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Fator Gênese - Capitulo 2

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Mensagem por Stein Qui Fev 02, 2012 7:21 pm

É isso ai galeres, acabou de sair da pena o capítulo 2 ^^
Não sei quanto a vocês, mas eu odeio ler um texto sem formatação, então, se quiserem, a partir dos próximos eu disponibilizo meus .docs, que estão em formato livro mesmo :]

Espero que gostem!


Capitulo 2 – Ponto de Convergência

O deserto pode ser o ambiente mais hostil do mundo, não apenas pelo sol escaldante e as armadilhas cruéis que as areias escondem, mas pelo sentimento de solidão que ele inflige no coração dos viajantes, devorando suas esperanças pouco a pouco.
Naquele dia especialmente quente, as terras áridas recebiam alguns visitantes peculiares. Caminhando entre as dunas, vinha um enorme lobo cinzento, sua aparência feroz e agigantada desencorajava os predadores locais, fazendo-os manter distância. Entre os volumosos pêlos da possante criatura, montada em seu dorso, havia uma figura encapuzada, vestindo panos grossos para proteger-se do calor insuportável, como é costume no deserto. O volume das vestes podia parecer desconfortável, mas as peças eram usadas para evitar a perda acelerada de líquidos, o que naquele ambiente escaldante poderia significar a morte.
O calor forte tornava a viagem tortuosa, por mais vigoroso que fosse o viajante, e o lobo começava a demonstrar sinais de cansaço após tantos dias de caminhada que aquela longa viagem demandara, diminuindo a velocidade do avanço gradualmente.
Ao fim daquela tarde, quando o sol já havia se escondido e dado lugar à lua cheia e um frio ártico, contrastando o clima diurno, os viajantes enfim chegaram ao que parecia ser um povoado. O lugar, como logo notaram, estava abandonado, não fosse por algumas crianças de aparência esfomeada que se escondiam nos becos e observavam com cautela os recém-chegados, temerosos pela imponente presença da fera.
As velhas casas de taipa ao redor, construídas com madeira e barro, tinham um aspecto sujo, as janelas e portas estavam escancaradas e parte das paredes havia secado demais e cedido com o tempo. Um emaranhado de rachaduras profundas feriam o chão seco de areia batida, tornando a visão do lugar ainda mais deplorável.
As duas figuras seguiram pelas ruas, em silêncio, até que o lobo parou em frente ao que parecia ser uma taverna, de aspecto tão decrépito quanto o restante do vilarejo. A casa era feita inteiramente de uma madeira escura e suas janelas estavam todas fechadas por trincos enferrujado. Na fachada, uma placa torta trazia o nome do lugar em letras quase apagadas e o brasão de um corvo sobre uma serpente, com o bico aberto envolvendo a cabeça do réptil, como se estivesse pronto para lhe decapitar.
As crianças, que os seguiam sorrateiramente, observaram com atenção quando o viajante encapuzado desmontou da ferra cinzenta, acariciando-lhe o topo da cabeça como se a agradecesse, e se assustaram quando a enorme criatura desapareceu no instante seguinte.
A figura misteriosa adentrou a taverna, descobrindo um ambiente empoeirado e pouco iluminado, com diversas mesas espalhadas pelo cubículo, por vezes ocupadas por homens de aparência sombria que conversavam em um tom tão baixo que apenas eles mesmos ouviriam. No fundo do salão, um rapaz folheava seu jornal atrás de uma bancada rústica de madeira, fumando uma erva aromática que impregnava o recinto com um cheiro forte.
– O que deseja? – ele perguntou ao recém-chegado, quando este se aproximou do balcão.
– Procuro o Grande Corvo – respondeu uma voz feminina por baixo dos panos grossos.
– E qual é sua oferta?
Lentamente, o visitante desenrolou os trapos sujos que lhe cobriam a cabeça, revelando uma garota com pouco mais de vinte e dois anos, os cabelos castanhos caiam-lhe pelos ombros e seus olhos, de mesma coloração, ocultavam o espírito de uma combatente de habilidades ímpares.
– Ofereço a espada para decapitar a serpente – respondeu, e o ambiente pareceu ficar tenso por alguns instantes, até que ela sorriu, imitando o balconista – É bom vê-lo novamente, Liar.
– Posso dizer a mesmo, mercenária Blair.
Mercenária. Blair era uma guerreira do deserto, versada na manipulação de diversas armas de combate. Já havia sido chamada por muitos substantivos, entre eles estavam assassina e animal domesticado, mas talvez mercenária fosse o que melhor a definisse.
– Não há necessidade de títulos para meu ofício, me poupe de seus comentários - O homem deu uma gargalhada, acordando alguns bêbados nas mesas próximas. Ele vestia um colete em frangalho e uma calça em mesmo estado, o que lhe conferia uma aparência miserável.
Liar era um grande amigo, oponente feroz em batalha e de uma mente genial moldada para a guerra. Como dupla de Blair, já havia combatido muitos de inimigos em suas missões, quando ainda era um caçador de recompensas. Porém, os tempos haviam mudado.
Tirando da prateleira atrás de si uma garrafa empoeirada, o rapaz serviu dois copos com um líquido cor de bronze.
– Faz muito tempo que não tenho a chance de admirar sua beleza, mercenária - disse ele, oferecendo um dos copos à garota. Arremessando o fumo em um canto, levou o conhaque até os lábios e sorveu todo o conteúdo do copo em um único gole.
– Porque me chamou aqui? - perguntou ela, tentando ver o que o ele vinha lendo, experimentando o sabor forte da bebida.
– Você já deve ter ouvido falar sobre o fechamento do laboratório - respondeu Liar, virando o jornal para que Blair pudesse ler a notícia de capa.
A página trazia informações sobre a apreensão recente de um grupo de cientistas que, como a garota sabia, pesquisavam uma cura para o câncer, uma terrível doença degenerativa. Para tal, o grupo usava como recurso financeiro uma enorme quantia que conseguira arrancar do governo, com a promessa de tornar o milagre possível.
Porém, passados três anos, a equipe de pesquisadores parece não ter demonstrado nenhum avanço significativo, o que levou a crer que estavam desviando os fundos para outros objetivos. Assim, acusados de um crime grave, os membros do laboratório foram presos sem direito a fiança e o caso foi considerado por muitos como o maior desperdício de dinheiro público já calculado.
– O que acha disso?
– De fato, é algo bem estranho – respondeu a garota, sem tirar os olhos do jornal. – Eles não divulgaram qual foi a real serventia do dinheiro desviado.
– Ou talvez a imprensa tenha suprimido essa informação - ele devolveu, com um sorriso confidente. – Uma de minhas fontes disse que alguns dos cientistas presos foram torturados, mas continuaram de bico calado. Os filhos da mãe são teimosos e o tal grupo de pesquisadores parece mais uma sociedade secreta para mim.
– Alguma prova?
– Mais do que você gostaria. Mas antes de explicar isso, preciso que veja uma coisa.
Liar levantou uma parte móvel do balcão, abrindo uma passagem, e sinalizou para que a guerreira o acompanhasse até uma porta no fundo do salão. Sem dizer palavra, sacou um pequeno molho de chaves de metal e abriu a porta com uma delas, revelando um corredor escuro. Em silêncio, ele fez sinal para que Blair o acompanhasse, fechando a porta assim que ambos adentraram o breu, deixando para trás o bar e seus clientes moribundos, obviamente uma fachada falsa para ocultar algo muito maior.
Quando Blair e Liar começaram a avançar pelo corredor, iluminado pela lanterna do rapaz, a guerreira percebeu que não estavam em um lugar comum. Ao seu redor, ela podia sentir um fluxo de energia fortíssimo, que circulava por toda parte, dando a impressão de que a garota estava envolta pelo mar e seguia caminho por uma correnteza submersa.
Blair conhecia aquela sensação. Raramente havia realizado viagens usando um portal místico, mas o efeito era inconfundível.
Aquele tipo de fenômeno era capaz de ligar dois locais diferente através de uma espécie de túnel, que perfurava o espaço, tornando possível percorrer distâncias enormes em um instante.
Porém, havia algo diferente acontecendo ali. Geralmente, ao atravessar a entrada de um portal místico, o viajante automaticamente atinge o outro lado do túnel, mas não era isso que acontecera quando Blair e Liar entraram no corredor. Já haviam se passado mais de dez minutos desde que começaram a caminhar na escuridão e, até então, apenas seguiam avançando, como se o caminho levasse a lugar nenhum.
- Não se preocupe - comentou Liar, percebendo a preocupação da guerreira -, já estamos quase chegando. - Blair permaneceu em silêncio e apenas continuou deixando-se ser guiada pelo amigo.
Após algum tempo, a luz da lanterna lhes revelou uma segunda porta, idêntica à anterior. Quando Liar a abriu, usando outra de suas chaves, Blair teve uma visão inacreditável.
Ao atravessarem o portal, eles chegaram ao que parecia ser uma enorme biblioteca. As estantes altas formavam espessas paredes de livros, que descreviam caminhos complexos pelo recinto, iluminado por lustres de vidro que desciam do teto. Pelos flancos, havias duas escadarias de madeira envernizada que levavam aos dois pisos superiores, onde funcionavam uma ampla sala de leitura e a área administrativa, além de possuírem mais algumas dezenas de estantes com rolos de pergaminho, mapas e escritos antigos.
O fluxo de pessoas no lugar era grande e diversos estudantes e pesquisadores ocupavam algumas mesas dispostas no centro da biblioteca, folheando uma pilha de livros e documentos, realizando anotações e discutindo diversos assuntos em um voz baixa, como mandava a regra do local.
- Bem-vinda ao meu mundo - disse Liar, sorrindo e simulando uma pequena mesura, convidando-a a atravessar a porta, que ficava localizada no segundo andar da biblioteca, de frente para a sala de leitura.
Blair se surpreendeu ao ver que Liar estava vestido de forma diferente. O colete surrado e as calças rasgadas deram lugar a um conjunto de roupas escuras e um pingente pendia de seu pescoço, trazendo um símbolo que a garota não conseguia identificar.
- Onde estamos - perguntou ela, ainda confusa, enquanto acompanhava Liar e observava aos pessoas ao redor, que pareciam não ter dado muita importância à chegada da dupla.
Sem lhe dar uma resposta, o rapaz a conduziu até uma das mesas de madeira, ofereceu uma das cadeiras à garota e caminhou até uma das estantes ao lado, procurando por um volume específico.
- Esta - começou Liar, recolhendo um livro antigo, muito grande, e o levando até a mesa vazia - é a Grande Biblioteca.
- Onde estamos Liar? – ela questionou novamente, usando um tom sério, exigindo uma resposta decente.
- Acalme-se, Blair - ele riu e abriu o livro com certo esforço, revelando um conjunto de gravuras que ocupava as duas páginas agigantadas do livro. - Você vem de uma família de nômades do deserto, assim como eu, e sei bem que os anciãos já lhe falaram sobre a origem do mundo.
Blair assentiu. Ela possuía uma memória excelente e jamais se esquecera de quando, ainda criança, viajava com seu povo pelo deserto, dependendo da própria força de vontade para sobreviver.
Fora seu pai quem lhe ensinara a arte do combate, para que pudesse caçar e defender sua família contra os assaltantes das terras áridas. Na pobreza, Blair aprendeu a sobreviver às adversidades, tornando-se forte, e apesar da vida difícil ela sabia que a sorte havia lhe feito companhia.
Antes de ser adotada pela tribo de nômades, a menina era tratada como uma mercadoria. Os escravos eram considerados um bem material e logo ela seria vendida a um bom preso por seus raptores.
Da vida que teve antes de ser capturada, ela não se lembrava de nada, e as pessoas diziam que a garota supostamente teria perdido a memória graças ao trauma do sequestro.
Pouco antes de chegar ao destino final, a comitiva que trazia a menina e vários outros escravos foi tomada de assalto por um grupo de andarilhos. Brandindo espadas e armas rústicas, o grupo venceu os traficantes de escravos, libertando os presos e convidando-os a tornarem-se um deles.
Ela lembrava-se nitidamente de quanto chegou ao acampamento provisório que os nômades haviam levantado. Recebida pelas mulheres da tribo, a menina ganhou roupas novas e um nome: Blair. Com o tempo, ela descobriria que mesmo nas tribos de andarilhos o sobrenome não era algo destinado aos órfãos.
Foi ali que ela aprendeu a ler e recebeu educação quanto à criação do mundo, como Liar comentara, pois o grupo de nômades também contava com sacerdotes e ex-escravos cultos, letrados nas mais diversas áreas, homens que possuíam uma vida de luxos enquanto serviam seus senhores, mas que escolheram a liberdade.
Liar, assim como ela, fora uma criança órfã adotada pela tribo de nômades, mas já vivia com eles havia muito mais tempo, além de ser cinco anos mais velho que a garota. Treinados pelo mesmo mestre, ele e Blair alimentavam uma rivalidade fortíssima, que logo evoluiu para o companheirismo. Juntos eles eram imbatíveis, e decidiram seguir um caminho que desafiasse suas habilidades, deixando para trás a tribo onde cresceram e aprendendo a esquecer o medo que o mundo tentara lhes impor.
A caça de recompensas serviu bem ao propósito primário, enquanto lhes garantia o ouro necessário para sobreviverem, moldava a personalidade e lapidava as habilidades dos dois combatentes. Com o ofício, eles conheceram muitas pessoas e lugares ao redor do mundo, obtendo informações e conhecimentos que alguém comum jamais teria acesso.
Com o tempo, Liar declarou se interessar pelo estudo da magia, a arte de manipular as forças místicas e inexplicáveis que sustentam o universo, como os sacerdotes haviam ensinado à Blair, e decidiu que rumaria por um caminho diferente. Ele jurara que encontraria a garota novamente um dia, e ali estavam eles.
- Conheço bem a história - respondeu ela, saindo de seu devaneio, - se está se referindo à Helyna e aos Quatro Pilares.
- Então, será ainda mais fácil que você compreenda e aceite o lugar para onde eu lhe trouxe - disse Liar, e fez um sinal para que Blair observasse a página aberta do grande tomo.
As duas folhas desenhadas formavam o que a guerreira supôs ser o sistema solar, mas logo descartou a ideia. O desenho maior era um anel traçado com maestria, trazendo em seu interior diversos aros menores espalhados por sua área. A guerreira notou que cada um deles possuía uma linha muito fina, que os ligava a um ponto central da circunferência maior.
- Este é um mapa do universo - começou Liar, a garota lhe ouvia com interesse, enquanto ele apontava as gravuras no papel. - O círculo maior representa os limites de algo que chamamos de Universo Verdadeiro. Diferente do cosmo habitado por estrelas e planetas que você conhece, o Universo Verdadeiro abriga todos os "mundos" existentes.
- Mundos? Do que você está falando? - Blair parecia confusa. Para ela, o mundo onde vivia era o único, uma terra concebida por Helyna e dada aos homens para que a povoassem. Talvez Liar houvesse ficado louco com o tempo, mas a guerreira viera de muito longe e estava disposta a ouvi-lo.
- Digamos que o mundo de onde eu e você viemos não passa de uma mera partícula dentro de algo muito maior - ele retomou a explicação, entretido ao ver que poderia ensinar algo à sua antiga rival. - Cada uma dessas pequenas esferas representa um universo diferente. Em um deles existem criaturas marinhas imensas, vagando por um oceano que acreditam ser infinito; em outra, um povo habita uma floresta mística e vivem para contar lendas fantásticas sobre suas conquistas, crendo serem imortais. Em meio a tantas possibilidades, existe um mundo onde vive uma tribo de nômade do deserto, de onde nós dois viemos.
Blair lutava para digerir aquela informação. Era algo, de fato, fantástico, mas ela nunca havia parado para pensar na possibilidade da existência de outros mundos. Apesar disso, a experiência que havia adquirido com o tempo lhe ensinara a acreditar no impossível e era plausível que a criação da Deusa não se limitasse ao universo que Blair conhecia.
- O que são essas linhas? - perguntou, apontando os diversos traços que levavam até o centro do desenho.
- Isso é o que chamamos de Linha da Realidade e foi através de uma delas que chegamos até aqui. Note que cada esfera menor possui uma linha dessas e todas conduzem ao centro do Universo Verdadeiro. O ponto mediano, chamado Ponto de Convergência, é responsável por alimentar todas as "realidades" ligadas a ele. É deste local - disse ele, apontando a esfera que recebia todas as linhas -, que vem a magia que conhecemos.
Nesse momento, Blair notou que nenhum dos mundos possuía uma comunicação direta com os outros, então, se todos eles apontavam para um mesmo conector, o Ponto de Convergência seria um intermediário que possibilitava a viagem a outras realidades.
- Isso é incrível - comentou consigo mesma.
- E nós estamos exatamente sobre esse Ponto de Convergência. Aqui é Arsin, a Grande Capital, o centro da existência. Foi a partir daqui, de onde estamos agora, que a Deusa concebeu toda sua criação e é esse ponto que garante que a essência de Helyna exista em todos os outros mundos. Pense em Arsin como um oceano. As Linhas da Realidade são as ramificações, rios que alimentam as fontes secundárias.
Blair mal conseguia imaginar onde estava e uma sensação de inferioridade a abatia quando pensava que tudo o que conhecia era nada mais que um grão de areia em um extenso deserto.
- Então, essa linha que descreve o aro maior seria onde os Quatro Pilares agem, sustentando o Universo Verdadeiro? - arriscou.
Liar sorriu e bateu as mãos em sinal de satisfação, era surpreendente a velocidade como Blair assimilara as coisas.
- Exatamente! Se os Pilares decidissem deixar de manter a linha que limita o Universo, os estudiosos acreditam que toda a existência entraria em colapso.
Blair também percebera que havia outro círculo que Liar ainda não lhe explicara, externo ao aro maior. Além disso, notou que não havia uma Linha da Realidade que ligasse aquele mundo ao Ponto de Convergência, o que indicava ser um local inalcançável. Ela gostaria de perguntar muito mais coisas ao amigo, mas percebeu, quando ele fechou o livro e o devolveu à estante, que aquilo era tudo que sabia.
- Venha comigo, não te trouxe até aqui apenas para lhe ensinar sobre mundos e divindades. Existe uma tarefa a ser cumprida e creio ser você a pessoa mais indicada para o cargo - concluiu Liar e pediu que Blair o acompanhasse.
Eles desceram as escadas e atravessaram o salão de entrada circular do primeiro piso, passando pelas pessoas que estudavam e deixando a biblioteca para trás. Ao atravessar o portão principal em direção à cidade, Blair pode ver que Arsin era, em vários aspectos, muito diferente de sua terra natal, o que tornava o lugar ainda mais fascinante.
A arquitetura própria da cidade mostrava edifícios planos, muito bem construídos. Os portões de ferro, trabalhados com elegância, guardavam as casas familiares de madeira e tijolos vermelhos, por vezes escurecidas pela fuligem trazida pelos automóveis.
Ao atravessarem uma das avenidas principais, Liar apresentou à garota um dos maiores orgulhos daquela cidade, a Ferrovia de Arsin, cujos trilhos passavam sob enormes pontes de concreto, que descreviam arcos por onde passavam as ruas. O trem à vapor corria em nível acima das casas, proporcionando um espetáculo à parte.
Nas calçadas, uma comitiva de transeuntes movimentavam o comércio local e alguns voltavam para suas casas após uma longa jornada de trabalho. O fluxo da cidade era intenso, principalmente àquela hora do dia, ao fim da tarde.
Blair acompanhava o amigo enquanto seguiam caminho calmamente entre um grupo de pessoas apressadas, e Liar lhe falava sobre a cidade.
- Faço parte de uma organização que tenta manter a integridade dos outros mundos – revelou Liar. – Nós a chamados de Ordem de Camael e somos responsáveis por investigar eventos sobrenaturais que possam ameaçar as pessoas, como o caso dos cientistas foragidos que comentei com você mais cedo.
- De mercenário a bom samaritano – ironizou ela –, nem tudo está perdido ainda. Mas você ainda não me explicou o porquê de ter me chamado até o fim do mundo.
Antes que Liar pudesse responder, os dois foram abordados por uma criança. Trajava um colete preto sobre uma camisa de linho branca, calças escuras, e usava um pingente que lembrava o de Liar. A pequenina não disse nada, apenas entregou uma carta ao rapaz antes de fazer uma pequena mesura e se retirar.
- Quem era ela? - perguntou Blair, enquanto a criança se afastava a passos rápido, desaparecendo na multidão.
- Uma mensageira da Ordem - respondeu Liar, abrindo a carta e lendo-a em instantes. - Eles dizem que perceberam minha travessia pela Linha da Realidade e querem que eu me pronuncie sobre você. É uma pena, mas as leis de Arsin me impedem de levá-la ao Conselho por hora. Terá que me esperar aqui enquanto faço sua apresentação formal.
- Sem problemas, acho que há muito o que explorar. Ao que parece, vou me divertir um pouco antes do trabalho.
- Não se preocupe, voltarei logo - disse ele, afastando-se depressa.
Blair observou que haviam parado exatamente ao lado de uma grande catedral. Admirada por sua arquitetura complexa, a garota subiu a escadaria de pedras e chegou até a entrada da majestosa construção. As paredes do recinto foram construídas com blocos de um mármore azulado muito escuro, quase negro, que apenas revelava a verdadeira coloração quando os raios de sol tocavam sua superfície. Na parte interior, havia diversas colunas de pedra grossas que sustentavam arcos redondos e um grande teto abobadado. Com atenção, a jovem pôde enxergar os desenhos gravados nos vitrais das janelas, que pontilhavam as paredes escuras.
Ao fundo do recinto, Blair notou que um grande número de pessoas parecia assistir a uma palestra, ministrada por um estudioso alto e esguio, usando um jaleco branco e óculos de aros redondos. Curiosa, ela se aproximou em silêncio e sentou-se na última fileira de bancos, sem saber que estava prestes a ouvir algo que jamais se esqueceria.


Última edição por Stein em Seg Fev 13, 2012 1:34 pm, editado 4 vez(es) (Motivo da edição : Revisão do texto)
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Mensagem por lgsscout Qui Fev 02, 2012 8:38 pm

Tá muito bom... tanto esse quanto o primeiro, estão mesmo com cara de inicio... situando contexto do tempo e espaço de forma tanto detalhada, quanto ritmada...
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Mensagem por Stein Sex Fev 03, 2012 4:53 am

Valeu cara :]
No começo, pensei que a explicação sobre os portais e o Universo Verdadeiro ficariam um tanto complexas demais, mas minha irmã, que não é acostumada a ler fantasia, entendeu tudo e ficou empolgada. Então, ta valendo xisde
Pela primeira vez, tenho a história inteira na cabeça, do começo ao fim. Que a pena corra solta!!
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Mensagem por lgsscout Sex Fev 03, 2012 7:30 am

geralmente tenho a premissa e os acontecimentos intermediarios... dai na hora de escrever, vou detalhando.
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Mensagem por Stein Sex Fev 03, 2012 8:02 am

É assim que eu faço também, defino tópicos que precisam entrar no capítulo e vou escrevendo. Às vezes um dos pontos fica para ser contado mais tarde, outros são descartados...não sei se essa é a melhor forma de escrever uma história, mas é a que eu achei mais fácil...
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Mensagem por lgsscout Sex Fev 03, 2012 10:05 am

Só sei que sem uma premissa decente, não se tem história... kkk

A parte da narratividade e descritividade entra pra dar vida e ordem aos acontecimentos...
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Mensagem por Stein Sex Fev 03, 2012 10:23 am

É isso ai :]
Estou numa fúria tão grande que o terceiro capítulo já está quase saindo aqui, até segunda ele estará pronto! Um pouco de pancadaria na próxima parte da história não fará mal a ninguém hoho
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Mensagem por Pedro Oliveira Sex Fev 03, 2012 12:10 pm

Manolo,gostei desse capitulo demais,gosto principalmente quando descreve as coisas,quero logo o cap III.
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Mensagem por Stein Sex Fev 03, 2012 12:13 pm

hehe é legal ver que a galera gostando :]
O capítulo III já está saindo, vamos ver se consigo adiantá-lo para esse fim de semana ;]
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