Sim, acho"

"Ótimo, guardas, acompanhem o feiticeiro para as celas, deixem-no falar com Ryan a sós"

...


"É..bem, seu primo me mandou isso. Pertence a..."

"Você. Não tenho mais nada a ver com isso. Meu primo te lubridiou pra carregar essa coisa pra longe" interrompeu o corpulento guarda, que parecia ter uns 50 anos.

"Isso é ridiculo! Esse colar não tem nem propriedade mágica nenhuma! É uma bijouteria barata!"

"Garoto!" disse Ryan segurando Adrastrea pelo colarinho, quase atravessando a mesa que os separava "Vou te contar algo porque acho que com sua idade você deveria ter um pouco mais de cérebro. Essa coisa é amaldiçoada assim como a coisa que eles...deixa pra lá. Vá embora. VÁ!"

Adrastea tentou insistir mas acabou sendo obrigado a sair da cela.

...

"...e então, vamos precisar de gente com conhecimento mágico na guarda" dizia o mago da corte Jorys

"E por conta do filho do rei? Não é algo meio exagerado?" respondeu Adrastrea

"Sim e não. O rei vai anunciar algo importante nesse mesmo dia. Algo do estilo 'um presente para meu filho'"

"Então esse tal presente é o motivo desse medo todo?"

"Não sei nem se ele é algo 'fisico'. Somente Ryan e outros de alto escalão tinham a informação.
Aqui será seu quarto" disse abrindo a porta lentamente
"Lembrando que se tude der certo, pretendo lhe indicar para fazer parte da corte. Pode não parecer mas eu tenho muito trabalho por aqui" Jorys disse com um pequeno sorriso no rosto ao se afastar. Adrastrea não sabia o que isso significava, mas se animou com a idéia de um emprego novo.

Na madrugada anterior ao dia da festa, Adrastrea foi acordado pelo bater desesperado em sua porta.

"Senhor Adrastrea! Senhor Adrastrea!"

"O que foi guarda?" disse ele abrindo a porta, claramente de mal-humor.

"É uma rebelião! Não temos nenhum mago aqui no castelo. Os calabouços estão escorrendo sangue!"

"Não precisa poetizar tudo soldado. Eu estou indo"

...

Assim que Adrastrea e o guarda desceram as escadas e encontraram as celas todas abertas, sacaram suas espadas e andaram lentamente.

"Sangue mas não há corpos. Eles fugiram e não sei pra onde" o feiticeiro tentou uma magia com as mãos para localizar o caminho da fuga e localizou um túnel escondido por uma parede falsa.

Ao adentrarem no túnel, toda a iluminação que tinham era um ponto branco vindo do fundo do caminho e um fraco globo de luz criado por Adrastrea.

"Já andou por aqui?"
"Nunca nem em meus mais estranhos sonhos" respondeu o guarda amedrontado

Ao chegar no fim do túnel os dois notaram que estavam em uma sala parecida com a cela, mas aparentava estar abandonada a séculos.

"Espere" sussurrou o feiticeiro ao puxa-lo para o lado escuro da sala. Eles podiam ouvir vozes exaltadas

"Ele não pertence ao rei e nem a você seu mago de teatro! Pertence ao povo livre de Loryanna!"
"Velho ingrato! Eu ainda te livrei de problemas ao convencer a todos de que era um assassino e não um informante de...quem é o tal? Pandora é o nome dele?"

Escutou-se o tilintar de espadas sendo desembainhadas

"Cuidado com a língua mago tolo. Um artefato tão poderoso não deve cair nas mãos de homens tão violentos. O simples tocar de uma arma na caixa a torna mais cortante que o adamante!"

"Não me faça rir Ryan. Você hipnotizou os presos e os guardas, mas antes derramou algum sangue não é? Veja, alguns de seus homens ainda sangram as feridas de quando tentaram te parar!"

"Jorys! Mais uma palavra e você verá do que um nascido Khalael é capaz!"

"Palavras hahahahahah!" terminou de dizer o mago em gargalhada e lançou uma série de relampagos.

"Mestre Ryan! Eu vou protege-lo!" gritou o guarda que acompanhou Adrastrea
"Não seu idiota!" o feiticeiro tentou impedi-lo mas foi inútil.

Os relâmpagos eram cada vez mais intensos e o grito de fúria dos soldados era cada vez mais ensurdecedor. Adrastrea viu também fogo de relance e notou que alguns homens se degladiavam com espadas.

"Não, por favor, não me obriguem a...a...droga" murmurava ele antes de se levantar e colocar sua capa azul escuro a frente de seu corpo.

"Sou o mestre dos mortos Adrastrea de Tyran. Suas injúrias ao mundo me obrigaram a vir aqui e lhes mostrar o significado da dor" agora a voz do feiticeiro era reverberante e distorcida, como se um fantasma falasse
"Acordem do sono tranquilo e encontrem seus pesadelos!" e então de sua capa surgiram inúmeros fantasmas azuis que assumiam a cada instante formatos diferentes (que remetiam a cada trauma e medo de cada um ali presente).

Todos, menos o mago, cairam em prantos e desespero, desmaindo logo em seguida.

"Jorys, acho bom ter uma excelente explicação pra essa coisa toda"

"Claro, claro amigo. Só me ajude a me levantar e..." ao segurar a mão direita do mago, Adrastrea foi apunhalado pela outra mão de Jorys. Ferido, o feiticeiro caiu ao receber também uma pancada forte na cabeça. O mago Jorys deu meia volta e tocou na superficie da grande caixa em formato de losangulo.
Ela tinha dois metros de altura e dois metros de largura e parecia emitir uma luz opaca bem fracamente por trás da superficie de metal.

"Isso, agora sim! Pelos ludgerianos! Pelo meu mestre eu vou...sim eu vou..." e antes que pudesse abrir, uma espada longa foi transpassada por seu peito.

"Se me subestima irmão-de-magia, cometeu um erro gravissimo. Sua injúria foi punida" terminou de dizer e depois cuspiu um pouco de sangue.

...

"Toque no cristal ou irá morrer" disse uma voz estranha ao feiticeiro ali sentado.
Adrastrea não questionou e tocou na caixa. Surpreendentemente, ela se abriu e revelou a forma de cristal azul por trás do metal

"O que...é isso? Me sinto mais *cof cof* forte"

"É um dos quinze cristais que protegerão o mundo. Mas meu mestre decidiu que eles não devem ser protegidos pelos Reinados e sim por Guardiões especificos. Você foi escolhido e tem que tirar ele daqui" respondeu a voz, sem demonstrar qualquer emoção na fala.

"E...quem é você?"

"Pandora é como me chamam. Meu mestre costuma ser chamado de muitos nomes, mas Creator é o que você pode usar. A tempestade está vindo" ainda sem entonação na voz, o homem de armadura leve dourada se aproximava com lentidão e oferecia um destino que perduraria por gerações demais...


Última edição por isaac-sky em Seg maio 13, 2013 5:25 pm, editado 1 vez(es)
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Contos de Loryanna Empty O Herdeiro (parte 3) - Punhos de rei

Mensagem por isaac-sky Ter Fev 19, 2013 6:24 pm

Iniciar uma batalha dentro da Rocha não era complicado (a prisão subterrânea já havia visto milhares delas), mas tornar a violência em algo organizado o suficiente para que todos pudessem irromper para a liberdade era algo impossível.
O grande problema não era a luta contra os guardas, a vingança de prisioneiros vivendo anos em desgraça, mas facções que aproveitavam deste momentos para acertarem as contas umas com as outras.

Thermes esbravejava para seus homens, soldados prisioneiros membros da Aliança, e tentava manter uma formação organizada de guerreiros e manter o caminho da sala de armas até o último andar (a base) da Rocha. A sala de armas ficava no mesmo andar, mas no caminho uma confusão de guardas e prisioneiros lutando impedia qualquer movimentação entre os dois pontos no solo de pedra.
O drow sentia que seu plano escapava de suas mãos a cada minuto em que Leon e seus amigos não apareciam. O pugilista era essencial para o sucesso desta batalha.

Uma grande rocha, equivalente ao tamanho de dois orcs, despencou do alto da prisão (provavelmente do primeiro andar) na direção do drow. Thermes apenas pode conjurar esfera resiliente e torcer para que não fraquejasse agora.

...

Leon terminava de colocar suas manoplas de ouro, herança do dojo de seu mestre e altamente mortais. Kyonar comemorava com o reencontro de seu alaúde de ébano, pois esta era a arma do elfo.
Rarneq colocava uma armadura leve e pegava um machado e escudo leve além da lança que colocou em suas costas. Adrastrea não pegou muita coisa mas se equipou com peças de armadura leve.

O guarda que deu a informação e a chave para o lado de fora da sala de armas estava desacordado mas vivo.

Leon espiou pelo olho mágico da porta de ferro e notou que a batalha não ia bem para os prisioneiros, e é claro o óbvio, estava altamente desorganizada.

Uma porta se abriu bruscamente dentro da sala de armas, saindo dela uma dúzia de guardas armados. Atrás dela havia uma escadaria que provavelmente levaria ao primeiro andar da Rocha. Leon teve uma idéia.

Agora apropriadamente armados, o grupo obliterou os guardas de seu caminho como se seus ossos e carne fossem feitos de palitos de dente e folhas de árvore.
Kyonar, que até então estava distraido com seu instrumento recuperado, aproveitou o fim do rápido embate para curar seus colegas com três acordes simples. A sua magia de bardo estava finalmente desenferrujando.

A escadaria era estreita, o que obrigou ao grupo andar em fila única pelos degraus. Leon na frente, liderando e procurando por uma nova saída; Rarneq, obstinado e concentrado, correndo logo atrás e Adrastrea e Kyonar por último.
O pugilista estancou, seus companheiros trombaram, pois teve um pressentimento. Sem responder aos questionamentos ele seguiu correndo até alcançar uma saida lateral por um corredor, também estreito, cavado através da rocha.

Ninguém parecia se importar muito com a história da Rocha. Ela era mais antiga que o Império, disso todos tinham certeza, mas ninguém sabia por exemplo quem havia construido, e nem o porque. Leon tinha quase certeza de que foram anões, mas a época deve ser muito remota.

Leon estancou novamente, mas dessa vez se virou para seus colegas.
"Vou precisar que me deem cobertura. Vou abrir caminho" os companheiros apenas acenaram positivamente. Confiavam quase cegamente no pugilista.

O lutador preparou o braço direito e iniciou uma série de três socos com a mesma manopla dourada. A parede do corredor cedeu, revelando uma fileira de guardas atirando flechas através de pequenas janelas na densa parede de pedra.

Rarneq e Kyonar protegeram o flanco esquerdo do pugilista enquanto Adrastrea protegia o direito. Leon apenas correu e socou a parede a sua frente, arrancando um pedaço enorme de pedra e consequentemente caindo em direção a base da Rocha.

Leon não havia planejado esse movimento em específico, ele não queria ter caído junto com a pedra, mas teve que improvisar: girou no ar e socou a rocha com o mesmo braço direito. A pedra voou para longe dele, aterrissando justamente aonde o combate era mais denso. Quando a pedra atingiu o caminho que ficava entre a base e a sala de armas tudo o que sobrou dos guardas e prisioneiros que lutavam era uma pasta vermelha. Muita pasta vermelha.

...

Thermes havia temido a grande pedra em sua direção, mas ela repentinamente mudou sua trajetória e convenientemente caiu encima daqueles que bloqueavam o caminho para a sala de armas. Desconjurou a esfera resiliente e ordenou a seus homens para que mantivessem o caminho livre.
O que quer que tenha acontecido, aconteceu na hora certa.
Um estrondo e Leon estava a menos de dez metros a sua esquerda, com o punho enterrado no chão cheio de novas rachaduras.

...

A magia armazenada na manopla direita havia se esgotado atordoando o impacto no chão. Agora Leon precisava encontrar um mago e recarregar, mas isto deveria esperar se o próximo passo fosse...

"Leon! Como você..."
"Perguntas depois, organize o seu pessoal para pegarem as armas" disse enquanto Adrastrea flutuava no ar junto com Rarneq e Kyonar, aterrissando logo a frente do pugilista. Os três pareciam muito sujos por conta do sangue que derramaram, mas nenhum parecia ferido. Isso aliviou Leon, precisava de seus amigos por mais que não admitisse.

Um rugido, alto, claro e assustador, invadiu todo o complexo quilométrico da prisão. Era o que todos ali temiam. A lenda por trás da Rocha que a tornava incapaz de se fugir. Ele. Rugiu novamente, agora mais alto.

O grande borrão vermelho estava agora em queda livre. Abriu suas asas, retardando sua velocidade para apenas soprar fogo em um dos andares de prisioneiros. Os gritos de agonia eram assustadores. Aquilo era um tipo de aviso da criatura.

Thermes corria e gritava a seus homens, os mandando pegar as armas de longo alcance.
"Ajudem o drow. Eu vou lutar com essa coisa"
"Tá achando que a gente vai te abandonar aqui?" gritou Kyonar
"Não é prudente" disse Adrastrea com um tom de voz brando.
"Lutaremos ao seu lado" Rarneq levantou o escudo e machado.
"E morrerão mais rápidos que baratas. Atirando de longe vai ser melhor" Leon deu três passos a frente e assumiu sua posição de combate defensivo.

O borrão vermelhou caiu com velocidade no último andar logo a frente do pugilista. Curvado, o monstro poderia se parecer com um dragão, mas Leon conhecia as histórias e havia reconhecido uma mais antiga: aquilo era um humano. Um irreconhecível humano.

"Brogar! É um honra conhecer o último membro da Ordem Perdida!" gritou Leon.
"Me conheces, filho de Loryen?" a voz do monstro reverberava num tom grave que estremecia a todos ali (menos a Leon aparentemente).
"Conheço sua história. Meu mestre me contou sobre a queda do pugilista que foi amaldiçoado pela máscara vermelha"
"Então sabe que devo proteger a Rocha e que não me importo em mata-los caso seja necessário"
"É claro. Neste caso até lhe darei a chance de atacar primeiro"
"Com qual motivo" a voz reverberava num tom menos grave.
"Esta é sua última batalha".

O monstro se ergueu em duas patas, revelando que era bipede, mas muito maior do que se imaginava. Tinha quatro metros de altura e sua máscara cinza era a única coisa que o diferenciava do resto do corpo armadurado de escamas de dragão mas era o detalhe que mais amedrontava os prisioneiros e guardas: parecia estar profundamente acoplada nele de forma que parecia ser sua verdadeira face de dragão. Ergueu os dois braços e soprou fogo contra Leon.

Mas o movimento foi lento e Leon estava já a vários metros do chão. Com o salto, estava exatamente acima do fogo. Leon sorriu e suas manoplas brilharam com a luz do fogo como duas estrelas incadescentes.

Um novo estrondo.
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Contos de Loryanna Empty O Herdeiro (parte final) - A minha guerra

Mensagem por isaac-sky Seg Jun 03, 2013 6:00 pm

Leon havia desistido de uma investida contra a cabeça do gigantesco homem-dragão após o segundo soco com a manopla esquerda. Sabia que a energia da tal manopla só seria suficiente para mais alguns golpes então precisava preserva-la se queria ter chances contra a pele escamada do monstro.

"É assim que filhos de Loryen lutam? Fugindo?" zombou Brogar, girando em si mesmo e quase atingindo Leon com suas garras.

O pugilista tentava atingir uma das pernas e criar um desequilíbrio, mas precisava achar um ponto fraco digno da manobra. Enquanto isso dançava sua arte marcial observando Brogar atentamente.
Um arqueiro qualquer havia tentado atingir o monstro com uma pequena série de disparos, mas todas as flechas se despedaçaram como se fossem feitas de areia. Leon aproveitou para calcular melhor o alcance do homem-dragão e finalmente fez seu movimento.

Os últimos passos para trás levaram até a parede íngreme da Rocha. Leon saltou e fez menção de atacar Brogar no meio do pequeno voo de dois metros. "Ele caiu..." pensou quando girou sobre si mesmo e ficou de cabeça para baixo, desviando do soco do monstro.
A mão do ser ficou fincada na pedra como uma espada fica bem presa na terra. Leon terminou o giro com um chute de calcanhar na região do ombro direito. O impacto surdo ressoou por toda a prisão que já não tinha mais nenhum foco de combate. Quando aterrissou estava em frente as pernas e peito do homem-dragão, e quase consumiu o resto de energia na manopla esquerda no próximo golpe mas Brogar desesperadamente ergueu a mão esquerda para empurrar o pugilista para longe de si.
"Está abrindo a guarda feito um amador" pensou e deu um pequeno passo de ajuste para a direita e chutou a coxa esquerda do homem-dragão que libertou a gigantesca mão direita da parede.

A luta agora havia mudado completamente de forma, Leon mantinha-se muito perto do monstro e aproveitava as óbvias quebras de defesa desesperadas que Brogar cometia ao tentar afasta-lo.
"É...que raio de ponto fraco é esse?" se questionou logo antes de lembrar de uma das últimas conversas com seu mestre

...

"Mais uma vez!" o velho corcunda ainda se mantinha impassível e parecia não estar ali a duas horas com seu aprendiz: um jovem loiro de temperamento furioso.
Leon tentou pela vigésima vez em quatro horas quebrar a defesa de seu mestre mas a cada soco ou chute que aplicava o velho esquivava ou bloqueava e aplicava dois golpes em seguida. O pugilista se sentia quebrado e cansado mas estava determinado a cumprir sua promessa com o mestre e sua própria promessa pessoal.
"Eu vou derrubar você e os ludgerianos..." estava ofegante "...vou te derrubar mestre"
"Então tem que ver o óbvio filho de Loryen"

Tentou uma sequencia diferente com a combinação de voadora, chute giratório e socos rápidos, mas o mestre previu cada um dos golpes e contra-atacou com um soco no estômago do aluno que quase o fez vomitar.
"Cada armadura tem seu ponto sem aço, até o maior dos dragões tem uma barriga mole e vulnerável"
Leon já previa o velho dizer pela milésima vez o lema da sua esquecida arte marcial: "Veja. Sinta. Lute se necessário"

...

"Brogar, lembra do lema da sua luta?" Leon não parou de dançar para mais perto do monstro.
"Veja. Sinta. Lute se necessário" a voz reverberante do homem-dragão parecia chacoalhar até a alma dos homens.
"Então agora que eu vi..." girou e chutou o joelho direito mas Brogar não fraquejou e jogou a mão direita contra o pugilista como num tapa. Leon apenas se abaixou e voltou a avançar, agora era o homem-dragão que tinha uma das paredes contra as costas. "...senti o seu medo e agora eu sei que já venci.
"É muito convencido para ser um dos Pugilistas do Norte" Leon notou que seu medo se misturava a uma frustração quase palpável.
"Mas antes eu queria fazer um acréscimo a esse ensinamento" chutou novamente o joelho direito mas teve de saltar para a esquerda e desviar da nova baforada de fogo de Brogar. Sua máscara vermelha brilhava de forma tão sinistra que parecia um pesadelo encarnado. "Soprar fogo é inútil quando não se acerta e só pode fazer isso de hora em hora..." Leon pensou e sorriu.

O homem-dragão não conseguia mais recuar por conta da parede, então reuniu suas forças e avançou com todo o seu corpo contra o pugilista. Mas Leon também avançou.

Uma joelhada na barriga e um soco tão poderoso no peito que sacudiu poeira por toda a extensão quilométrica vertical da Rocha.

Foi uma sequencia tão rápida que ninguém que assistia conseguia distinguir exatamente o que aconteceu. Quando a poeira baixou todos deixaram cair seus machados, espadas e lanças e ficaram boqueabertos.
Leon estava com a mão esquerda atravessada no peito do gigantesco monstro.

"A droga da sua máscara fica no seu peito Brogar. Séculos matando prisioneiros e nenhum deles reparou nisso?"
"Eles não viram o óbvio" a máscara falsa do homem-dragão começava a se desfazer e os fragmentos caiam no chão como vidro. Aos poucos o monstro diminuía de tamanho e Leon em poucos minutos estava com o braço atravessado no peito de um homem comum de um metro e setenta.

"Brogar, diga seu nome e sua profissão. Foi derrotado em combate justo por um Pugilista do Norte e tem direito a últimas palavras"
O homem moreno que estava atravessado pela manopla de ouro começou a cuspir sangue mas conseguiu dizer:
"Brogar do Deserto, filho de Maruth e quadragésimo sexto membro da Ordem dos Pugilistas do Norte. Condenado a guardar a Rocha com sua vida. Liberto por Leon de Loryen..." e nesse momento deixou de respirar. Os restos da máscara falsa no rosto e a máscara estraçalhada no peito caíram quando Leon o soltou.

O filho de Loryen se virou e ficou espantado com o que viu: todos ao redor dele, desde o piso até o último andar acima, guardas e prisioneiros, estavam ajoelhados em direção a ele.

Os punhos do herdeiro conquistaram a liberdade.

...

Leon usou seu capuz para proteger-se da luz do sol e acostumar-se a ficar tanto tempo dentro daquele local escuro mas o drow Thermes havia subido muito antes e parecia ter um pergaminho novo.nas mãos.

"Vossa graça, a Aliança marcha contra o inimigo...parece ser o combate que vai mudar a história dessa guerra"
"Então vamos estar lá" o pugilista apenas acenou para seus homens e eles deram início a marcha.

Loryanna ansiava por este dia.
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Contos de Loryanna Empty Coração de Armadura

Mensagem por isaac-sky Sex Jun 14, 2013 7:35 pm

OFF: conto que criei para o catálogo do dia dos namorados na skynerd, é ambientado no mundo do 1º mas alguns meses antes do inicio da campanha.

Contos de Loryanna Armadura1
3 meses antes da Guerra dos Cristais:
Janus tinha acabado de ser admitido na cavalaria de Kramorel naquela manhã e a comemoração se iniciava à tarde. Completara 17 anos na quinzena anterior. Desde a guerra dos feudos há 40 anos esta era a primeira geração de guerreiros da cidade que completaram o famoso “caminho do guerreiro” e a festa só se iniciaria depois do juramento.

“Repitam comigo jovens cavaleiros, guerreiros e futuros mestres-de-combate” o comandante Yorak dizia a grande fileira de jovens a sua frente. “Eu prometo guardar e proteger a cidade de Kramorel…”

Janus repetia mas por um instante desviou sua atenção para a parte da platéia reservada aos cidadãos de Khalael. A garota que olhou sorria para ele de uma forma estranha, como se achasse graça de algo que ele não entendia. Janus se perdeu nos olhos azuis da garota e quase não repetiu a próxima frase do juramento.
“…e as treze formações secretas com minha vida. Juro proteger os meus irmãos de batalha com minha espada, minha alma…”

Janus olhou novamente e a garota continuava sorrindo para ele. Seu cabelo cinza era o mais belo que havia visto e parecia refletir a luz do sol quando ela o mexia para dizer algo a amiga ao lado.
“…e minha honra” terminaram o juramento em uníssono.
“Violência é vazia sem propósito e a paz mentirosa quando é feita pela espada” o comandante se virou para o numeroso público. “Tenham orgulho de seus filhos hoje!” todos aplaudiram.
A maior parte era de Kramorel e da cidade-irmã (e rival) Khalael, mas haviam também alguns convidados de cidades distantes do sul e oeste.



À noite os kramorianos armaram gigantescas tendas e iniciaram um grande banquete em comemoração da primeira formatura oficial de guerreiros desde a última guerra. Agora que a aliança com Khalael havia sido refeita e reforjada as previsões para o futuro das duas nações eram muito otimistas.
Bardos de Loryan foram contratados e tocaram baladas heroicas de ambas as cidades.

Na festa, a maioria dos formandos estava com seus pais e recebendo os abraços apertados das mães e os tapinhas nas costas dos pais orgulhosos. Janus não tinha nada disso pois nunca havia conhecido nenhum parente: ele era filho de estrangeiros e abandonado desde que tinha três anos na Academia.
Sentia-se solitário e já não aguentava mais esperar a festa acabar para tirar sua armadura cinza e ir para casa dormir.
Coçou a barba rala e procurou por algum amigo.”Que se dane também” disse desistindo e andou rapidamente para fora do salão do castelo.

Esbarrou em uma garota alta, a derrubando. “Desculpe, você…” era a garota de cabelo cinza da platéia, mas agora que a via de perto Janus notou que ela era centímetros mais alta que ele.
“Armaduras doem cavaleiro. Cuidado por onde anda” ela disse com um sotaque claramente khalaeliano, aceitando sua ajuda para levantar-se.
“P-Perdão senhorita, eu não a vi…” Janus sentia o suor escorrer por suas mãos dentro das manoplas de aço.
“Tá! tá, tudo bem, não precisa gaguejar cavaleiro” ela deu alguns tapas no vestido para tirar o pó e terra.
“M-Meu nome é Janus” ele estava constrangido e sentia seu rosto arder como se estivesse em brasa. “Minha cabeça careca deve estar brilhando com o suor…” pensou.
“O meu é Marah, e costumo ser empurrada por cavaleiros distraídos em festas” eles apertaram as mãos e ambos riram. “Acho melhor eu ir embora, senão minha irmã terá um ataque de pânico como sempre” se retirou apressada, com o cabelo cinza esvoaçando com o vento. O coração de Janus batia mais acelerado mais do que qualquer sessão de treino que pudesse ter com seus colegas de cavalaria.

“Uou Jan! Sabe quem era aquela ali?” a voz com hálito de vinho surgiu repentinamente, quase assustando Janus. Era Mark, o melhor amigo do cavaleiro e igualmente novo membro da cavalaria de Kramorel.
“Quem?” tentou parecer desinteressado.
“A princesa mais nova da família real de Khalael meu caro *hic* Jan. Essa aí é tão alta como uma árvore mas é bem bonita, não? Pena que deve estar *hic* prometida a algum príncipe qualquer”. Janus não gostou desta possibilidade e lutou para não demonstrar a irritação.
“Então acho melhor ir pra casa Mark” o cavaleiro pressionou a nuca do amigo com a mão direita e começou a empurra-lo para fora da festa.
“Ai ai ai *hic* to indo!” choramingou sendo arrastado.



“E então? Conseguiu levar a carta?” Janus treinava com o arco e flecha quando Mark chegou a cavalo. O amigo havia sido encarregado de uma das pequenas companhias responsáveis pela patrulha entre Kramorel e Khalael.
“Que carta?” riu o amigo de cabelos negros mas Janus vestiu-se de sua carranca.
“Enviei, caro cavaleiro de Kramorel” fez uma mesura debochada.
“E o que ela disse?” sua voz se tornava trêmula com o nervosismo. Não se sentia assim desde criança.
“Ela só riu” Mark levantou os ombros e tentou partir. Janus segurou seu braço direito com firmeza.
“Só? Como assim?”
“Ela riu, oras! Eu não sou telepata” se libertou de Janus e andou para fora do pátio do castelo “Cuidado jovem cavaleiro, já quer travar guerras tão cedo?” riu e entrou na fortaleza.



Duas semanas depois Janus a viu chegando na cidade com a pequena comitiva do pai, o lorde de Khalael usava uma armadura branca reluzente e seus cinco filhos o acompanhavam com a guarda de paladinos. Marah parecia ainda mais bela e alta em comparação a última vez que a viu, tinha os cabelos cinzentos presos e usava uma roupa simples de couro para a viagem.

Janus tinha a tarde livre naquele dia e havia combinado de encontrar Marah no hall do castelo, então ali estava com a mão direita pousada no cabo da espada. Reconheceu as duas irmãs da garota, ambas deram risinhos estaladiços quando o viram, tentando esconder seus rostos.
“É pela careca ou porque Marah disse algo?”  pensou mas apenas fez uma mesura simples.
Marah entrou com um vestido de branco ao lado do pai no salão, bela como a luz do sol, mas Janus podia ouvir os múrmurios dos colegas da guarda e suas piadas contidas.
“São tolos por não verem a beleza dela” dizia a si mesmo quase sempre que ouvia algo de Marah. A garota era alta, e algo nos kramorianos os tornava tencionados a não gostar de gente alta. “É tudo por causa daquela guerra”.

Marah sorriu para todos os cavaleiros, senhores e senhoras do castelo, mas sutilmente se demorou mais ao olhar Janus. O cavaleiro sentiu o rosto e as orelhas ficarem vermelhos e quentes feito brasa, e sorriu nervosamente, entretanto ninguém além dele notou a troca de olhares mais fulminante que uma flecha inflamada.

O lorde de Khalael, Mythas, subiu para os aposentos do lorde de Kramorel acompanhado de alguns de seus guardas. Um jantar foi servido e rapidamente todos estavam bebendo o hidromel e os filhos e filhas de Mythas se sentaram a mesa com os outros jovens nobres.
“Jovens demais” Janus tinha se esquecido como a guerra tinha levado tantos deles, e agora só restavam os mais jovens e novos: nobres, cavaleiros, até mestres de armas.
Tinha perdido Marah de vista mas seu coração parou quando ela se aproximava com passos lentos e gentis.

“Não vai se sentar cavaleiro?”
“E-Eu já estava de saída” se sentia idiota por suar pelas mãos novamente e não estar usando a manopla.
“Que ótimo, então vai poder me mostrar os jardins de seu castelo” ela prontamente colocou seu braço ao redor do braço esquerdo do cavaleiro. Pode sentir a pele suave da khalaeliana em seu braço e por conta disso sentia o rosto em brasa.

O jardim que ficava atrás do castelo não era o maior ou o mais bonito do mundo na opinião de Janus, mas naquele dia parecia ter algo de diferente que não notava. Os carvalhos altos cobriam melhor o sol do que antes e pela primeira vez Janus notou que o lugar tinha um certo perfume suave.
“Ou seria o perfume dela?”

“E então nobre cavaleiro. Vai ficar quieto ou vai me dizer…”
“Não me chame assim” interrompeu bruscamente.
“Do que?”
“Nobre. Eu não tenho nada de nobreza. Eu…”
“Tudo bem Janus” a repentina compreensão de Marah surpreendeu o cavaleiro. Marah o abraçou e encostou sua cabeça sobre seu peito. “E de Jan, posso chamar?”
“Sim” o coração batia cada vez mais acelerado.

Tudo parecia estar congelado. Um retrato vivo da felicidade e paz. Principalmente paz. Ela ergueu a cabeça e fez menção de beija-lo.
O grito de uma das irmãs estilhaçou o retrato e jogou os dois de volta a realidade, se separando rapidamente.

“Ah! Te achei Marah. Vamos, o pai nos chama”
“Até mais Jan” disse correndo com a irmã para o castelo.



Janus leu a carta pela décima vez, mas até agora via alguma nuance ou detalhe que lhe dava mais prazer em ler inteira.
“Caro Sir Janus. Sinto a mesma grande vontade em revê-lo mas temo que a distância entre Khalael e Kramorel não torne isto possível no momento. Também não quero lhe distrair de suas obrigações como membro da Guarda de Kramorel…” Janus também não queria distrai-la de seu treinamento como clériga de sua cidade (obrigação dos irmãos mais novos da família real de Khalael).
“…mas acredito que poderemos nos ver no torneio dos Irmãos. Irá competir? Adoraria vê-lo em uma justa, eu torceria por você…” sorriu ao ler aquilo.
“O que é engraçado Janus? Por acaso eu fiz alguma piada?” o sargento Yro interrompeu a leitura. Entre os cavaleiros novatos daquela sala, somente Jan não prestava atenção.
“Não senhor”
“São tão imaturos que ainda cheiram a fruta verde mesmo. Novamente! Veem o mapa? Precisamos de homens para a patrulha da fronteira nortenha. Alguns de vocês serão escolhidos e espero que cumpram seu dever corretamente”



O torneio dos Irmãos teria Kramorel como sede naquele ano, então tudo foi preparado para que ocorresse na famosa Planície de Guerra, palco das antigas lutas e desavenças entre Khalael e Kramorel, as cidades irmãs. Era um campo verde que se estendia por quilômetros e quase completamente plano, apenas se desnivelando em pequenas ondulações que poderiam ter sido colinas milhares de anos atrás. Tendas foram erguidas e o terreno, que ficava a poucos quilômetros do castelo, foi preparado para as justas e os combates corpo-a-corpo.
Janus foi um dos cavaleiros sorteados para a terceira justa do dia e seu oponente era um jovem, mas muito famoso, paladino de Khalael chamado Aahbran.
Ele e o cavaleiro se ajoelharam perante o lorde de Kramorel e o lorde de Khalael e montaram em seus cavalos, assumindo as posições opostas.

Marah estava na platéia e acenou para o cavaleiro que se sentiu mais forte do que cinco minutos antes. Podia se contar nos dedos quantos novatos na história do torneio haviam vencido sua primeira justa.
Janus baixou o visor do elmo e apontou sua lança para frente. Sua armadura cinza reluzia ao sol do meio-dia quase tanto a armadura branca do paladino. Esporearam os cavalos e correram por alguns metros antes de Mark entrar de repente no meio do terreno.
Os dois frearam bruscamente antes de se encontrarem e Janus correu com o cavalo para perto do amigo todo ensanguentado.
“O que aconteceu Mark? Mas o que é…” Mark tinha sido escolhido para ser um dos novos patrulheiros da fronteira Norte e sabia que era um caminho muito longo, notou que seu cavalo espumava e parecia quase tão ferido quanto o cavaleiro.
“I-Invasão. Lud…” tossiu sangue enquanto Janus o tirava da cela e o colocava com cuidado no chão. “Ludgerianos. Eles…eles são capazes de…” tossiu mais e alguns clérigos de Khalael se aproximaram oferecendo os seus poderes de cura, mas Mark tinha vários cortes pelo corpo que sangravam muito “…eles tem poder antigo amigo. Eles quebraram a fronteira. Corram, corram pra…” e desfaleceu ali mesmo.
“Mark! Mark seu desgraçado…” gritou pela perda do irmão de batalha.

“Exército! Exército a frente!” um soldado apontou para o ponto vermelho que surgiu no vale a frente.
“São…são cavaleiros! Arqueiros! Preparar flechas e defendam esta posição. Onde estão os lanceiros? O resto para o castelo!” ordenou o senhor de Kramorel. “Não fiquem até eles chegarem. Roek, convoque a guarda principal, quero esses cavaleiros repelidos antes dos arqueiros terem que fugir”.

A maior parte dos kramorianos e dos khalaelianos tentou manter a calma na retirada, mas o grande número de pessoas tornava o processo muito lento. “Não vão conseguir…” pensou Janus e procurando por sua amada desesperadamente. O ponto vermelho havia se transformado numa nuvem vermelha de cavaleiros vestindo armaduras cor de sangue.
Quando se deu conta, Janus estava correndo com outros cavaleiros ao seu lado, prontos para atingir os flancos do exército vermelho. O paladino estava ao seu lado direito.
“Acho que é um pé frio cavaleiro. Mas pretendo resolver essa justa de outro jeito então” ele disse erguendo a lança. Janus fez o mesmo.

Era uma visão improvável. As guerras e batalhas entre as cidades irmãs haviam terminado havia décadas mas ninguém nunca imaginaria que os dois povos tão distintos um do outro estariam ali, lado a lado lutando contra um inimigo em comum.
O paladino gritava “Khalael” e Janus gritava “Kramorel” mas sabiam que seus gritos seriam abafados pela cavalaria vermelha.
“São cinco pra cada um aqui…” pensou o cavaleiro depressivamente, mas ele tinha alguém para defender e não deixaria que ninguém passasse por ele.

“Formação Um!” esbravejou Yro e os cavaleiros de Kramorel criaram a famosa linha-da-muralha. Os khalaelianos não conheciam as preciosas treze estratégias de Kramorel, mas sabiam o que aquele movimento queria dizer e então fortaleceram a muralha assumindo os espaços mais para trás que aqueles poucos cavaleiros não podiam cobrir.

O impacto foi ensurdecedor. Janus derrubou dois cavaleiros antes de estilhaçar sua lança e ser obrigado a puxar a espada curta da bainha. Não era uma boa arma para a situação mas teria que improvisar.
Os cavaleiros vermelhos não recuavam e simplesmente eram moídos quando derrubados de seus cavalos pela muralha. Não demonstravam medo mas seus gritos eram tão estridentes que pareciam doer de outros ferimentos e não dos causados pelas espadas. Janus quase parou ao notar que o sangue dos homens vermelhos era negro, mas os cortes que fazia eram quase automáticos.
“O medo é o ariete que o inimigo usa contra sua mente…” lembrava das lições da Academia e das palavras do mestre de armas Toraz.

Haviam derrubado um bom número de ludgerianos mas a cada soldado derrubado dois surgiam para substitui-lo. Os arqueiros faziam seu trabalho com os cavaleiros na retaguarda e flanco direito, mas o sol estava na frente deles e não dava oportunidade de boa mira.
“Recuar! Recuar!” gritou Yre. “Formação cinco! Khalaelinos, flancos! Flancos!” Os clérigos e paladinos entenderam e assumiram os flancos dos cavaleiros em formação de seta.

Ganharam tempo suficiente para que a maior parte da platéia do torneio estivesse perto dos portões do castelo, mas grande parte ainda estava no meio do caminho e longe das muralhas da cidade.
“Não vai dar tempo!” Janus murmurou para o paladino ao seu lado. Ele apenas assentiu e deu meia-volta.

Janus saiu da formação dos cavaleiros e seguiu o cavaleiro branco. Outros khalaelianos os seguiram e assumiram uma espécie de fila, correndo em direção dos vermelhos.
O cavaleiro cinza escutou Yre gritar algo, mas já estava longe. “Os cavaleiros vão se reunir nas muralhas e voltar com um número maior. Somos só uns quinze, como vamos parar eles sozinhos?”
“Já ouviu falar da magia de Khalael cavaleiro?” o paladino ergueu a sua espada e gritou para seus irmãos “Espada da luz, corte a terra e queime nossos inimigos!” os khalaelianos ergueram as espadas e cada uma delas acendeu uma flâmula branca extremamente quente. Formando uma linha, cortaram o chão com as flamulas e ergueram o fogo branco como uma barreira gigantesca.

“Isso vai segurar por algum tempo…” o paladino estava ofegante e pálido, seus homens também pareciam exaustos.
Alcançaram as muralhas da cidade e se reuniram com os cavaleiros cinzentos de Kramorel.
“Vou ter que lhe tirar a espada para que me obedeça Janus?” Yre estava furioso mas o cavaleiro sabia que não era exatamente ele o motivo.
“Não senhor!” respondeu prontamente.
“Então quando eu ordenar algo eu espero que faça como eu disse. Homens! Sua cidade e sua forja são atacados por estes monstros vermelhos que espirram tinta ao invés de sangue. Não importa se são mortos ou as aberrações dos pesadelos nortenhos, eles querem tanto kramorianos como khaelianos. Orgulhem seus pais e mostrem como os irmãos são fortes!” gritou e todos esbravejaram juntos.
“Primeiro batalhão. Formação um! Segundo e terceiro batalhão, formação três” Os cavaleiros assumiram um complexo posicionamento que cobria toda a extensão dos portões de entrada da cidade e alguns dos muros.

Um oficial de Khalael ordenou que seus homens se posicionassem no meio dos homens da formação dos kramorianos. “Nenhum homem cai quando um clérigo está ao seu lado! Não cairemos irmãos!”

Janus conseguiu outra lança mas esta era mais pesada e por conta de seu braço dolorido ela pendia abaixo da posição de combate. Era do terceiro batalhão ali formado e reconheceu dois colegas de Academia logo a sua frente.
“Eles mataram o Mark…eles mataram o Mark…” ele sussurrava enfurecidamente. Janus nunca havia mostrado o potencial necessário para invocar o poder oculto que todo soldado de Kramorel possuía: a fúria de Kramorel havia se tornado lendária e o homem que podia usa-la era capaz de criar uma muralha de inimigos sozinho.
Mas ninguém a usaria por enquanto, era preciso estar muito consciente para manter a formação. “Somente quando tudo estiver perdido…”

“Melhor segurar a arma direito Janus” uma voz feminina quebrou seu pensamento. “Não se preocupe eu…Marah!” ele a reconheceu mesmo com o elmo pontiagudo de paladino.
“Não acha que eu ia ficar e só torcer pelo meu campeão agora não é?” ela pareceu sorrir.
“Vai acabar se machucando” ele protestou.
“Não se manter sua posição meu cavaleiro. Sou uma clériga, vou te manter vivo kramoriano”
“Lá vem eles!” gritou um dos arqueiros posicionados no alto da muralha. Atiraram as flechas com precisão, mas a coluna vermelha continuava impassível.

O choque ergueu os vermelhos como uma onda se quebrando em uma rocha, a formação kramoriana e o trabalho dos clérigos os tornou quase impenetráveis.
Janus se concentrou em matar os soldados com as estocadas de sua lança, mas um dos ludgerianos cortou o cabo com sua espada e obrigou o cavaleiro a defender-se com o escudo leve com a mão esquerda. Um dos seus colegas de academia derrubou o vermelho e deu tempo para que Janus pudesse tirar a espada longa da bainha.
Marah murmurava o tempo todo e os ferimentos que o cavaleiro constantemente ganhava eram fechados com a mesma velocidade em que eram criados.
“O poder de um clérigo não deve ser subestimado nunca…” lembrava das aulas de história.

A muralha aguentava por mais de meia-hora mas a tropa dos cavaleiros vermelhos não se intimidava e permanecia o dobro da tropa de Kramorel e Khalael. “Vamos cair. Vamos cair diante desses monstros” disse Janus a si mesmo.
“Formação um! Avante! Formação três, flancos e avante!” Yre ordenou e numa manobra desesperada a muralha de soldados tentou engolir os ludgerianos com uma formação em “U”. Janus estava no flanco direito e logo atrás vinham Marah e o paladino.
Cortava e corria com fúria mas sabia que seria extremamente fácil ser derrubado onde estava no campo de batalha. Virou a cabeça para saber quantos ainda corriam atrás e repentinamente deu meia volta quando viu Marah ser derrubada do cavalo por um dos vermelhos.

Seu cavalo foi golpeado e Janus quase caiu junto com ele antes de saltar da sela. Ergueu espada e escudo e ficou entre o vermelho e sua amada. Derrubou o primeiro, depois o segundo, o terceiro e quando se deu conta da quantidade de corpos e sangue negro ao seu redor, estava rodeado por ludgerianos dentro de sua formação.
Sabia que era única coisa entre os soldados e Marah e isso criou um impulso tão poderoso nele que o cavaleiro se perguntou caso os detentores do poder da Fúria de Kramorel se sentiam assim.
O tempo pareceu passar muito mais lentamente e os ludgerianos quase não se movimentavam. Aquilo não era a Fúria, era algo muito maior.

“Escória cinzenta, vou ter que matar eu mesmo?” um homem encapuzado e de vestes negras se aproximou e, erguendo uma espada azulada, fez um corte vertical em direção ao peito do cavaleiro. O escudo se partiu ao meio como se fosse formado por manteiga. Janus segurou sua espada longa com as duas mãos e duelou com o misterioso homem.
Tentou xinga-lo mas não sentia a língua pesada como também não sentia sua mão direita, cortou o ar e quando a espada azulada bloqueava, o impacto criava faíscas. “É magia. Um mago…”
Sentia que iria perder e tropeçou para a direita quando seu pé deslizou na grama gosmenta e umedecida por sangue. O mago aproveitou a vantagem e ergueu a espada para cortar o ombro do cavaleiro.

A espada azul caia como uma folha caía no outono.
Era lenta. Muito lenta.

Janus se recuperou e reassumiu sua posição de defesa e bloqueou com a espada em punho. O mundo parecia desacelerar ainda mais e então o cavaleiro viu o mago pendendo estupidamente para o lado esquerdo. Girou e ergueu a espada.
O corte no pescoço quase arrancou a cabeça do necromante e ao mesmo tempo em que seu sangue vermelho e quente foi derramado, todos os soldados vermelhos viraram pó.

O cavaleiro não podia acreditar no que via. Armaduras de cor escarlate estavam espalhas no chão. Vazias.
Marah e o paladino encontraram Janus somente alguns minutos depois por conta da poeira que formava uma nuvem na planície, estava deitado no chão sangrando no ombro direito graças a um corte gigantesco que atravessou a armadura e cota de malha. Tinha também inúmeros cortes pequenos e sua placa de peito estava amassada.



Janus acordou num quarto estranho. A luz forte do sol começava a brilhar na janela e aos poucos o cavaleiro se acostumou a falta de luz do lugar até ver que Marah estava sentada ao lado da cama.
“Achei que não voltaria Jan…” ela disse com um largo sorriso, tinha os olhos inchados de choro.
“A…A batalha!” Janus fez menção de se levantar mas prontamente a clériga o segurou.
“Vai acabar abrindo os pontos se levantar Jan. Vencemos a batalha, graças a você”
“Eu? O que eu fiz foi…caramba, como eu fiz aquilo?” as lembranças da batalha vinham aos poucos e o momento do duelo era quase um sonho.
Marah colocou as mãos sobre a mão direita do cavaleiro “O que fez foi quase se matar. Eu te disse que não ia deixar você morrer” ela o beijou suavemente em sua face direita. “Descanse meu campeão, temo que mais batalhas aguardam nós dois” ela parecia feliz mas ao mesmo tempo preocupada.

Janus entrelaçou seus dedos nos dedos de sua amada. “Não deveria voltar para Khalalel? Se há uma guerra é melhor…”
“Eu não vou abandonar você e nem o nosso exército. Se vai cavalgar então estarei ao seu lado”
“Não quero que se machuque”
“Eu não estou de cama” Marah tinha apenas alguns cortes no braço direito e pequenos arranhões no rosto. Parecia ainda mais bela com seus olhos azuis e cabelo cinza khaeliano. Janus se limitou a sorrir e fechar os olhos por um instante.
“A guerra vem do norte…pelo menos estou do seu lado” ele se curvou para beijar os lábios de Marah.

Sentiu o mesmo poder que havia sentido no duelo, mas dessa vez o mundo desacelerava no momento perfeito…

Fim da 1ª parte.
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Mensagem por isaac-sky Qui Jun 27, 2013 5:45 pm

Clevas estava curvado e ajoelhado diante do pequeno púlpito da capela e ainda tinha a carta de seu irmão nas mãos.

“Irmão, hoje temos guerra. O exército vermelho dos ludgerianos marcha contra todos e só deseja a morte…” o clérigo lia pela milésima vez enquanto misturava as palavras da carta com sua prece a Elohim.
“…o norte chora e o sul sangra. Eles agora marcham também contra Kramorel e em breve nossa casa Khalalel. Precisamos do apoio de todos…”
“Todos? Até mesmo desses…oh Grande, me mostre o caminho”

“Deixe o que é atemporal e eterno lhe mostrar que é o certo a fazer. Convoque e forme a companhia. Em amor e paz, seu irmão Porter” Clevas ainda se manteve curvado. Sua cabeça calva por conta da idade doía ao pensar no pedido do irmão comandante dos paladinos de Khalael. Sentia pela primeira vez a idade pesar contra seus ombros mesmo que ainda não tivesse um único fio branco em sua barba e escasso cabelo.
“Mestre Clevas, os cavaleiros chegaram” disse o pequeno intendente da capela.
O clérigo pegou seu elmo branco e o colocou sobre a cabeça. Se ergueu imponente com sua grande altura e ajustou a maça no cinto e escudo nas costas.
“Ora pela vitória mestre?” os olhos do intendente pareciam brilhar como se estivesse vendo um conto de cavalaria bem a sua frente.
“Oro pela paz meu filho. Vamos…”
O céu era cinzento e garoava no barrento chão do lado de fora da capela. Vinte homens de armadura cinza estavam em seus cavalos e aguardavam com a fina chuva caindo sobre seus elmos.
“Yro, agora coronel não é?” Clevas conhecia Yro desde o tempo em que eram jovens inconsequentes e rivais nas justas e duelos.
“E você mestre dos clérigos. Nunca achei que viveríamos tanto pra chegar nesses postos” o truculento coronel riu com sua voz grave. “Está pronto para a guerra amigo?”
“Nunca se está pronto” Pensou mas respondeu apenas acenando com a cabeça. O pequeno intendente trouxe o cavalo branco de Clevas e recebeu as últimas ordens do mestre. “Mantenha as aves vivas e circulando e a capela em seu devido estado”
“Boa sorte mestre” o intendente não podia ter mais de dez anos, Clevas sempre suspeitou que o garoto mentira a idade para se juntar a ordem.
“Cuide-se garoto. Avançar!”
A comitiva avançou rapidamente pelas planícies esverdeadas da estrada Khalael-Kramorel e o silêncio era o vigésimo segundo homem.
“Recebeu as novas amigo?” Yro foi o primeiro a falar em horas.
“Atacaram Kramorel e algumas outras cidades. Kramorel foi a maior a ser atacada até agora”
“Os mortos caminham com eles” disse um cavaleiro de cabelos longos e negros.
“Há, assim como os dragões e vampiros. Você não tem mais cinco anos Kras” o rosto do outro cavaleiro era cheio de cicatrizes e marcas de queimaduras.
“Eu comandei a defesa no dia irmãos, e digo que se não tivesse visto os mortos andarem, atacarem e não sentirem dor, eu não teria acreditado”
“Mas no fim conseguiram derrubar o necromante” Clevas conhecia a notícia muito bem.
“Janus maluco, mas fez o que ninguém teve coragem” Yro pigarreou e mandou todos avançarem mais rápido.

Entardecia e a chuva amenizava quando a comitiva chegou no castelo da ponte. A travessia no grande rio Dareq era feita através da ponte de pedra, criada a tantas eras que era mais antiga que os registros mais velhos de Kramorel e Khalael.
Apesar de simplório, o castelo de quatro torres defendeu as duas cidades inúmeras vezes, sendo que até Clevas e Yro fizeram parte da guarda em um desses episódios.
“O Rio de Sangue” Yro murmurou lembrando o clérigo do fatídico dia.
Clevas se lembrava bem do velho e gorducho castelão que os recebeu quando fugiram dos inimigos estrangeiros. Aquele era o lugar onde a fronteira era defendida dos ambiciosos Tyran e dos Lobos de Sangue.
“Nunca achei que viveria para vê-los novamente” o castelão estava mais gordo e velho naquela tarde cinzenta.
“O velho Wres continua gordo e velho como sempre. Achei que poderia ver a ponte em alguma outra oportunidade além da guerra”
“Até mesmo Yro se sente velho quando se lembra daqui” Clevas pensou ao perceber o pesar na voz do amigo kramoriano.
“E Clevas, finalmente se tornou mestre dos clérigos não? Haha, sabia que não conseguiria antes de ficar careca” Wres gargalhou junto com Yro e alguns dos homens, mas Clevas se limitou a apenas sorrir.
“E como vão as coisas por aqui?” o clérigo já se sentia ansioso com a possibilidade de não encontrar quem procurava ali.
“Uns vermelhos perdidos de vez em quando, nada que arqueiros não resolvam como treino hehe. Mas entrem pessoal, precisam sair dessa chuva deprimente”
A comitiva foi recebida com um jantar simples mas muito satisfatório graças ao javali que um dos soldados havia caçado no dia anterior.
Clevas se sentou ao lado do castelão na grande mesa de madeira e aproveitou o barulho dos homens para dizer silenciosamente por cima do ombro de Wres:
“E o Garoto do Manto? Não vi ele na entrada e nem aqui no salão”
“Ele não gosta muito de público. Ele…ele não costuma sair muito da biblioteca” disse o castelão no mesmo tom.
A descrição do irmão na carta era coerente com esse detalhe, então Clevas pediu licença para retirar-se da mesa e subiu as escadarias da primeira torre.
A biblioteca da torre era larga o suficiente para abrigar os livros de forma eficaz, mas tinha um certo ambiente opressor como se houvesse ali pouco espaço para manter tantos livros em suas estantes. Era diferente do que o clérigo se lembrava.
“Foi você que arrumou esse lugar? Na minha época isso aqui não passava de duas estantes”. O Garoto-do-Manto estava sentado em frente a uma pequena mesa lendo um grosso livro de capa de couro.
“Não sozinho” respondeu com um forte sotaque de um morador do deserto. “O Garoto-do-Manto nasceu no deserto do sul e veio para cá muito novo, ele deve a nossa família muita coisa e não vai poder negar seu chamado…” dizia na carta.
“Sabe por que estou aqui garoto?” Clevas deu alguns passos na direção do jovem de manto, seu rosto estava escondido pelo capuz mas por ele o clérigo podia notar que ele tinha os traços negros dos moradores do grande deserto.
“Sei. Seu irmão andou mandando umas cartas…” a voz tinha um ar de cansaço.
“Então vai se juntar a Companhia…não sei seu nome ainda”
“Eu só digo meu nome pra quem eu mato” disse ele tirando o capuz. “Pra você sou só Manto”.
“É um adolescente. Um garoto, não deve ter mais que 15 anos” Clevas escondeu bem a consternação e assentiu com a cabeça. “Amanhã partiremos para o norte. Prepare suas coisas e…”
“Diga” o garoto ainda era sombrio sem o capuz.
“Não importa o que seja garoto, mas eu não trabalho como um assassino. Se sair da linha não vai haver perdão” e com a advertência o clérigo se retirou e apenas ouviu um resmungo como resposta.
“Khalael…todos iguais”

A noite tinha sido quieta e suficientemente revigorante para Clevas, mas no alvorecer encontrou Yro na mesa do salão concentrado em um pergaminho.
“Notícias ruins chegaram amigo. Os vermelhos estão agora também na fronteira do leste. Dente-de-aço já não pode aguentar sem reforços”.
“A chuva de ontem era apenas o começo…o castelo do leste, mas como?” o clérigo socou a mesa involuntariamente.
“Eles estão espalhados Clevas, não tem como saber onde vão atacar em seguida. Lorde Ravre exige que eu organize homens para fortalecer Dente”.
“Se o lorde de Kramorel lhe ordena então deve ir” Fazer a viagem sozinho não estava nos planos do clérigo.
“Posso deixar alguns dos cavaleiros com você…”
“Não, é melhor irmos só nos dois, precisa de todos os homens para defender um castelo e não escoltar”

Estavam montando nos cavalos novamente e assim como no dia anterior chovia mas por enquanto era um chuvisco suave.
“Que Elohim lhes protejam” Clevas gritou para os kramorianos. Manto estava distraído olhando para o rio que dividia o território Kramoriano-Khalaeliano dos reinos nortenhos.
“Que o seu aço lhes proteja” respondeu Yro e esporeou o cavalo na direção sul com seus soldados.
“Já foi ao norte Manto?” disse Clevas virando o cavalo para a ponte.
“Só uma vez. Não gostei de lá” parecia tão desinteressado que o clérigo se perguntava se o garoto conhecia realmente a missão.
“O povo do deserto geralmente não gosta do frio”
“Não é pelo frio, velho khalaeliano. É o povo. Este povo odeia ouvir verdades” esporeou o cavalo e correu para a estrada.
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Mensagem por isaac-sky Qua Jul 17, 2013 5:59 pm

“Chuva…só chove nessa droga de terra!” Manto esbravejava com a cabeça virada para o o céu, mas logo em seguida ria tanto que parecia um lunático. Clevas e Manto viajavam a cavalo faziam três dias e logo estariam na região norte do continente. Clevas já havia se acostumado ao humor inconstante e aleatório do jovem do deserto e Manto parecia estar mais disposto a ouvir o que o sábio e reservado clérigo tinha a dizer.

A chuva incessante dos últimos dias havia aumentado o peso da viagem inteira mas naquele momento era apenas uma garoa fina.
“Vai reclamar por cada mudança climática Manto? Achei que o povo do deserto era duro o suficiente para aguentar qualquer ambiente” provocou Clevas com sucesso.
“To com cara de quem tá sofrendo velhote? E você tomando essa chuva, na sua idade não é perigoso?” retrucou Manto com uma risada monocorde. O clérigo deixou o sorriso morrer quando escutou o som distante de madeira e metal batendo “Um lenhador por estas terras? Não…”. Manto pareceu ouvir também e levantou sua cabeça para escutar melhor. Decidiram avançar com maior cautela.

Meia-hora se passou e ambos encontraram uma discreta trilha que se adentrava na grande floresta. O som seguia por aquele caminho.
“Quer ir explorar velhote? Eu vigio a retaguarda” Clevas começava a gostava do modo como o garoto era precavido na maior parte do tempo. Criava certa esperança no que o irmão havia dito na carta.
Desmontaram pois a floresta era densa naquele ponto e os animais não passariam montados. Com uma mão na maça firmemente embainhada em seu cinto e a outra levando a correia do cavalo Clevas começou a andar pelo sinuoso caminho com Manto logo atrás de si.

O som havia se modificado e mais se parecia com uma batalha corporal mas cada vez mais alto. Um grito despertou a total atenção de Clevas
“Não. Não!”
Deixou o cavalo e desembainhou a maça de aço, pronto para enfrentar qualquer tipo de inimigo Vermelho ou não.
Mas aquela briga era estranha. Curiosamente estranha. Era um acampamento rústico, um casebre e uma fogueira, bem no centro da pequena clareira.

Clevas estancou e ficou observando a mulher de cabelos negros segurando o jovem de cabelos castanhos. Ele estava de costas para ela e de joelhos, com o cabo do machado de duas mãos pressionado em sua garganta. Os olhos dela tinham a cor branca por estarem sem pupilas “A fúria de Kramorel?“

“VAI ME DIZER AGORA QUEM ERA?” a garota não pareceu notar o clérigo.
“Tá me…sufocando Lareh!” o garoto tinha as vestes verdes comuns dos magos nortenhos.
Manto chegou logo em seguida, quase tão abismado quanto Clevas. “Achei que a gente ia ter ação hoje, pff” disse rolando os olhos em seguida. “Mas calma ai, eu to vendo o que estou vendo?”
“Depende, está vendo uma garota de armadura estrangulando um mago?”
“Vai interferir?”
“Não”
“Ok então” Manto se sentou na grama e Clevas guardou a maça em seu cinto. Ambos observaram até onde aquela bizarra cena iria mas o clérigo já tinha ideia do que aconteceria se os últimos rumores de Khalael e Kramorel fossem verdadeiros.
“Ela não vai matar ele?” Manto limpava as unhas com uma faca de caçador.
“Não. Ela não faz pressão o suficiente. Quer assustá-lo” cruzou os braços.

O mago conseguiu se virar o suficiente para encontrar seu olhar com o de Clevas. Então apontou e disse esganiçante “Lareh…visita” repentinamente a cor das pupilas da garota voltaram, tirando a pressão sobre o machado.
Ela observou o imponente clérigo de armadura tão branca e reluzente por alguns instantes, tempo suficiente para que Manto se levantasse e formasse sua pose de batalha com as mãos levantadas em horizontal ao seu corpo.
“Sou Clevas, mestre clérigo de Khalael. Este é meu escudeiro Manto” disse antes que surgisse qualquer hostilidade por ambas as partes. Estranhamente, o mago parecia ter esquecido do sufocamento com o cabo do longo machado e deu alguns passos na direção dos dois massageando o pescoço.
O tal mago pigarreou e tossiu algumas vezes antes de se apresentar. “Meu nome é, ahem, Mythar e esta aqui é minha…”
“EU SOU A ESPOSA DELE!” ela gritou erguendo o machado em direção do mago como se o mesmo tivesse feito alguma grave ameaça de mentira.
“…esposa Lareh” terminou Mythar com um suspiro cansado. “Somos moradores da floresta, membros da Sociedade dos Vigilantes e, bem, desculpe recebe-los em momento tão impróprio” disse erguendo o pequeno anel com o síumbolo dos Vigilantes. “Uma ordem de herois e malucos”

Clevas exibiu um sorriso cortês e se aproximou dos dois, Manto seguiu logo atrás.
“Nós é que chegamos sem ser avisados. Estamos viajando em direção ao noroeste e acabamos achando que fosse uma batalha. Os ludgerianos estão bem espalhados por ai” deu um aperto de mão firme para cumprimentar o mago.
Lareh cuspiu para o lado.
“Esses vermelhos diabólicos vão se ver com meu machado. Semana passada matamos meia dúzia deles”.
“É…desculpa interromper aqui mas só eu que não entendi por que estavam se matando e agora estão err…” Manto perguntava ainda a uma distância segura do mago e da guerreira. Eles se entreolharam e Lareh lançou um olhar carrancudo para o mago que apenas levantou os ombros de forma submissa.
“O problema é que alguém aqui esquece que é casado com frequencia” ergueu o machado novamente.
“Já te disse Lareh! Era uma elfa da floresta perdida…”
“E DESDE QUANDO ELFOS DA FLORESTA SE PERDEM!?”
“Está ficando histérica de novo amor” o mago tentava acalmar a guerreira antes de uma nova briga.
“QUEM TÁ HISTÉRICA AQUI?”



Mythas e Lareh ofereceram o acampamento do lado de fora do casebre para que Manto e Clevas passassem a noite. O clérigo ia ajudar a guerreira a pegar mais lenha enquanto o mago e Manto cuidariam da fogueira e preparativos para o jantar.
“Vai, diz logo” ela cortou o silêncio e por entre as árvores da floresta buscava a madeira ideal com seu machado apoiado no ombro direito.
“Dizer o que senhora?” Clevas tinha conhecido outras mulheres guerreiras nas terras estrangeiras quando lutou em guerras, mas esta em especial era a mais jovem que havia visto. “Todos os jovens de Loryan precisaram amadurecer tão rápido assim? Ou seu eu que estou velho demais?”
“Que eu mais me pareço com um homem e Mythas parece a mulher” era uma ofensa bem comum proferida aos dois pelo visto.
“Por que diria isso?”
“Todos dizem isso. Todos zombam de nós. Ninguém parece querer entender porcaria nenhuma. Por isso ficamos por aqui…longe”

Clevas parou no meio da caminhada. “Então me conte o que ninguém entende jovem guerreira, sou velho, gosto de ouvir as histórias dos outros” Lareh se virou com a mesma carranca que jogou contra o mago verde.
“Eu e Mythas nascemos em vilas vizinhas. Nos conhecemos quando caçavamos bandidos…pra ser mais exato eu salvei ele” deu um sorriso que quebrantou a postura de dureza que a protegia do mundo. “Nós nos amamos muito clérigo, e quero protege-lo. Mythas é tão ingênuo e coração-mole que é capaz de ajudar um ladrão a roubar seu próprio cavalo”
“Proteger até mesmo de uma elfa perdida?” Clevas sorriu também. Lareh enterrou o machado na árvore a sua direita e os olhos desfocando novamente numa quase-brancura.
“De qualquer coisa!” Três arvores cairam ao mesmo tempo.
“A fúria de Kramorel…meu Deus, ela possui esse poder!”



Clevas e Lareh voltaram carregados de madeira para a fogueira. Mythas já terminava de cozinhar algo no caldeirão acima da fogueira, então o acampamento exalava um suculento cheiro de jantar.
“Grimórios são pra criancinhas. Um mago de verdade sabe todos os seus poderes de cor!” Manto parecia estar numa acalorada dicussão sobre magia com Mythas.
“Se continuar pensando assim vai acabar explodindo porque se confundiu com uma delas” o mago tinha cabelos loiros característicos do povo daquela região mas os olhos verdes eram tão raros que era óbvio de que o garoto tinha um pai ou mãe estrangeiros. A garota pelo contrário tinha cabelos e olhos tão negros que pareciam carvão.
“Mythas…” ela disse puxando o mago pelo ombro para um canto mais afastado da clareira.

Manto se sentou e girou uma pedrinha entre os dedos. “São pessoas interessantes. Praticamente todo viajante que conheci por essas estradas queria ou me matar ou me prender, é diferente agora haha”.
“Aposto que não se esforçava muito pra não chamar a atenção” sentou-se em frente da fogueira que começava a perder força.
“Não se reprime gênios. Eu não posso não chamar a atenção” disse olhando para o mago e guerreira em sua não-audível conversa particular.
“Ela parece mais calma agora” pensou e tornou a olhar para a fogueira que havia se apagado.
“É bizarro…Os dois tinham tudo pra se odiar, pra se matar. Os nortenhos são esquisitos pra…”
“Eles não são uma exceção tão grande Manto. Kramorel e Khalael serem aliados hoje já é um exemplo de como os tempos mudam” os dois se abraçaram longamente e voltaram para a fogueira, mas a expressão de raiva de Lareh se esvaneceu.
Clevas estendeu as mãos e fez uma curta prece. O fogo se acendeu novamente.



“Conhece alguma canção do seu povo clérigo?” Lareh perguntou com a cabeça recostada no ombro direito de Mythas. Após o jantar estavam conversando em volta da fogueira.
“Não canto nada faz muito tempo garota…” mas disse apenas “Não costumo cantar minha jovem”
“E o de capuz?” Manto não parecia ser a pessoa mais disposta a cantar. Mas para a surpresa de Clevas ele iniciou uma cantiga monocorde do povo do deserto.

Clevas não se lembrava muito bem do que tinha aprendido da língua do povo desértico, mas lembrava-se muito bem da tradução do refrão.


“Pelo deserto nada cresce.
Nossa vida é sem prece.
Nascer, morrer e não crescer.
Mas vou viver.
Sem rumo e sem lar.
Só a morte pra te aconchegar.
Mas vou viver.”

Manto escondia muito bem seu rosto com o capuz, mas esse era um dos momentos onde o clérigo conseguia enxergar além do aparente e viu a lágrima do garoto.

Manto parou quando segurou a flecha, milimetros distante de seu olho esquerdo que em seguida se desfez em pequenas chamas negras. Rapidamente o que era uma clareira comum se tornou um campo cheio de flechas enterradas.
“PRA DENTRO!” gritou Lareh empurrando todos para o casebre de madeira.
A guerreira e o mago conferenciaram algo e sairam da casa em disparada. Mythas criou um escudo esverdeado com magia. Tinha duas vezes a sua altura e largura. Lareh segurou o ombro de Mythas com a mão esquerda. Esbravejaram quando correram.

“Tenho a ligeira impressão que eles não sabem que podemos lutar” Manto disse para Clevas. O clérigo pegou seu escudo das costas e colocou a maça em sua mão direita. Manto desembainhou sua adaga e seu manto assumiu um formato disperso semelhante a sombras. “O Manto Negro…vamos ver se estava certo irmão”
Correram em direções opostas: Manto sumiu no meio das sombras graças as suas vestes e Clevas deixou a maça cair sobre a primeira armadura vermelha que viu.

Lareh cortava os ludgerianos que se aproximavam como se fossem feitos de pano enquanto Mythas os protegia das flechas. Manto matou uma porção de arqueiros sorrateiramente. Clevas passou algum tempo lutando com um dos oficiais mas o resto caia assim que dava o primeiro golpe no peito ou elmo.
“É a droga de uma legião inteira!” gritou Mythas já sentindo a fadiga da magia.

“Manto. AGORA!” Clevas gritou e se abaixou. Os tiveram tempo para combinar apenas uma estratégia para uma única magia.

Manto ergueu as duas mãos e de suas palmas surgiram duas bolas de fogo negras e concentradas. Lançadas em direção ao norte e passando diretamente por cima do clérigo que havia se abaixado. As chamas negras tomaram boa parte das árvores mas também liquidaram todos os ludgerianos naquela área.
Mythas e Lareh começaram a recuar mas os soldados vermelhos não cessaram o ataque e se focaram em atacar o casal. Clevas arrancou em disparada e esmagou o crânio do espadachim que pretendia atacar Mythas pelas costas.
“Se esconda Manto, precisa ter energias pra última bola de fogo…”
Lareh olhava espantada para Clevas que havia se colocado na frente do escudo de magia e derrubava os vermelhos em fila, criando uma pilha de armaduras no chão da clareira.

“A batalha da Planície de Khalael na Guerra da Irmandade…” amassou a placa de peito do ludgeriano e o chutou para frente “O cerco de Uirs na Segunda Guerra da Irmandade” o próximo soldado tinha um machado e conseguiu finca-lo no escudo branco. A maça fez seu trabalho ao afundar o pescoço desprotegido sem gorjal. “A guerra de Tyran contra Vyer. Setecentos mil mortos” levantou o escudo ainda com o machado e se defendeu da lança que havia sido jogada em sua direção. Dois espadachins se aproximavam ao mesmo tempo para flanquea-lo.

Uma prece silenciosa. O clarão cegante antecipou a terceira bola de fogo negro. O que sobrou do exército foi carbonizado.

Quando a visão voltou aos olhos de Lareh e Mythas tudo o que viam era um mar de corpos de ludgerianos com armadura amassada ou queimada. Manto estava ajoelhado e ofegante, mas Clevas…Clevas estava banhado de sangue e tinha lágrimas jorrando de seus olhos.
“Eu prometi não matar mais ninguém Senhor…falhei. Falhei, falhei e falhei. A guerra me alcançou novamente”
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