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Fator Gênese - Capitulo 5

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Mensagem por Stein Ter Fev 28, 2012 8:32 pm

Novo capítulo para vocês curtirem ^^

Fator Gênese
Capitulo 5 - O livro em branco
Os dois homens mais importantes de Arsin estavam reunidos em uma sala escura. Iluminados pelas chamas crepitantes de uma lareira de pedra, Nero e Dinar conversavam sobre o teste aplicado em Blair naquela manhã. O ancião, líder da Ordem de Camael, se dizia surpreso pelas habilidades incomuns da garota, enquanto servia dois cálices com vinho.
– O que achou dela? – perguntou Dinar, oferecendo um dos cálices a Nero. Sua voz continuava rouca e baixa, como se fizesse um esforço incomum para falar, um dos efeitos causados pela doença que o afligia.
– Espetacular, devo admitir. É inacreditável que um mundo como Dracma poderia estar escondendo alguém com tamanha habilidade – respondeu o cientista, aceitando a bebida. O tecnomago parecia rever mentalmente cada momento do teste que aplicara em Blair, admirado com os movimentos precisos e a inteligência da guerreira para o combate.
– Acha mesmo que ela será capaz de realizar a tarefa?
– Não tenho certeza. Ainda que ela seja forte, perceberá que a missão não é tão simples como aparenta. Caso contrário nós mesmos já teríamos feito o trabalho.
– Você tem razão, meu bom aprendiz. Neste caso, iremos apenas observa-la de perto. A jovem Blair poderá se mostrar uma ferramenta muito útil no futuro.
Nero assentiu. Estava curioso para conhecer a sorte de sua mercenária.


No dia seguinte, Blair havia acordado antes de Liar, que ainda dormia na cama de cima do beliche.
A guerreira estava curiosa em saber mais sobre a cidade, mas seu orgulho não lhe permitia perguntar ao rapaz tudo que lhe vinha à mente. Ela simplesmente não gostava da idéia de seu antigo rival ter descoberto tantas coisas novas, enquanto ela permanecia vagando pelo deserto e arriscando a vida por um pouco de ouro.
Blair caminhou até o guarda-roupa e pegou emprestado uma camisa de linho branca e o sobretudo emborrachado de Liar, antes de escrever um bilhete de aviso ao amigo e deixar a estalagem em direção à Grande Biblioteca.
Era por volta das cinco horas da manhã, o vento frio soprava forte pelas ruas vazias por onde a garota passava e o ar estava úmido, muito diferente do clima que ela estava acostumada.
Um aglomerado de nuvens cinzentas pairava no céu e o som estridente dos trovões acusava a vinda de uma tempestade. Quando as primeiras gotas de chuva começaram a molhar o asfalto, Blair já havia chegado à biblioteca, que permanecia aberta ao público durante todas as horas do dia. Não havia ninguém ali, exceto pelos funcionários da administração no terceiro andar, que não deram importância à sua chegada. O recinto estava em silêncio absoluto e era hora de iniciar sua exploração.
Atravessando o saguão de entrada, Blair caminhou até uma das estantes e procurou por um mapa-múndi. Ela notou que havia livros de todos os assuntos imagináveis naquele lugar, desde tomos que explicavam a teoria da magia até os que comentavam sobre a história de Arsin, passando por livros didáticos, literaturas e documentos antigos.
Quando encontrou o que procurava, ela levou um rolo de pergaminho até uma mesa vazia e abriu o mapa, usando dois pesos para manter o papel esticado. Para sua surpresa, o documento estava dotado de um feitiço útil, que permitia projetar no ar os desenhos do planisfério, dando uma sensação de profundidade. Ao apontar um local no mapa ou evocar seu nome, a figura em três dimensões girava e lhe apresentava o que estava procurando, mostrando os nomes não apenas daquele, mas de todos os lugares próximos.
Como Blair pode notar, Arsin era um mundo muito maior que a desértica Dracma. Havia três continentes principais, entre eles a própria Arsin, aparentemente a grande metrópole mundial, o continente gelado Magnólia, que abrangia toda a parte inferior do mapa, e Versália, representando a grande formação de terra no topo do planisfério, o ponto mais quente daquele mundo. Todos os continentes, e as dezenas de ilhas que podiam ser observadas, eram rodeados por um mar que percorria toda a extensão do globo, descrito como Grande Oceano.
A guerreira se deteve por um momento manipulando o mapa e lendo o nome de alguns locais, antes de devolver o pergaminho enfeitiçado até sua estante. Em seguida, ela se dirigiu ao segundo andar do recinto, subindo o lance de escadas em uma das laterais da biblioteca. Conformei avançou, Blair encontrou, na parede entre duas estantes de livros, uma porta de madeira muito grande com o símbolo das três engrenagens entrelaçadas, onde se lia “Sessão Proibida”.
Sem que pudesse impedir sua curiosidade, a garota se aproximou da porta e tentou forçar a maçaneta, sentindo uma forte pressão no ar à sua volta, mas nada aconteceu. Ela se questionava se, mesmo depois de descobrir tantas coisas sobre o Universo Verdadeiro e tudo o mais, ainda havia mistérios que lhe eram ocultos. O lugar, obviamente, estava trancado, e Blair estava intrigada com o tamanho do segredo que aquela porta poderia estar guardando. Ela ouviu o barulho de passos se aproximando atrás de si e girou o corpo para ver quem era.
– Bom dia – disse um homem que se aproximava. Era Nero, e trazia um sorriso cordial. – O que procura na sala logo adiante, mercenária?
– Bom dia, senhor palestrante, estou apenas estudando um pouco.
– Cuidado com sua curiosidade – alertou ele, simulando um tom de voz sombrio. – Existem coisas que é melhor não sabermos.
– Que tipo de coisas? – ela decidiu entrar no jogo do cientista.
– Uma mulher interessada em segredos... – ele se aproximou e alisou o batente da porta com a ponta dos dedos. – É uma pena, minha bela exploradora, mas não é apenas uma tranca comum que mantém esta sala guardada. Existe uma magia poderosa que protege o aposento contra invasores.
– Segredos existem para serem descoberto – arriscou Blair. – Posso presumir que você tenha a chave para entrar ai.
– Perspicaz – admitiu Nero, virando-se para a guerreira. Ele apresentou uma palma fechada e, abrindo-a lentamente, revelou uma chave de ouro maciço onde, gravado na base da peça, estava o mesmo símbolo da porta –, talvez eu possa lhe mostrar algo digno de nota.
– Esse procedimento é contra as regras da Grande Biblioteca, Arias! – era a voz de uma terceira pessoas que observava logo na saída do corredor formado pelas estantes, chamando o cientista pelo primeiro nome.
– Nem agora deixa de me perseguir, Elia? – retrucou Nero, em um tom divertido.
Elia era o Mestre Bibliotecário daquele lugar, responsável pela segurança do enorme acervo de livros, e talvez fosse o próprio conjurador da magia de proteção lançada sobre a sessão proibida. Era um homem com cerca de cinquenta anos, alto, de aparência vigorosa e imponente, dando a impressão de ser mais guerrilheiro que bibliotecário. Vestia uma túnica alaranjada que cobria todo o corpo, com exceção da cabeça e das mãos, onde trazia um livro grosso, que possivelmente vinha lendo.
– A garota não tem permissão para entrar nessa sala – retrucou, severo – Ainda que você possua regalias como aprendiz de Agnes, não tem o direito de revelar a qualquer outra pessoa o conteúdo dessa sessão.
– Não se preocupe, estava brincando com ela – disse Nero, Blair não conseguiu distinguir se ele mentia ou não. – De qualquer forma, preciso partir, possuo assuntos pendentes a tratar com a Ordem e não podem passar de hoje – concluiu, despedindo-se dos e dois desaparecendo pelas estantes de livros.
– Tome cuidado com o que procura, minha jovem – disse Elia. – Existem coisas que não cabem a você conhecer. Ainda não.
Blair estava intrigada pelo que acontecera e refletia o corrido enquanto voltada para a estalagem. Ela achava suspeito o fato de Nero ter aparecido no momento exato em que chegara até a porta da sessão proibida, e fora embora usando uma desculpa bastante conveniente. Ela não sabia se havia sido apenas uma coincidência, ou se o cientista queria revelar a ela algo que Liar ainda não havia feito.
Mais tarde, naquele dia, Blair comentou com Liar sobre o sonho que tivera com a gigantesca máquina de guerra e a mulher alada, e também falou do encontro repentino com Nero na Grande Biblioteca. O amigo acreditava que os sonhos eram algo, geralmente, confusos e passíveis de muitas interpretações, e pediu que ela não se deixasse levar por aquilo. Quanto ao evento na biblioteca, ele não tinha certeza. Nero era um homem misterioso e Liar não conseguia ler suas ações desde que chegara a Arsin.
Naquela noite, quando os dois se deitaram em suas camas e começaram a adormecer, Blair sentiu algo diferente dentro de seu travesseiro. Um longo silêncio seguiu-se até que ela, tendo certeza de que Liar estava dormindo, levantou a cabeça e apalpou o objeto em meio à estopa. Era um livro.
Abrindo com cuidado o zíper do travesseiro e agarrando o volume, ela o escondeu por baixo da camisa de linho e andou calmamente até o banheiro, sem produzir som algum. Blair trancou a porta ao passar e acendeu a luz para observar o tomo. Era um livro de aparência muito antiga, de capa vermelha, sem título ou autor, mas, além disso, sem conteúdo. As únicas palavras escritas estavam na primeira página, em uma caligrafia fina e inclinada: Vox Veritatis.
Blair não sabia o que aquilo significava, mas voltou para sua cama e enfiou o livro dentro do saco de viagens, embrulhando-o em alguns panos grosso. Não devia ter sido Liar quem lhe dera o livro em branco, pois o rapaz teria explicado algo. Mas então, quem havia trazido o objeto até ela e o escondido naquele local? Sua mente foi mais uma vez tomada por perguntas sem respostas, até que ela enfim adormeceu.
Quando despertou, na manhã seguinte, Blair deparou-se com Liar aos pés de sua cama, concentrado em ler uma carta.
– Veio da Ordem? – perguntou ela.
– Sim – respondeu o rapaz, percebendo que a garota havia acordado – Diz aqui que você deve se apresentar ao quartel general do exército de Arsin o quanto antes. Estão aguardando sua apresentação para partirem.
– É uma pena que não tenha tido mais tempo para explorar a cidade – lamentou Blair, sentando-se e pedindo a carta para ler.
– Não se preocupe, terá tempo de sobra quando voltar – Blair sorriu, a confiança que Liar conferia a suas habilidades era algo que a alegrava. – Além disso, o caminho que tomaremos irá satisfazer um pouco seu espírito aventureiro.
Era por volta das cinco horas da manhã quando eles deixaram a hospedaria e começaram a caminhar pelas ruas, ainda escuras e iluminadas pelos postes de hastes pretas, que pontilhavam as calçadas.
Seguiram até uma rampa de asfalto que levava a uma larga construção e Liar conduziu a garota ao topo, onde encontraram várias pessoas reunidas em um grande salão. Havia vasos com plantas e banco de madeira espalhados pelo local e um telão informativo pendia do teto por um suporte de ferro. Aquela, como o rapaz explicou, era a estação de trem local, e a locomotiva acabara de chegar, trazida pela inércia até um local onde o grupo de pessoas a aguardava.
O veículo era magnífico, inteiramente feito em ferro e revestido por uma tintura preta e vermelha, atingindo mais de duzentos metros de extensão e seccionado em noventa cabines isoladas. Para facilitar a entrada dos passageiros, as cabines eram divididas em grupos de nove vagões cada, onde havia um corredor estreito pelos quais as pessoas podiam chegar até seus compartimentos numerados.
– Venha comigo – disse Liar, pegando a mão da garota e puxando-a em direção à fila.
Ele colocou duas moedas de bronze em uma catraca e o aparelho cuspiu um papel plastificado com o vagão e a cabine onde deveriam embarcar. Blair e Liar atravessaram a porta de um dos grupos de cabines do meio, junto com outros passageiros, e chegaram até o local indicado.
Antes que entrassem, Liar inseriu o papel plastificado em uma leitora disposta acima da maçaneta da porta, que, reconhecendo o bilhete, abriu o mecanismo de liberação, permitindo a entrada de seus passageiros.
Apesar de pequena, a cabine era muito limpa. Havia dois bancos dispostos paralelamente um ao outro, uma mesa quadrada no centro e uma grande janela que ocupava quase toda a parede lateral, oferecendo uma bela vista da paisagem lá fora.
– Sinta-se à vontade – disse Liar, sentando-se em um dos bancos de couro marrom. – Aposto que nunca viajou em um destes em Dracma.
– Não mesmo, o que isso faz? – perguntou curiosa, sentando-se no banco à frente de Liar, enquanto a locomotiva dava sinais de partida.
– Você logo saberá – respondeu ele com um sorriso, divertindo-se com o olhar de admiração da garota quando o trem começou a se mover.
Blair não conseguia tirar os olhos da janela. Lá fora, enquanto o veículo saía lentamente da estação, ganhando velocidade por um longo trilho de ferro, a guerreira via a urbe do alto, as pessoas deixando suas casas de forma sincronizada com o sexto badalar do sino da catedral e os vários automóveis dominando as ruas apressadamente.
Conforme a locomotiva avançou, Blair percebeu que os trilhos formavam um caminho complexo por cima das ruas e edifícios, e ela tinha visão clara de toda a metrópole. Além disso, notou que a cidade era rodeada por uma densa floresta, que se estendia muito além das casas e estradas, até onde seus olhos conseguiam enxergar, iluminada pouco a pouco pelos raios alaranjados do sol da manhã. Após alguns minutos, eles se viram passando um longo túnel, e o trem começou a perder velocidade gradualmente, até estacionar por completo.
– Chegamos – disse Liar, levantando-se e chamando Blair para fazer o mesmo, que o acompanhou com evidente decepção por precisarem desembarcar tão cedo.
Ao saltarem do trem, caminharam pela estação até a rampa de saída e desceram para a cidade, num ponto muito próximo com o início da floresta. Liar conduziu a garota pela calçada até que chegaram a um grande portão de ferro. Em frente à entrada, havia dois homens fortes que portavam armas de fogo e um longo sabre preso à cintura, vestidos com uma farda azul-escura, onde era possível observar o escudo das três engrenagens entrelaçadas, mas as inscrições que rodeavam o desenho eram diferentes das da Ordem de Camael, trazendo a frase Aqueles que protegem o mundo.
Após apresentarem os pingentes da Ordem e se identificarem, Blair e Liar receberam permissão para passarem pelo portão.
– Hora veja, se não é meu bom Liar! – exclamou um homem, aproximando-se dos dois.
– É ótimo revê-lo, Daniel – cumprimentou Liar, fazendo uma continência e apartando a mão do amigo logo em seguida.
Daniel era um homem franzino, usava óculos de aros grossos e quadrados, e apesar de sua aparência pouco imponente ocupava o importante cargo de avaliador, sendo responsável por selecionar os soldados mais aptos para cada missão.
– Então, essa é a mulher de quem tantos falam, a mercenária Blair do Deserto. É um prazer conhecê-la – disse Daniel, dirigindo-se à garota.
A guerreira retribuiu o cumprimento e foi conduzida até um campo de treinamento, onde muitos soldados praticavam exercícios. Ela pôde notar que o lugar era dividido em diversos blocos, separados por cercados de madeira, cada um voltado para o treinamento de uma habilidade específica.
Em uma secção, um grupo de militares praticava a esgrima, organizando-se em duplas, em outra, uma equipe desenvolvia um treino usando armas de fogo, e Blair também viu que existiam áreas para o treino de artes marciais e exercícios de resistência.
– Bem, de acordo com os pré-requisitos que a Ordem me passou – começou Daniel, enquanto paravam em frente a uma cabana de madeira, ao lado de um dos blocos de treino –, fiz a escolha que julguei mais produtiva.
Quanto o avaliador abriu a porta, eles se depararam com um grupo de soldados, alguns preparando suas mochilas com roupas e objetos pessoais, como se estivessem de partida, enquanto outros simplesmente pareciam relaxar. A cabana era um lugar pouco confortável, formada por um único quarto de aproximadamente vinte metros quadrados, onde estavam dispostos três beliches, um guarda-roupas comunitário e uma mesa de centro, onde dois jovens divertiam-se com um jogo de cartas, sentados cada um em uma das camas de baixo.
Quando os recém-chegado entraram no aposento, os militares cessaram o que estavam fazendo e observaram o grupo.
– Esta é a equipe que lhe acompanhará na missão, senhorita Blair – disse Daniel, começando a apresentar o time.
O grupo formado pelo avaliador era composto por seis pessoas. John, aviador e mecânico, era um homem musculoso de cabelos grisalhos, apoiado na parede próxima à única janela do quarto, enquanto lia um livro antigo. Mithrim, um homem anão, que era um dos que jogava cartas, e seu parceiro, Alex, um sujeito esguio e sorridente, eram os médicos da equipe.
Sentada na cama superior do beliche onde o anão estava, havia uma garota de cabelos negros e arrepiados na parte de trás da cabeça, chamada Emily, a especialista em computadores do grupo, que manipulava um notebook de forma frenética enquanto uma sequência interminável de números era refletida pelas lentes de seus óculos.
No leito superior do beliche adjacente, uma mulher lustrava uma pistola prateada, reluzente, pela qual parecia ter um profundo apresso. Aquela era a atiradora Roxanne, um mulher de beleza estonteante, que exibia uma pele morena e curvas sensuais por baixo das roupas justas.
Por fim, Daniel apresentou o especialista em magias da equipe, Merick, um homem com trinta e poucos anos, de olhos puxados, pele amarelada e cabelos negros, longos, amarrados em uma trança fina. – Aqui estão alguns dos soldados que formam a elite do exército de Arsin, não tenho dúvidas de que serão mais que o suficiente para a missão. Bem, chega conversa, vocês todos partem em vinte minutos. John vá finalizar os preparos do avião e tenha certeza de que os equipamentos de comunicação estão em perfeito estado.
– Sim, senhor – disse o soldado, com indiferença, colocou a mochila sobre as costas e saiu da cabana.
A equipe se aprontou rapidamente e logo já estavam de partida. O anão tentava puxar assunto com Blair, perguntando de onde a garota vinha, enquanto o resto do grupo seguia em silêncio, atento às respostas. Enquanto isso, Emily brincava com um jogo eletrônico em seu smartphone, aparentemente ignorando as outras pessoas sem tirar os olhos da tela do dispositivo.
– Venho de um mundo desértico, Dracma – respondeu Blair, amigavelmente –, sou uma amiga de Liar.
– Interessantes – disse Mithrim –, acho que Merick veio do mesmo lugar, mas todos os outros, incluindo a mim, somos nativos da Grande Capital. Ouvi dizer que você deixou os velhotes da Ordem de queixo caído – o anão gargalhou –, aquelas múmias arrogantes do Conselho bem que mereciam uns tapas para deixarem de ser tão frescos e convencidos.
– É verdade que você possui controle sobre o kaeri? – questionou Merick, seu semblante era sério e demonstrava ser um homem muito reservado. Blair respondeu com um aceno de cabeça.
– Do que diabos vocês estão falando? – quis saber Roxanne, com seu jeito áspero característico.
– Kaeri é uma habilidade do Povo Perdido, onde o usuário consegue manipular a própria energia espiritual e transforma-la em algo com o qual tenha afinadade – respondeu Emily, sem tirar os olhos do smartphone. – Antes que o povo de Dracma o manifestasse, era considerado como uma lenda. Alguns dizem que o feito só é possível por alguma propriedade mística, ainda não identificada, das areias do mundo desértico. É por isso que a técnica recebe o nome de kaeri, ou Areia Vermelha.
– E como você sabe sobre tudo isso? – surpreendeu-se Alex, não apenas pela resposta da menina, mas por ela estar prestando atenção à conversa.
– Está tudo na rede, doutor “eu não gosto de computadores” – ironizou ela, voltando a jogar. Alex deu uma gargalhada e fingiu ignorar o comentário.
Blair tinha a impressão de que o grupo se conhecia havia bastante tempo. A guerreira trabalhara sozinha durante toda sua história como mercenária – o que compreendia todo o tempo desde seus doze anos de idade, quando apenas realizava trabalhos simples como entregas de mensagens secretas, pois sua aparência infantil era um disfarce perfeito para o trabalho –, exceto pela época em que atuou junto de Liar.
– Vocês são lesmas ou o quê? – berrou o piloto, John, sentado na cabine de um helicóptero militar, acenando para o grupo que acabara de chegar. Ele vestia um capacete de aviação e os fones do rádio da aeronave, além de um macacão marrom com o escudo do exército.
– O helicóptero está carregado com suprimentos, equipamentos médicos, armas e munições, além de itens essenciais de sobrevivência. Caso vocês precisem reportar algo à Ordem ou ao exército, o veículo possui um rádio comunicador de alta frequência – explicou Daniel.
A equipe começou a entrar na aeronave, enquanto Blair se despedia de Liar.
– Quero que prometa que vai voltar com vida, mercenária – disse ele, com um tom sério na voz. – Lembre-se que sua missão é apenas conseguir informações. Não se arrisque desnecessariamente.
– Não se preocupe, taverneiro – brincou ela, arrancando um sorriso do amigo, enquanto subia no helicóptero e descansava o saco de viagem entre as pernas –, alguma vez já lhe deixei na mão?
John ligou o motor da aeronave e suas hélices produziram um som alto ao atrito com o ar. A grama rala ao redor agitou-se violentamente, e o helicóptero alçou vôo, enquanto os soldados no campo de treinamento voltavam seus olhos para o céu, observando sua partida. Estavam curiosos quanto ao motivo de o exército ter reunido um grupo tão forte para uma missão simples como aquela, o que todos achavam ser desnecessário.
Eles não imaginavam o quanto estavam enganados.
Stein
Stein
Alquimista

Data de inscrição : 21/10/2011
Idade : 33
Localização : São Paulo, San Rafaello Park
Emprego/lazer : Arquiteto da Matrix - um salve, mano Asimov

O que sou
Raça: Humano
Classe: Alquimista

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