Marcos Oliveira - Médico, estudante, assassino.

A vida é complicada na Grande São Paulo. As pessoas vivem vidas efêmeras, sem sentido e com medo a muito tempo nessa cidade, entretanto o novo sistema de segurança Sybil se propôs a mudar essa realidade. A aceitação foi um pouco controversa a princípio mas os rápidos resultados na prevenção e rápida punição do crime tratou de solucionar rapidamente esse problema como em outras partes do mundo.

A vida se torna monótona na Grande Sâo Paulo. As pessoas seguem seus caminhos, não há muito com o que se preocupar agora que é seguro caminhar à noite, pode-se sem medo ir trabalhar e voltar, almoçar em um bom restaurante ou namorar no parque. A invasividade dos robôs e drones é sim incômoda mas todos parecem dispostos a abrir mão desse pouco de liberdade em prol da segurança.

A vida se torna angustiante na Grande São Paulo. As pessoas são monitoradas, onde quer que pisem. Dentro de suas casas, no hall do prédio, pela rua, nas lojas, no trabalho... As execuções sumárias assustam muita gente quando ocorrem, protestos na Internet acabam ocorrendo por parte das associações de direitos humanos, embora sem qualquer eficácia... sua força sumiu e nem se compara com o que foi a algumas décadas.

O povo teme.

O sistema não tem alma, não difere stress ou traumas de conduta criminosa e não são poucos os relatos de pessoas arrastadas à terapia sem motivo aparente ou simplesmente executadas na fuga. A população aprendeu a viver sob o monitoramento do seu Psycho Pass, embora saibam que essa liberdade perdida parece se tornar mais cara a cada dia.

Marcos é um jovem inteligente. Vive nessa mesma cidade. Não presenciou a aurora da Sybil ou a mudança radical no sistema de segurança, mas se adaptou muito bem a ela. Sempre buscou estudar, aprender... Filho de uma família de classe média-alta, sempre gostou de ter boas notas e dos presentes que isso lhe trazia em casa. Nunca foi uma pessoa altruísta, talvez a educação ou a família sem muita atenção não tenham ajudado, mas o garoto sempre gostou de fazer por si. Não importava a ele qual procedimento deveria adotar, o sucesso sempre lhe pareceu mais importante que tudo. A vigilância era algo a se driblar, mas mesmo criança sempre teve uma capacidade muito boa para se livrar de evidências e mesmo sua psique dissimulada sempre lhe permitiu manter a "cara de inocente".

Até que em sua adolescência recebeu o convite. Um eufemismo para uma proposta sem volta, sem caminho negativo. Ou aceita ou morre.

Não era problema pra ele. Sua capacidade de não se importar com os demais e tentar tirar proveito de tudo sempre lhe serviram bem, e agora a chance de usar isso como profissão bate à sua porta. Um amigo de seu pai lhe entrega a carta da organização. Não há nomes, apenas uma grande estrela vermelha indicando que ele seria treinado. Física e Psicologicamente o garoto se submeteu a um rigoroso e discreto processo de condicionamento para ser a ferramenta perfeita. Ele nunca teve a ilusão de que seria importante para a organização, sabe que não era o único e tinha a certeza que no dia em que cometesse um erro iria sumir dos registros assim como aqueles a quem ele deveria fazer desaparecer quando ordenado.

O garoto estudou e treinou. Cursou medicina, era também atleta competidor de tiro esportivo, um luxo raro. Em seu último ano de curso iniciará um estágio no hospital conveniado do departamento de segurança. Certamente uma oportunidade conseguida por seus líderes.

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