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Fator Gênese - Capitulo 6

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Mensagem por Stein Qua Mar 14, 2012 7:00 am

Demorei mas achei um tempo para corrigir e postar!
Boa leitura :]

Fator Gênese
Capitulo 6 – A Ilha

No céu, ao passo que saíram do continente, Blair notou algo que não conseguira perceber quando viajou de trem. Onde acabava a formação de terra que dava origem à Grande Capital, ela não conseguia avistar o mar. E nem conseguiria, pois Arsin, como lhe explicou Merick, era um continente flutuante e estava acima das nuvens. O oceano único que o mapa na biblioteca descrevia existia abaixo de uma imensidão de massas brancas, formadas essencialmente por água, em estado líquido ou gasoso, e fragmentos de gelo.
Como o mago explicou, atravessar aquele véu nublado era tarefa apenas para os pilotos mais habilidosos, pois uma manobra errada poderia colocar toda a tripulação em risco. Se eles, acidentalmente, atravessassem uma cumulus nimbus, uma formação espessa conhecida como Nuvem de Tempestades, a aeronave poderia despencar do céu de diversas maneiras, talvez por congelamento das pás das hélices, ou devido ao peso oferecido pelo enorme acúmulo de água, ou ainda por uma chuva de granizo e relâmpagos.
Com maestria, John guiou o helicóptero por um rasgo existente na camada branca e acinzentada, conduzindo a aeronave para baixo, alcançando com facilidade o outro lado do véu. Abaixo, era possível observarem o Grande Oceano se estender até onde os olhos enxergavam, formando uma curva no horizonte, de onde os raios dourados do sol brilhavam radiantes.
A chegada até o destino da tripulação levaria cerca de três horas, enquanto alguns conversavam acaloradamente e outros apenas apreciavam a música que tocava no rádio do piloto, que acabara de comunicar a central sobre a passagem com sucesso através das nuvens.
– Acham mesmo que os cientistas estão se escondendo naquela ilha? – comentou Alex. – Quero dizer, não seria meio estúpido tentar se esconder em um lugar pequeno e cheio de pessoas?
– Se considerarmos a quantia de ouro que aqueles cientistas sujos roubaram dos nossos bolsos, até que é plausível – disse Mithrim.
– Relaxem – acalmou-os Roxanne, confiante –, só o que precisamos fazer é encontrar os caras e colocá-los contra a parede. Temos autorização do exército para fazermos o que for necessário para conseguir as informações.
– Desde que não envolvamos os civis – completou Merick, a atiradora deu de ombros.
– Desculpe interromper o chá de bonecas das senhoritas, mas chegamos ao nosso destino, meus caros. – disse o John, ao longe eles conseguiram ver a formação de terra se aproximar.
O arquipélago não tinha mais que dez quilômetros de extensão e em sua maior parte era coberto por uma floresta densa, que cingia o centro da ilha, como um jardim suspenso. O nível mais inferior da ilha era fendido em um dos lados, formando uma cicatriz larga que gerara uma corredeira, que prosseguia floresta adentro.
A cidade ficava exatamente na esplanada meridional, formada por um aglomerado de edifícios e construções antigas. De onde estavam era difícil observar a movimentação no emaranhado de ruas e vielas ao longe, e não poderiam sobrevoar o local, pois isso poderia gerar situações indesejáveis com os cidadãos.
O piloto não conseguiu encontrar um local adequado para descerem, devido à floresta fechada, e sua solução foi pousar o helicóptero em uma região pedregosa. As rochas eram bem altas em relação ao nível do mar, formando um morro íngreme até os bancos de areia mais abaixo, que davam forma a uma praia.
Os passageiros desceram do veículo e observaram o ambiente. Eram aproximadamente duas horas da tarde e o sol forte começava a lhes castigar a pele, ainda que uma brisa constante tentasse encobrir a sensação de calor. Abaixo da elevação onde pousaram, tinham uma visão privilegiada do mar, e observar as ondas batendo contra as pedras lhes dava uma repentina sensação de tranquilidade.
John ligou o rádio de comunicação com a central e informou ao quartel general que haviam chegado à ilha sem nenhuma complicação, explicando que precisariam descer um morro para chegarem até a cidade mais abaixo.
– Aqui parece um pedaço do paraíso – comentou Alex otimista, enquanto todos saltavam da aeronave.
– Não julgue um livro pela capa, doutor – disse o anão, vestindo sua mochila. – Precisamos descer até a cidade para um reconhecimento do local. Não há problema em deixarmos o helicóptero aqui sem vigilância, John?
– Não se preocupem – era Emily, ainda dentro do veículo– Vou continuar aqui, podem deixar que eu cuide de tudo enquanto estiverem fora. Digamos que eu não sou o tipo de garota exploradora.
– Sem problemas, vamos mesmo precisar que alguém fique aqui caso a central tente contato. Se precisar nos avisar sobre algo, use o rádio do avião – instruiu o piloto, desligando o comunicador e dando a volta no helicóptero – Mithrim e Alex, venham me dar uma mão aqui.
Os médicos acompanharam John até o compartimento de cargas e juntos eles trouxeram até o grupo uma caixa pesada, além de duas grandes maletas escuras.
– Isso o que temos para concluirmos a missão – começou ele, abrindo os cadeados das maletas com uma chave diminuta, revelando um conjunto de pistolas, cartuchos e outros itens militares. O caixote possuía ração operacional e garrafas com água o suficiente para sustentá-los por uma semana, caso algo desse errado. Alex sacou um bloco de notas do bolso e efetuou a checagem dos itens disponíveis, lendo em voz alta para o grupo.
Em seguida, um colete balístico, uma arma de fogo e dois pentes com sete balas, totalizando quatorze projéteis, foram dados a um deles, além de uma lanterna, binóculos, canivete, bússola e um walkie-talkie, um rádio comunicador de médio alcance que funcionava a uma distância máxima de vinte quilômetros.
Blair não era acostumada com o uso de armas de fogo, apesar dessa tecnologia existir, também, em seu mundo. Porém, reconhecia que seu uso seria uma boa alternativa para poupar o uso de sua energia com o kaeri.
Cada integrante da equipe guardou em sua mochila os equipamentos recebidos, alguns pacotes com ração e uma garrafa de água. Os médicos encontraram na aeronave itens de primeiros socorros e montaram um arsenal para caso seu uso se mostrasse necessário.
Deixando Emyle dentro do helicóptero, com a tarefa de ser a ponte de comunicação entre o grupo e a central, além de vigiar os suprimentos e o veículo, a equipe adentrou a floresta.
O emaranhado de árvores formava um declive até a base do morro, a grama rala e um amontoado de folhas formavam um carpete marrom-esverdeado e o cheiro de terra úmida denunciava que havia chovido na noite anterior, o que explicava o solo lamacento. Os raios de sol mal conseguiam atravessar as copas altas das árvores, que se cruzavam formando um teto impenetrável, tornando o ambiente escuro e a descida ainda mais perigosa, principalmente pelo chão deslizante.
Blair e Roxanne acenderam suas lanternas para iluminar a travessia, enquanto John e Alex iluminam os flancos e Mithrim a retaguarda. O grupo avançou com cuidado, atento, e notou alguns animais que o observava na penumbra, amedrontados pelo facho de luz.
– Mas que porcaria! – praguejou Roxanne, iluminando o objeto molenga que parecia ter chutado involuntariamente.
Havia ali o corpo de um animal morto, robusto, semelhante a um alce de tamanho exagerado. Um dos chifres havia sido arrancado de sua cabeça e o dorso trazia marcas de cortes profundos e pedaços de carne mutilada. Era uma visão nauseante, reforçada pelo cheiro de putrefação e o volume de moscas que adejavam sobre a carcaça.
– Esse animal é enorme – comentou Mithrim –, para ter sido morto dessa maneira seu caçador deve ser extremamente forte e violento.
– Tem razão – concordou Merick, aproximando-se do animal morto, iluminando-o com a luz de sua lanterna –, as marcas de batalha deixam isso evidente. Mas nunca vi um alce deste tamanho antes e não recebemos notícias da central de que havia animais assim nesta área.
– Vejam isso – disse Blair, apontando a lama ao redor da carcaça, onde havia um rastro que fora produzido pela suposta luta, pontilhado por marcas de garras e pés inumanos –, existem pegadas aqui. Podemos tentar rastrear o que fez isso.
A garota analisou o solo e notou algo estranho.
– As marcas não são apenas recentes, algumas são antigas. Isso significa que, o que quer que tenha abatido este animal, possivelmente vive nesta floresta. Devemos ter cuidado – ela alertou.
– Possui uma habilidade incrível, mercenária – elogiou John. – Neste caso, farei ronda pela floresta enquanto vocês descem o morro até a cidade e investigam o lugar – concluiu, sacando sua pistola e conferindo a carga.
– Vou com você – disse Mithrim –, vai precisar de um médico caso esse seu pé torto derrube-o declive abaixo.
– Haha, como quiser baixinho – agradeceu o piloto, seguindo com o anão floresta adentro.
O resto do grupo seguiu caminho, deixando a carcaça agigantada para trás, até que alcançaram a clareira central da ilha, onde se estendia a urbe pouco desenvolvida.
Conforme caminharam, notaram que o lugar parecia deserto. Não havia ninguém nas ruas e um silêncio mórbido pairava no ar.
Em coro, todos sacaram suas armas e prosseguiram. As casas que formavam a cidade tinham um aspecto sujo e miserável. As telhas de barro cozido pareciam ter sido atingidas por uma chuva de meteoritos, tamanha era a quantidade de perfurações que apresentavam. As janelas e portas estavam caindo aos pedaços, e o lixo acumulado nas ruas produzia um cheiro de chorume, misturado ao odor forte de urina que vinha do asfalto.
Blair entrou pela porta escancarada de uma das residências, cautelosamente, e encontrou uma sala revirada. As cortinas haviam sido arrancadas de seu batente, que pendia vacilante próximo à janela, e jogadas pelo assoalho de madeira maciça, onde se via um sofá despedaçado e uma mesa de centro atravessada por um televisor quebrado. Pelo tapete de peles, era possível notar marcas de sangue e rasgos por toda a parte da peça.
Blair avançou mais, a pistola à altura do peito, até chegar a uma cozinha em estado semelhante ao cômodo anterior. Ela apertou o interruptor e acendeu as luzes do ambiente, mas, antes que pudesse atravessar a copa e alcançar a porta de um quarto logo à frente, algo a fez retroceder. A guerreira não conseguia explicar a sensação que lhe abatia, mas sabia que algo muito ruim poderia acontecer subitamente caso ela avançasse mais.
– Tem alguém ai? – perguntou ela, mas ninguém respondeu. – Estamos aqui para ajudar – arriscou, mas o silêncio foi sua única resposta.
Um inexplicável frio na espinha a fez parar, e ela fitou a porta do quarto por alguns segundos antes de virar as costas e sair da casa. Ela jamais havia sentido algo tão sinistro quanto o que parecia emanar daquele aposento e, mesmo que quisesse investigar, seu instinto pedia que ela saísse dali de imediato.
A guerreira tentou controlar os batimentos cardíacos ao chegar até a rua novamente. Os outros membros do time analisavam o caos que parecia ter se estabelecido na cidade, mas também não haviam encontrado nenhuma pessoa no local, viva ou morta. Eles não comentaram se tinham experimentado uma sensação estranha dentro das casas, como Blair, ou simplesmente preferiram não comentar nada.
O grupo chegou em uma larga avenida, que cruzava boa parte da área urbana, cortando as ruas e permitindo fácil acesso aos pontos principais da cidade. Próximo de onde estava havia um posto de abastecimento, localizado em uma das curvas e flanqueado por uma loja de eletrônicos.
– O detector de presença não funciona – constatou Blair, ao tentar entrar na loja de conveniência do posto.
– Já passou da hora desses preguiçosos abrirem – disse Roxanne, pedindo que a guerreira se afastasse e, aplicando um golpe com a coronha da pistola, a atiradora transformou a porta de vidro em pedaços.
– Com licença! Alguém pode me atender nessa espelunca? – brincou, afastando os fragmentos de vidro no chão com seu coturno.
Assim como em todos os outros lugares que investigaram, não havia ninguém ali, o que dava um tom sombrio a toda a cidade. Não havia pessoas nas ruas, nas casas, nem mesmo, aparentemente, refugiadas na floresta. Se algum mal houvesse atingido a população local, deveria ter levado todos à ruína em um instante, já que a cidade parecia ter parado em meio a suas rotinas, o que podia ser constatado pelo volume de carros nas ruas, ainda que tombados, e pelas portas abertas das lojas e residências.
– Este lugar parece assombrado – comentou Alex, notando uma mancha de sangue sobre a caixa registradora, no balcão de atendimento. – Olhem para isso – apontou a marca rubra.
– Que assombrado, que nada! – exclamou Roxanne, abrindo a geladeira em um canto e apanhando uma lata de cerveja. Para sua surpresa, não havia eletricidade no local e bebida estava quente. – É, talvez um pouco.
– Vou perguntar aos outros se encontraram algo – declarou Blair.
A guerreira sacou o walkie-talkie e chamou pelo que estava com John e Mithrim. Não teve resposta. Após alguns instantes em silêncio tentou nova comunicação, mas igualmente sem sucesso.
– O sinal de rádio não deve estar conseguindo alcança-los dentro da floresta – disse Alex, tentando parecer otimista.
– Espero que esteja certo, doutor – disse Blair, guardando o aparelho em um dos bolsos do colete.
– Bem, vamos voltar, armar acampamento e reportar a central, logo começará a escurecer – os outros consentiram.


– Mas que demora... – lamentou Emily, estirando o corpo deitado no assento do helicóptero, o celular desligado jogado a um canto. – Essa ilha é um tédio!
Emily era uma menina de dezesseis anos, bonita, inteligente e um gênio na área da informática. Devido a isso, fora admitida no exército quando seus pais, ex-combatentes, morreram em uma missão. A jovem não sabia atirar ou aplicar um golpe preciso em seus oponentes, muito menos manejar uma espada. Mas nem precisava.
Com suas habilidades, Emily era capaz de invadir os servidores de uma organização alvo e roubar-lhes informações, destruir dados, manipular arquivos importantes, incriminar corruptos e desarmar conspirações. Ela sequer considerava isso um trabalho, mas um passatempo, e talvez fosse justamente por isso que lhe conferiam a fama de soldado mais jovem a alcançar o posto de elite em toda a história de Arsin.
De súbito, a menina pensou ter visto alguma coisa na floresta. Vasculhando a aeronave, encontrou um binóculos de longo alcance e sentou-se na porta lateral do veículo, observando toda a área visível através do instrumento. Mas, para sua decepção, não havia nada de anormal.
Apontando o binóculos para a urbe, ela notou a movimentação de Blair e sua equipe, que saiam de um posto de gasolina em um cruzamento e seguiam pela avenida principal. Ela percebeu que Jhon e Mithrim não os acompanhavam e tentou procurar o segundo grupo, mas não encontrou.
– Talvez eles tenham se divido para investigarem a floresta – concluiu, acertadamente. A jovem pegou seu walkie-talkie e tentou comunicação com o grupo, sem resposta, assim como Blair. Em seguida, chamou pelo aparelho da mercenária e recebeu confirmação para prosseguir. – Vocês têm alguma novidade?
– A cidade parece estar abandonada – respondeu Blair, percebendo uma forte estática. – John e Mithrim voltaram para o helicóptero?
– Negativo, era justamente o que iria perguntar. Pensei ter notado algo se movendo com velocidade, próximo à floresta, mas acho que me enganei. De qualquer forma, tenham cuidado quando subirem o morro.
– Não se preocupe, estaremos ai em uma hora – concluiu Blair. Emily abaixou o binóculos e o rádio, intrigada, e continuou mirando a floresta fixamente. Não havia engano algum. Ela pressentia que algo muito errado estava sendo ocultado por aquelas copas sombrias.


– A trilha termina aqui – disse Mithrim, surpreso, apontando para a beira de um lago. – Isso não faz sentido algum.
– O predador pode viver ai dentro – sugeriu John, dando a volta em uma árvore, procurando mais pistas.
– Não, é raso demais. Já constatei isso com o galho, tem menos de um metro, isso não condiz com o tamanho de algo que tenha abatido aquele alce.
Mithrim se abaixou e observou o rastro das pegadas. Pareciam ter sido feitas por algum tipo de réptil ou animal de garras curvas. Conseguia claramente identificar as marcas produzidas por quatro patas, em passos sincronizados, o que garantia ser um único quadrúpede, talvez um jacaré. Ao que parecia, o predador não carregara parte de sua presa, como se houvesse abandonado a carcaça do alce após ser interrompido por algo que o fez, possivelmente, fugir.
Eles haviam seguido até a parte mais isolada e fechada da floresta, seguindo as pegadas na lama, mas tinham chegado a um impasse. Compenetrado na busca, o anão sequer notou que o comunicador no bolso do piloto estava desligado, desde que se separaram da outra parte do grupo. Da mesma forma, não percebeu quando um objeto pesado atingiu-lhe a cabeça com força, escurecendo sua visão e tirando-lhe a consciência, enquanto o corpo diminuto escorregava estirado na lama, em direção ao lago.


– Estranho – comentou Blair, ao tentar comunicação com a segunda equipe novamente, ainda sem sucesso. Estava começando a alimentar dúvidas quanto à segurança de John e Mithrim.
Porém, subitamente, um som estridente interrompeu seu pensamento. Um grito de criança, desesperado, ecoou até os membros do grupo de Blair e eles se entreolharam, como se decidissem o que fazer. No mesmo instante que fizeram menção de correrem de volta para as ruas, o walkie-talkie de Blair tocou.
– Prossiga! – disse ela, estava aliviada, pois era o rádio de Jhon. Mas a outra ponta ficou muda. – Prossiga John, Mithrim!
Sem resposta e ouvindo novamente o grito altíssimo, o grupo se dividiu em quatro, Blair e Roxanne dispararam pelas ruas, enquanto Merick e Alex adentraram as árvores novamente.
– Finalmente, encontramos alguém vivo – comentou a atiradora.
– Pelos gritos, talvez não por muito tempo – disse Blair, aumentando o ritmo da corrida.
De repente, da mesma forma que surgiram, os gritos se calaram, e elas não sabiam qual direção tomar.
O rádio de Blair tocou.
– Estão indo pelo caminho errado – era Emily, estava observando toda a movimentação da equipe pelo binóculos. – Peguem a segunda curva à direita, no sentido contrário ao que estão seguindo, e continuem até encontrarem uma casa com um portão de ferro e um jardim. Seja lá o que eu vi na floresta, parece ter entrado ali com uma velocidade absurda.
– Positivo! – disse Blair, correndo junto de Roxanne pelo caminho indicado.
As duas avançaram pela estrada deserta de concreto, viraram algumas ruas e chegaram até o cruzamento. Olharam ao redor, procurando atentamente, mas não viam a casa que Emily lhes indicara.
– Ali! – apontou Roxanne, sacando a pistola e caminhando em direção a uma casa à frente, cujo portão havia sido arrancado e arremessado contra um dos muros do quintal, próximo a uma roseira.
De arma em punho, elas passaram pelo vão entre as paredes, onde deveria estar o portal de ferro, e se aproximaram da casa com cautela. A janela da residência estava trancada e tudo indicava que a porta também estivera, antes de ter a maçaneta esmigalhada. Pela abertura escura, não era possível ver nada dentro do recinto, mas a mesma sensação aterradora que Blair sentira mais cedo a atacava novamente, paralisando seus membros.
Sem perceber a reação da parceira, Roxanne adiantou-se e parou na entrada da casa, acendeu sua lanterna, enquanto empunhava sua pistola prateada com a outra mão, e observou uma sala completamente destruída. Mas não havia ninguém.
– Emily deve ter se engan... – começou a atiradora, voltando-se para Blair, mas, antes que terminasse a frase, algo lhe atingiu as costas com violência, como um murro potente, que a arremessou contra a parede do outro lado do jardim. Estupefata, Blair não conseguir se mover. Suas mãos continuavam segurando a arma, estática, mirando cegamente uma criatura medonha.
Segurando o batente lateral da porta de entrada, despedaçando a madeira com um aperto absurdamente poderoso, uma figura pouco maior que um homem comum, de cabelos longos e desgrenhados, estava parado, nu, olhando as recém-chegadas com uma expressão de ódio. Suas pupilas eram completamente negras, e estavam dilatadas de tal forma que tomavam toda a íris dos olhos. A pele era perolada, de aparência albina, isenta de qualquer mancha ou pêlo, e sua boca escancarada exibia dentes fortes, também maiores que o normal. Uma aura de medo e terror era emanada pelo corpo daquele ser, e a mercenária precisava se conter ao máximo para não virar as costas e correr o máximo possível, apenas por sentir sua presença opressora.
Blair não sabia se a criatura era humana ou não, mas isso não importou quando disparou dois tiros contra seu peito, assim que fez questão pular sobre ela, despertando-a do transe. Estirado sobre o assoalho, o monstro agora estava inerte, com dois buracos encharcados de sangue no peito despido.
– Você está bem? – perguntou a garota, apressando-se até Roxanne e ajudando-a a se levantar.
– Acho que sim – respondeu ela, levando uma das mãos até a nuca e percebendo que não havia sangramento. – Que diabos foi isso? – Não faço idéia, mas seja o que for ainda está vivo – disse Blair, notando que o corpo do monstro não estava mais ali.
Elas ouviram um grito novamente, claramente vindo do interior da casa. Em seguida, tornou-se audível o som de pancadas contra madeira. Com velocidade, as combatentes pularam para a escuridão da sala e iluminaram a porta de um banheiro, de onde vinha o clamor por socorro.
– Quem está ai? – berrou Roxanne. O grito cessou, dando lugar a um choro soluçante.
A atiradora se aproximou da porta e aplicou uma série de coronhadas precisas contra a maçaneta, até que a tranca estivesse em frangalhos. Blair percebeu que a pistola de prata de Roxanne possuía um cabo de aço reforçado, tornando-a uma boa alternativa para um combate corpo-a-corpo. Guardando a arma no coldre, ela tomou nos braços uma menina chorosa, que agarrou seu pescoço enquanto tremia e suava frio, apavorada pelo terror inimaginável que sentira. Se para uma mercenária como Blair a presença do monstro albino era desesperadora, para uma criança era algo muitas vezes pior.
A menina não tinha mais que sete anos, pequena, franzina, mas de aspecto saudável. A pequenina tinha olhos azuis muito vivos e, mesmo com seus longos cabelos loiros bagunçados e sujos, não perdera as feições angelicais.
– Vamos sair dessa casa, ela me dá calafrios – disse Roxanne, tentando acalmar a criança, que tremia em seus braços.
Stein
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Alquimista

Data de inscrição : 21/10/2011
Idade : 33
Localização : São Paulo, San Rafaello Park
Emprego/lazer : Arquiteto da Matrix - um salve, mano Asimov

O que sou
Raça: Humano
Classe: Alquimista

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