[2º Heaven Empire RPG] - Capítulo 1

Coloco as mãos na mochila, procurando o celular branco quando me lembro que havia explodido ele em Spiritum.
"C-como vou falar com Harver... devo pedir emprestado?"
"Pede para alguém, tolinha!"

Coloco a mão como uma criança faz com seus pais no braço de Xing:

- Pode... me emprestar... o celular?

Estava se sentindo cansada, sobrecarregada e agora aquelas vozes a incomodavam na mente. Era o seu transtorno voltando pela falta dos remédios que ficaram no hotel no Iraque.

"Sim, foi o ministro que nos recrutou para investigar o seu desaparecimento. Não me importa sua política, Obama, só quero resolver isso logo" digo, tapando o celular para que não vaze o som.

Aguardo ser atendido.

[ministro] - Olá meu jovem colega, tem novidades? Nos divertimos muito na sua ausência... (jonah sente sarcasmo)

Sorrio de canto, estendendo o celular para Liana.
- Fique à vontade, gatinha - inspiro a fumaça para o outro lado, para ão incomodar a maga. - Vai ligar para casa? - Brinco.

"Tenho o objetivo da missão comigo. Liberte ela e completamos a missão, nada menos, nada mais. Vocês tem seu ex-presidente de volta e eu tenho a minha mulher" respondo, ignorando o sarcasmo.

após a conversa com obama, que durou alguns minutos, o ex-presidente entrega o telefone a jonah. já sem conexão. A chamada havia sido terminada. Todos conseguem ver o raiar do sol ao longe...

"John, nos leve até sua...academia. Precisamos todos trocar de roupa pelo menos"

O Ministro deu um ponto de encontro?

- ele não especificou nada. Ordenei que deixasse sua esposa no aeroporto, com dinheiro e bem tratada. não será louco de recusar. - fala Obama.

[harver] - Olá? quem é? LIANA? minha jovem senhorita, como está? conseguiu algo com sua viagem?

Falo com a voz abalada, como se tivesse encontrado em quem me escorar depois de todo o trauma. Harver era um amigo de longa data e tinha sido seu responsável judicialmente:

- Achei Morgana... ela está nua... foi machucada... preciso da tua ajuda, Harver. Eles acham que estamos em Nova York... fomos para Spiritum, Harver... caímos nesse lugar e eu explodi meu celular, me emprestaram. O que eu faço?

O silêncio marca a voz de harver, compassada apenas por sua respiração alterada... 3 segundos... 5... dez...

- Ela está viva? Estabilizada? Como vocês chegaram em NY? há algum outro arcano com você? Posso providenciar suas passagens, mas levarei pelo menos um dia para recolher o dinheiro e mais um para a transferência. Você tem alguma conta aí? Não tenho nenhum contato americano.

John segue seu caminho, seguido por quem assim desejou. A madrugada é fria e bem triste depois do que passou, principalmente quando se recorda que no fim de tudo, é só mais um solitário sem rumo. como um eterno quadjuvante de uma história que nunca foi sua realmente... Chega ao subúrbio, ao prédio em que outrora possuía uma sala comercial... sobe as escadas, se depara com um lugar pixado, fedendo a urina e suor, além de mofo. Sua academia havia se tornado um antro de drogados... Muitos o encaram ameaçadoramente, mas por algum motivo, eles não conseguiam provocar em você qualquer emoção. Suas últimas experiências são fortes demais.

Xing percebe o quanto liana está abalada. Quase despenca em choro ao conversar com o amigo do outro lado da linha. Seu pensamento raidamente volta-se para a sede, como é filho de um abastado pai, esse sentimento não lhe aparece muito. Mas sabe que a mente de um predador tem dificuldades de se focar em qualquer coisa que não seja saciar seus desejos, principalmente com presa próxima... rapidamente outra mudança, o sol está a despontar no leste. Deveria agir rápido.

Jonah está aliviado, só existia um tipo de pessoa em quem conseguia confiar no fim e tudo, e era num companheiro de trincheira, Obama havia provado seu valor em combate, e no fim de tudo não havia motivos para desconfiar de sua palavra...

- D-devo ter alguma conta que fiz com as turnês e... sim... outros conjuradores... sim... - estava lerda para responder - estabilizada... teletransportamos... quero dormir, Harver...

- as pessoas que estão com você, são de confiança? Procure um motel para dormirem, lance uma magia de alarme e descanse. Quando se sentirem melhor procure algo para comerem e me ligue novamente.

Gentilmente, recolho o celular das mãos trêmulas de Liana, e eu mesmo tento dialogar com Harvey.
- Olá, sou Xing Tao - digo, com simplicidade, deixando os trejeitos de lado. Não julgava necessário naquele momento. - Sou amigo de Liana, estamos juntos nessa. Ocorreu um... - respiro fundo - acidente, por assim dizer, e encontramos Morgana bastante debilitada, mas viva. Conseguimos nos livrar dos sequestradores, por assim dizer, mas todos nós estamos bastante feridos, não apenas fisicamente - penso por um instante. - Temos um contato que pode ser uma bela ponte entre nós, e ele mesmo é como um financiador para o nosso grupo. Você já deve ter ouvido falar de Gustavo Perandré. Sim, o gênio...é, eu sei que é difícil de acreditar, mas esse cara é amigo de um amigo nosso e decidiu nos ajudar. Creio que todo o dinheiro que precisarmos pode ser facilmente conseguido com ele, e você mesmo pode entrar em contato conosco através dele - rapidamente, passo o endereço de Gustavo para Harvey. - Dentro de uma hora, você pode entrar em contato com este homem, creio que vamos conseguir ficar hospedados em sua casa e de lá poderemos cuidar de Morgana e...de outras garotas que conseguimos resgatar. Este telefone é meu, Harvey, se precisar de qualquer coisa, por favor, me ligue. Vamos tentar conseguir um lugar para descansar enquanto o apoio não vem.
Tendo finalizado a chamada, entro em contato com Gustavo e rapidamente explico nossa situação, pedindo sua ajuda e dizendo que vamos precisar dos médicos particulares que ele possui, para tratarem das garotas, além de um lugar para ficarmos novamente. Como sua casa já serviu de QG para nós antes, julgo que não deve ser nada difícil. Peço que Gustavo use de sua influência para nos resgatar o mais rápido possível, devido à nossa situação de debilidade. Peço que ele traga também sacos de sangue para a transfusão no caminho, pois temos muitas pessoas feridas (e porque estou faminto). Aviso também sobre Harvey, e explico que ele é um amigo nosso e de Liana, uma garota se uniu ao nosso grupo.
E assim finalizo os contatos, fazendo quase tudo que eu podia. Odiaria pedir a ajuda de meu pai, pelo simples orgulho...mas sabia que em breve isso seria inevitável.

Ao perceber a situação em que Liana se encontra, noto que a minha dor e meu choque não são nada comparados ao que aquilo era capaz de provocar em uma mente humana. Com um movimento involuntário, envolvo Liana nos braços, trazendo para perto de mim. Acarinho seus cabelos, agora desgrenhados, sentindo sua pele fria pelo vento noturno e sua tremedeira pelas lembranças escuras. Apoio sua cabeça contra o meu peito, e assim permaneço, sentado com ela enquanto sinto sua respiração descompassar pelo frio.

"Mas que calor pode um vampiro transmitir a uma humana, se minha pele é fria como a morte?", o pensamento me toma de assalto.

Precisava tirá-la do choque, desviar sua mente nem que fosse por um segundo...observá-la era como ver uma boneca de interior roubado. Era triste...especialmente para mim. Eu me identificava com seu desconsolo e sua solidão.

"Só posso tentar aquecer-lhe o espírito..."

Sem dizer palavra, apenas olho profundamente nos olhos de Liana, tentando transmitir a ela que estamos todos juntos nessa, e que a dor de cada um acaba se acumulando à de todos. Não estamos sozinhos e a batalha pela qual passamos era prova concreta disso. Através deste olhar, tento demonstrar que, por mais que ela tenha vivido na solidão e na escuridão por tanto tempo...ela não estava sozinha. Eu me importava.
- Desculpe por isso - digo, antes de acariciar o rosto de Liana com uma das mãos e trazer seus lábios até os meus, gentilmente, na tentativa de tirá-la daquele transe de terror e escuridão, nem que por um segundo, desviando sua mente do mal. Sinto seus lábios frios contra os meus, e seu rosto esquentar contra minha pele, talvez de vergonha ou de raiva...mas isso não importava agora. Eu mesmo já não sabia como agir, aquela era minha tentativa desesperada de salvá-la, e por aqueles longos segundos sinto como se meu próprio coração se aquecesse e meu sangue corresse. Talvez fosse uma impressão humana, armazenada em meu espírito mesmo após a transformação.





Naquela hora, naqueles segundos, eu jamais poderia imaginar... que quem estava sendo resgatado era eu.

Em vinte minutos chega uma van com um motorista muito mal humorado

OFF: Leon?

Quando chegamos na Academia de John, procuro por alguma camiseta pra vestir (estou só de calça e sapato né?)

"Viaje menos, restaure esse lugar John"

Observo Xing tomar o celular da minha mão e conversar com Harver, meio desligada com o que estava acontecendo. Começo a olhar a movimentação do resto do grupo, afoita por estarmos no mesmo lugar há alguns minutos.
Aquilo me corroía por dentro, não sabíamos se ficaríamos bem, acima de tudo, se Morgana ficaria bem.

Então, Xing se aproxima de mim e me envolver com seus braços. Nunca havia se aproximado de um homem assim. Sempre foi complicada, despreparada e agora estava em choque, mais perdida que nunca.
Ele me pede desculpas e antes que eu perceba, seus lábios já estavam tocando os meus, fazendo meu corpo esquentar e sentir algo que nunca havia sentido.
Não sei se o afasto, se continuo pressionando meus lábios contra os lábios dele, ou se fujo.

Escuto a van parar ao nosso lado e não sei parar o beijo: não sabia esquecer a sensação.
Com a mão no peito de Xing, sinto a impressão de ter sentido seu coração bater, mas era impossível.

Meu primeiro beijo... era com um vampiro e aquilo teve o poder de aliviar o choque por alguns segundos. Engulo a saliva, perplexa, afastando o rosto para trás depois dos longos minutos a beijá-lo:

- T-t-emos que ir!

Um sorriso de canto, involuntário marca meu rosto, quando tomo a mão de Liana para ajudá-la a se levantar.
- Sim, preciso continuar nossa aventura maluca - digo, bagunçando os cabelos de Liana. - E você precisa de um banho e de uma cama quente. Vamos lá, Sininho, a vida continua - brinco, para distraí-la.
Me aproximo do carro.
- Yo - cumprimento, tentando ver quem é o nosso carona.

Liana sente o toque de xing. E mais do que nunca consegue entender como os filmes mentem... é impossível sentir calor humano vindo de xing, como beijar um pedaço de bife recém descongelado... tudo o que sentira, proveio de seu psicológico, da afeição que sentia pelo vampiro... a língua dele dentro de sua boca era um pouco... não. Um MUITO nojento... mas estranhamente, seu corpo reagia e com o tempo passou a gostar disso e por um milésimo de segundo, a faz esquecer dos problemas... o calor em seu ventre e rosto, assim como o frio no torso e o formigamento nas temporas que a fez fechar os olhos... só poderia definir aquilo como prazer, por mais estranho que fosse... foi então que viu... a textura da branca pele do homem, lembra em muito mármore branco polido...

ambos se soltam, xing sente um prazer distinto, não sexual, isso ele não sentia a tempos... mas um prazer interior, na alma, na humanidade que acham que ele não tem...

O motorista se apresenta como Marshal. pede que todos entrem e rápido, gustavo está esperando.

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John e Jonah chegam à academia. Não há nada aproveitável no lugar. Está frio, e fétido. Há inclusive fezes em alguns lugares próximos ao banheiro, e o Tatami fora desmontado para servir de colchão ou travesseiro, ou a qualquer outro propósito menos nobre. Não havia comida... Não havia água, não havia nada... Além de um monte de desconhecidos deitados e um único em pé acordado, perguntando se "ces querem"...

Peço ajuda para colocarmos as garotas no carro com cuidado (imagino que o carro seja bem grande, já que eu informei que estávamos em muita gente), e indico onde Jonah e Jhon estão, para irmos buscá-los e partir.
Tenho um sentimento diferente no peito nesse momento...diferente de tudo que sentira nos últimos dez anos. Era, por assim dizer, como me sentir fora de uma caixa onde estava aprisionado até então...eu estava feliz, ainda que pensasse que houvesse esquecido essa sensação. Simples assim, feliz.
Meu corpo, porém, estava extremamente cansado, tanto pelos eventos que se seguiram, quando pela falta de sangue. Esperaríamos até chegar no lugar onde Gustavo no esperava, antes de me alimentar discretamente do grupo, como sempre havia feito.
A noite me parecia mais bela que o normal, e cumprimento o Olho de Tenebra que ilumina o céu negro.

após alguns minutos que só serviram para aumentar ainda mais a depressão de John, Jonah nota uma grande vã cortando luz em frente ao prédio, os vidros são totalmente negros e ninguém pode ser visto. Logo eles começam a buzinar. o sol está nascendo. Dentro do carro xing pode ver um frigobar, que se por acaso tiver a curiosidade de abrir encontrará 3 bolsas de sangue, dentro de uma pequena caixa de isopor, carinhosamente endereçada a ele na tampa. De resto, sanduíches de frango, presunto, refrigerante e todo tipo de Snack estava disponível... O grupo segue em direção à torre Perandré...

a interpretação está liberada.

Aproveitando que o veículo é bastante grande, e a viagem deve ter seus 20 minutos, não consigo resistir ao sangue ali, à disposição. Sacando uma das bolsas de sangue quando ninguém estiver à vista (se for necessário, eu construo a situação), seco seu conteúdo quase de uma vez só, respirando fundo em alívio. Era um prazer ainda maior que o cigarro me proporcionava. Assim como a comida era para os humanos, o sangue era meu maior vício...
Como uma barra de snickers para disfarçar o odor de sangue, aproveitando a viagem ao lado do grupo, próximo a Liana. Sabia que ela deveria estar bastante tímida pelo ocorrido e não forçaria a barra...mas tomo o costume inconsciente de me importar com a humana.

Entro no carro, ainda rubra com o ocorrido, tomando cuidado para deixar Morgana aconchegada no banco do carro. Procuro por algum cobertor ou blusa que esteja dando sopa dentro do carro para cobri-la.

Vejo Xing comer uma barra de comida e tomar alguma coisa, mas não consigo olhar diretamente para ele devido a timidez.
Pego um sanduíche, sentindo ainda que meu estômago rejeitaria qualquer coisa que colocasse para dentro, mas era necessário comer.
Ainda tremo o corpo ocasionalmente e ainda precisava de algum medicamento. Apesar disso... apesar disso... me sentia melhor após o ocorrido com Xing.
Como alguém sem vida poderia ter recobrado a minha, pelo menos por alguns instantes?

Procuro por alguma cerveja no que estava disponível na van. Quebraria um jejum de álcool de dez anos, e não conseguia sentir nada desde...acho que desde sempre.

"Gwen..." penso. Instintivamente ajeitaria o chapéu, mas apenas toco o ar, esquecendo-me que o meu foi queimado naquele lugar maldito.

Olho para a proximidade de Xing e Liane, e memórias de dez anos atrás me vem a mente.
Encaro Xing por alguns segundos, mas ele me conhece e sabe o que quero dizer: "Esta mulher vai ser a sua ruína. Outra ruína"

O grupo segue (john vai se quiser) chegando à torre perandré, cujo teto está em reforma, na eterna corrida de altura com o concorrente Stark.

O sol já nasceu a alguns minutos e NY ganha seus sons característicos de manhã, com cheiro de óleo de fritura, gasolina, fumaça ...

Gustavo os recebe, com um pijama tão branco quanto sua pele... Suas empregadas ajudam a vestir as garotas que começam a acordar.

- onde estamos?...
- Que lugar é esse?...

e várias perguntas desse tipo se seguem. aparentemente as moças ou estavam drogadas, ou não estavam nada bem mentalmente... morgana também começa a despertar, mas a reação dela é completamente diferente...

*começa a estapear liana*

- NÃO!!! NÃO!!! NÃO VAI ME ENGANAR DE NOVO SEU MALDITO!!! SAI DAQUI SAIIII!

Havia penado para tentar descansar um pouco mas o corpo e a mente pareciam tão exaustos que descansar se tornou uma tarefa muito difícil.
Ainda estava preocupada com Morgana.

Observo o homem que havia auxiliado Xing e Jonah. Todos tínhamos nossas cicatrizes e nossos amigos malucos, devo admitir.
Ao ver as meninas despertando, fico um pouco aliviada. Por último, Morgana finalmente desperta e quando me aproximo dela, sou surpreendida pela completa falta de afeto:

- M-maldito..? - fico sem reação enquanto levo os tapas ardidos contra a pele - Do que está falando... sou eu, Morgana... não me conhece?

"Por acaso estou diferente..?", tentou raciocinar mas não conseguia.