Capítulo 1 - As peças sobre a mesa

Outono.
A cidade de Malteprim vive um ano de tranquilidade a muito não presenciada. Alguns dizem que Marah, a deusa da paz, parece ter voltado seus olhos para Arton mais uma vez, após um longo período de conflitos. O Reinado estava mais uma vez bem estabelecido, e Valkária, a capital do mundo, se mantinha forte.
Naquela manhã fria, quando as árvore ao redor de Malpetrim vestiam o solo com um carpete de folhas cor de cobre, recebia heróis de toda parte. Alguns traziam em seus sacos de viagem um carregamento de feitos e histórias fantásticas. Suas espadas haviam trespassado escamas draconianas. Suas armaduras, cobertas de talhos fundos, traziam a prova de batalhas que um aldeão jamais compreenderia.
A Taverna do Macaco Caolho e Empalhado, como era chamado o bar mais conhecido da região, estava cheia e, como tudo em Arton, era incansável. Umas das garçonetes, uma menina de pouco mais de 15 anos, servia sorridente uma das mesas, deixando um prato com uma aparência pouco agradável.

"Mas que bela porcaria!" *berrou o cliente e fez mensão de avançar contra a jovem. A menina levantou a bandeja até a altura do peito, num impulso de se proteger.*

Alguns riam, outros reprovavam, mas todos sabiam que o homem não faria nada contra a menina. A menos que estivesse cansado de viver.
"Com licença, me desculpe" *disse a menina e, apressada, correu para a cozinha*
A taverna explodiu em gargalhadas. Era apenas uma manhã comum em Malpetrim.

Estou sentado em algum lugar isolado, tomando um belo copo de chocolate. Ao ver a cena, vou até a garota e digo:

"Hey, tudo bem? Belo panaca aquele hein?"

Mostro um sorriso amigável, estendo a mão para ela.

"Sou Takuya Kanbara, como se chama?"

A garota simula um sorriso nervoso, escondendo-se atrás da bandeja, antes de disparar para a cozinha.

"Hahaha, não se preocupe garoto" *diz o taverneiro, um homem de meia idade, ostentando um bigode de respeito* "Aquela é Petra. O sonho dela é ser cozinha mas...bem, digamos nem sempre as coisas acontecem como nós queremos não é?" *O homem aponta um dos bancos próximo ao balcão com a cabeça* "De onde você vem garoto? Não é jovem demais para estar em uma taverna? Hahaha"

"Digamos que não venho dessas terras aqui... Estou apenas vagando sem rumo. Acho que ouviu meu nome, como se chama?"

*Mostro o mesmo sorriso para o homem, mas logo em seguida pergunto*

"Será que pode me dar uma mãozinha? Alias dois favores..."

*Coço a cabeça e fico meio sem jeito*

"Own... " *coloco as mãos sobre a boca, em sinal de surpresa. "Esses malditos... " penso comigo mesma. Abaixo a cabeça e permaneço quieta, tomando o pouco de suco que resta no copo.

"Sou Rudd" *responde o taverneiro, lustrando uma caneca com um pano velho*

Nesse momento, entra pela porta do lugar uma criatura estranha. Um misto entre anão e reptiliano, o troglodita se aproxima do balcão e senta-se próximo a Takuya. Os cliente que estavam próximos se afastam, pois o troglodita exala um cheiro fortíssimo.

"Me vê uma cerva ae velho" *diz ele, ao passo que o taverneiro lhe entrega a bebida, disfarçando não sentir o cheiro forte. O troglodita parece não se importar com a presença de Takuya*



"Pode dizer filho" *diz Rudd*

"Bom, pode me dizer se já viu alguma coisa parecida com isso?"

Mostro o digivice, segurando ele na mão:



"E... bom... gostaria de conhecer melhor aquela garota..."

*Fico meio sem graça, tentando disfarçar. E tento não mostrar que estou enojado com o cheiro da criatura*

Ao sentir o aroma desagradavel, decido sair. Vou para o templo da cidade (O mais pacifico, de preferencia)

"Que aparato entranho..." *responde Rudd* "Onde conseguiu isso? E a menina, é..."

*O troglodita dá uma fungada sonora, depois de virar a cerveja de uma golada só. E parece querer dizer alguma coisa, mas continua olhando a caneca vazia.* "Outra" *estende ela para Rudd*

*O taverneiro suspira e reenche a caneca, voltando-se para Takuya*
"Petra é filha de Vladislav, o necromante...Você realmente não conhece nada por aqui não é mesmo garoto? Melhor tomar cuidado..."

*o troglodita da mais uma fungada sonora e um arroto*


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No lado de fora da taverna, a menina se depara com uma cidade agitada. Alguns homens carregam feno em direção os estábulos e as pessoas na rua parecem estranhar sua presença.
"Quem é ela?" "Eu nunca a vi por aqui" "Uma criança andando sozinha por ai, que estranho não é?". A menina ouve os cochichos por onde passa, mas tenta ignorar. Enfim, ela chega ao tempo de Marah, a deusa da paz.
Algumas clérigas estão realizando os preparativos para a missa matutina, e uma sensação de tranquilidade toma o espírito da menina, como se o mundo, por alguns instantes, não fosse tão cruel e desgraçado como costumava ser...

Entro no templo, sento num banco, fecho os olhos e apenas espero o tempo passar.

"Quem derá viver sempre assim." penso.

Algumas freiras iniciam uma série de orações em honra a Marah, entoando cânticos e exaltando a paz, desejando que as bençãos da deusa se espalhem por toda Arton.

"Bom dia" *diz uma menina sorridente à recém chegada, vestindo os mantos de sua ordem. Uma acólita de Marah, não aparentando ter mais de 11 anos* "Você é nova por aqui? Meu nome é Eliza" *diz ela, estendendo a mão para a recém-chegada*

"Quer dizer que o pai dela é perigoso?"

*Demonstro um ar inocente, nem reparando a criatura ao lado*

"Eu sei lá o que é isso, mas gostei disso e guardo como amuleto, não faz nada demais..."

*A mesma cara inocente, agora com um sorriso*

"Poderia me falar, quais lugares por aqui são os mais interessantes?"

"Oh... hmm... sou Maya... prazer..." *rosto corado* "Devo estar atrapalhando, né?" abaixo a cabeça com timidez. #ShinobuFeelings

"Perigoso? Não, talvez mais respeitado que perigoso...ele só protege bastante a filha, eu diria...demais até...
Bem, fora o mercado, eu diria que a maioria vem a Malpetrim em busca de ação." *Rudd aponta um mural no funda taverna, com vários cartazes informativos anexados* "Só não sei se uma criança daria conta de algo assim...hahaha"
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*Eliza cumprimenta a menina, sorridente*
"É um prazer conhecê-la, Maya. E é claro que não está atrapalhando, não seja boba. Ei, posso te contar um segredo?" *a menina se aproxima, dizendo em voz baixa, mas com pose confiante* "Um dia eu vou ser a sumo-sacerdotisa de Marah, e o mundo vai ficar em paz para sempre, não seria legal?"

Passos e metal rangendo. Algumas irmãs param automaticamente o que estavam fazendo, e Eliza pode ver que um homem acaba de chegar no templo de Marah. O elmo amassado e parcialmente destruído pendia de sua manopla pesada. Seu rosto trazia a vergonha da derrota, pois seus olhos deixavam refletir ao exterior o que sua alma tentava guardar. Desespero.

"Perdemos Lomatubar..." *declarou o cavaleiro, a cabeça pendendo*
Uma das clérigas começa a se derramar em lágrimas, abraçando sua irmã de ordem, que tenta acalmá-la.
"Eles saíram de controle, todos eles..." *o cavaleiro se esforçava para falar, mas a lembrança de seus companheiros mortos lhe apertava a garganta* "É a praga...não podemos lutar contra algo que não podemos ver..."

o cavaleiro deixa cair seu elmo, tirando de um bolso uma carta. Seus olhos, marejados, perderam o foco, enquanto seu corpo pendeu para o lado.
"Os deuses nos abandonaram..." *e essas foram suas palavras, antes de seus joelhos dobrarem e ele cair no chão, imóvel.

"Hmmm... aonde a garota mora?"

*Aguardo a resposta, e assim que ele responde faço um ok e vou ver os informativos que ele apontou, leio todos para ver se algum me interessa*

"Seria ótimo."
Com os acontecimentos com o homem ferido, fico apreensiva e quieta. Com a morte do homem, abaixo a cabeça.

*Não muito longe dali, um menino esta saindo de uma clareira , correndo, deixando para traz um grupo de globinoides abatidos*

"Dróga eles vao me pegar" *Pensa o menino enquanto acelera o passo, com o barulho crescente dos outros goblinoides chegando nele*

"Tenho que conseguir chegar na cidade antes que me alcansem, meu digivice, detectou outro escolhido, a menos de um dia o sinal nao estava longe da cidade..."

*Correndo ja saindo da floresta e pegando uma trilha de pedras prensadas que da na cidade*

Deitado em uma clareira, longe da cidade, fico olhando o céu, distraído com uma sensação melancólica de nostalgia.
A brisa leve me deixa um tanto sonolento, quase caindo no meu 'sonhar acordado', sou logo interrompido por uma sombra súbita que se forma e cobre o sol.

"Dormindo ao rebento pequenino? Vai acabar pegando um resfriado haha" era um dragão verde, com a cabeça acima. Emerald é o meu dragão, a minha irmã, sendo a única pessoa em que confio desde que nasci. Ela dá uma pequena baforada de fumaça em mim.

"Nem dormir você me deixa mais não é? Qualquer hora te amarro pra me deixar ter um momento de sossego" digo enquanto levanto com um salto

"Ah claro! Eu é que qualquer hora tenho que te pegar pela boca para que o filhotinho não fique por ai aprontando"

"Ok sua velha. Vamos logo, quero chegar na cidade ainda hoje"

"Samburdia era bem mais agradavel. Mas pelo menos aqui posso caçar mais."

"Cuidado pra não ser vista. Mantemos contato mental, qualquer coisa te aviso" digo enquanto acaricio o focinho dela. Ela da uma baforada demonstrando preocupação

"Odeio esses momentos. Tome cuidado pequenino"

"Eu tomarei"

Coloco uma bandana para esconder minhas orelhas de elfo, e saio correndo em direção a cidade, logo vejo a trilha de pedras prensadas...

*entro na taverna,e fico entre o reptil e o garoto takuya*
''Garçom,manda um malte duplo para mim aí''
*abaixo a cabeça,para disfarçar um pouco o cheiro forte do animal*

"Por Marah!" *algumas irmãs correm na direção do homem caído, ao passo que alguns soldados entram no tempo*
"O que houve aqui? Vimos da torre de vigilância que ele entrou na cidade e..." *começou um dos soldados*
"Não há tempo para isso Alinnor, me ajude a tirar a armadura dele, rápido!" *o oficial se adianta, vestindo as mãos com luvas de couro e retirando a placa peitoral do homem caído*

De onde está, Maya consegue ver o peito nu do homem. Ao menos o que deveria ser...a pele está tomada por uma crosta semelhante a coral, que traspassa a carne em diversos locais, como uma peste que o tenha afetado.
Todos ao redor tapam a boca com panos ou com as vestes, enquanto levam o soldado para o posto médico mais próximo, apressadamente.

"Uou!" *exclama a pequena Eliza para Maya* "Você viu só aquele homem? Será que ele vai ficar bem? Quer dar uma espiada? Eu sei para onde vão levar ele" *a menina diz já agarrando a mão de Maya e puxando ela em direção a uma passagem do outro lado do templo. Enquanto passam pelos bancos do templo, Maya vê, de relance, um jornal com uma imagem...uma foto de uma menina na sessão de procurados...mas não consegue ver mais nada, pois Eliza continua a arrastá-la, apressando-a*

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Vrael avista, seguindo em direção ao templo, uma série de soldados, que logo saem do lugar carregando o que, ao longe, parece ser um fardo desajeitado. Eles avançam pelas ruas atrás do templo e desaparecem. Enquanto isso, um dos soldados corre em direção a uma taverna próxima e entra no local, com um papel amassado na mão.
Da mesma forma, vê sair da floresta que cerca Malpetrim um jovem, correndo apressado e se embrenhando pela cidade.

A poucos metros dali, Emerald ouve o som de tropel e vozes de goblinóides, na língua comum.
"Não me interessa de você perdeu a trilha do garota, seu imbecil! Dê um jeito de encontrar ou juro que jogo seu rabo para Ragnar!" *som de pancada e os orcs parecem ter parado. Pela conversa, eles parecem tentar rastrear algo*
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"Ela mora a algumas quadras daqui, junto do pai. Dizem que ele é bem rígido" *responde Rudd a Takuya e, com a chegada de um novo cliente, lhe oferece o copo com malte* "Ela é uma menina curiosa, a jovem Petra...isso foi o que arruinou as coisas sabe? Não se entra no laboratório de um necromante, mesmo que ele seja seu pai...coisas...trágicas podem acontecer, como perder o olfato e não conseguir cozinhar direito para o resto da vida, se é que você me entende"

No mural, Takuya vê diversos cartazes oferecendo recompensa para a realização de diversas tarefas, desde a recuperação de um artefato mágico em uma caverna cheia de kobolds nas Montanhas Uivantes, até a procura de uma menina, que dizem ser a autora de uma série de assassinatos em Arton. O cartaz da menina é novo, parece ter sido anexado no mural naquela manhã. A menina, segundo o cartaz, é altamente perigosa, finge ser tímida para enganar suas vítimas e salta de cidade em cidade cometendo suas atrocidades. Além disso, trás a única foto que conseguiram: a menina com a cabeça baixa, talvez segundos antes de matar o fotógrafo.

De súbito, um soldado irrompe pela porta. Ofegante, ele se dirige até o mural, pedindo passagem, e anexa uma folha amassada. Parando alguns instantes para recuperar o fôlego, enquanto vários cliente se levantam para ver do que se trata.

"Isto... isto não é certo... " Ofereço alguma resistencia, mas para não ferir a pequena, me contento em segui-la.

"Vai ser legal, vem!" *Eliza leva Maya até uma um pequeno alçapão ao fundo do templo, na sala de confessionário.* "A cidade está cheia de passagens secretas, eu conheço uma porção delas. Sou uma verdadeira exploradora" *a menina diz confiante, com as mãos na cintura, fazendo pose e se exibindo para Maya* "Vem!"

As duas seguem por uma série de galerias de pedras, construídas a muito tempo, talvez desde a construção do próprio templo, algo que os arquitetos talvez tenham feito pela possibilitar às clérigas uma fuga fácil em caso de invasão da cidade.
Em alguns instantes, Eliza faz sinal para elas pararem. Pelas paredes escuras, é possível ouvir som de passos e vozes. Uma das vozes parece abafar um choro. Por uma fresta na pedra, Maya consegue ver uma espécie de enfermaria. Os soldados depositam o corpo do homem infectado em uma cama de repouso e um outro homem, vestindo um jaleco muito limpo e uma máscara cirúrgica se aproxima, examinando o ferido.

"Ele chegou a dizer alguma coisa?" *pergunta o médico a uma das irmãs*
"Não, ele só conseguiu dizer que Lomatubar foi perdida..."
"É culpa da praga!" *exclama um dos soldados* "Lomatubar pediu ajuda para tantos do reinado e ainda assim não conseguiram se livrar daquela coisa?"
"Ele trazia uma carta amassada. Parecia mais um pedido de socorro. Os orcs certamente vão se aproveitar da situação..." *comentou outro, e todos assentiram*

Ainda ao lado da cama, Maya consegue ver o elmo do soldado infectado. A peça está parcialmente destruída, coberta por fuligem e com boa parte carbonizada ou derretida.

"Eles estão falando da Praga Coral..." *explica Eliza, concentrada no que vê na sala* "A irmã Juditte disse que é uma doença que está machucando o povo de Lomatubar há um tempo...parece que a ajuda que enviamos para lá não teve muito sucesso..." *Eliza continua olhando pela fresta*

"Oh... que triste..." fico pensativa por alguns instantes. "Você é muito corajosa e feliz... queria ser assim... "

*levanto,tomo o malte em dois goles e pergunto me dirigindo a takuya*
''O foi que ocorreu que está essa muvuca toda?''

"Hehe então você vai fazer parte do meu grupo agora, o que acha? Você vai ser...deixe-me ver...minha comandante, o que acha? Comandante Maya!" *a menina fala um pouco alto demais, empolgada*

"Vocês ouviram alguma coisa?" *pergunta um dos soldados para seus companheiros*

"Essa não, vamos sair daqui comandante!" *Eliza puxa o braço de Maya e a leva de volta para o templo* "Ufa, essa foi por pouco, comandante Maya! Como sua primeira missão, você deve me ajudar a libertar Lomatubar da praga! O que acha? Vamos ser heroínas e conhecidas por toda Arton! Não é legal? Hehe"

menina vai saltitando pelos bancos, cantarolando, até que encontra o cartaz que Maya viu quando passavam apressadas. Ela observa o cartaz por alguns segundos, e olha para Maya. Sorri* "Ei, comandante, o que está escrito aqui?" *ela parece não saber ler, e enrubesce, sem querer que Maya descubra isso*

No cartaz, Maya identifica o que parece ser ela mesma, de cabeça baixa, os dizeres assassina e procurada são evidentes. Eliza parece ainda não ter notado a semelhança.

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Na taverna, Takuya e o recém-chegado ouvem algo como "Lomatubar novamente? Mas que porcaria, aquela praga desgraçada!"
"Meu filho estava lá..." uma voz de choro e outra de revolta, um soco em uma das mesas de alguém que leu o novo cartaz "Mas o que diabos o Reinado está pensando?!"