Desmond - Grenadier

“Garantindo a vida dos seus, pois ninguém nos reconhece como gente, mas nós somos família.”
Gauls.

Capítulo Alfa

Muito antes da adolescência, depois de fugir do orfanato, Desmond e a irmã mais velha, Sanna, foram recebidos como parte de uma “gangue de moleques”, liderada por Gauls – um “irmão mais velho” atuante numa das principais regiões comerciais da capital de Elyin. Cresceram como pivetes delinquentes, cometendo delitos, aproveitando as brechas para viver. O QG (e casa) deles foi uma instalação abandonada após um acidente químico onde parecia ter sido um laboratório clandestino há muitos anos atrás, tanto quanto a idade dele, dois anos mais novo que a irmã. Os dois eram os únicos que demonstravam algum contato magico entre o pessoal.

Baderneiro nato, movido pelos desafios alheios ou a ambição de destruir algum material muito resistente, desenvolvia explosivos com potência para cada obstáculo. Cuidava também dos suprimentos do grupo; aprimorou rações, energéticos e outros suprimentos que ajudassem na sobrevivência.

Em uma de suas experiências, resolveu criar um energético com suco de laranja, seu favorito. O chefe assistia com fascínio, o uso das habilidades do jovem que criava os itens básicos que precisava para seu teste. O resultado foi tão inesperado que a solução gerou um borbulho incomum; e, num reflexo digno de surripiador que era, o irmão maior arrebatou o frasco dos dedos do garoto jogando-o ao canto da sala e rolou a mesa para usá-la de proteção contra uma possível combustão. Foi um estouro seguido de respingos e fumaça com um efeito corrosivo contra a superfície das paredes e demais áreas expostas. Um sermão foi necessário, mas o incentivo veio para que aquilo pudesse ser útil algum dia.

O grupo crescia em perícia e renome. Começaram a aplicar jogadas mais capciosas. Nem a guarda local conseguia detê-los. Desse ponto, a descrição coletiva foi adicionada a uma lista de rebeldes caçados pelo Conselho do Continente Superior. Patrulhas do Céu já rondavam e capturavam os rebelados por toda a nação, principalmente na cidade deles. A situação agravou-se; ora especialistas contra guardas estúpidos, agora eram perseguidos por uma divisão especial.

Conseguiram manter-se intocados e estagnados por 2 meses, com o estoque próprio. Entretanto, nada aconteceu e necessitavam repor a comida. Fizeram o trabalho corretamente, não foram pegos. A desgraça veio no retorno ao lar, emboscada notada pelo capitão. O galpão estava cercado, janelas seriam invadidas e portas escancaradas. Contudo, ele foi mais rápido avisando aos seus que tomaram uma rota de fuga enquanto os mais experientes com armas devolviam tiros.

Na fuga, muitos foram baleados como exemplo. Gauls ordenou que Sanna (a sua irmã biológica) guiasse os outros enquanto ele pudesse segurá-los, ela aceitou com muito receio. A cobertura duraria pouco, no tiroteio foi acertado na perna e teria que ficar. Teria morrido, se não fosse uma explosão sobre os militares, ácido foi espalhado contra os inimigos. E ao seu lado estava Desmond, seu pirralho mais desobediente, com sua bolsa cheia de granadas corrosivas.
– Garantindo a vida dos meus – Disse o garoto, sabendo que deveria levar bronca por estar ali.
Nada mais foi dito. A dupla continuou respondendo aos ataques.


Projeto FASE

Lembra de ouvir a ordem que lhes poupou a vida, pois deveriam falar mais tarde. Não viu mais seu irmão maior. Depois de tentarem arrancar alguma informação sobre facção superior ou algo parecido, colocaram ele numa cela, só viu a luz quando levaram-no para avaliações clínicas. Com os meses, foi ganhando mais espaço. Uma liberdade falsa, deveria trabalhar para o governo em troca de redenção. Descobriu que seu cárcere situava-se em Arsin assim que foi levado para as bases inferiores.

Alistado como um operante do projeto FASE (Forças Armadas Seletoras de Elyin). Divisão fundada para apreender e corrigir os marginais, em geral os mais novos, e de preferência os mais habilidosos (magia era muito valorizada). Assumiu posição como perito em bombas, e usando sua alquimia no desenvolvimento de suplementos ao esquadrão linha de frente. Soldado igualmente bem treinado no combate desarmado, o que serviu de complemento ao seu estilo de rua.

Sua atual demanda, como foi convencido, seria resgatar esses jovens e leva-los as autoridades para receber uma oportunidade de acomodar-se com a sociedade. De tal modo permaneceu operando, resgatando-os. Soube da aliança rebelde, e foi capacitado a combate-los. Logo, tornou-se uma peça chave para encontrar aquele tipo de criminosos; previa todo o comportamento destes.

Tornou-se mais ríspido na realização destas tarefas, pelo fato de contrariar de forma hipócrita a vida que ele e todos os seus defenderam desde tenra idade. Negando sua consciência, conseguia tratar de interrogatórios e torturas mentais. A única coisa que podia fazer por estes para facilitar tudo era, durante a captura, dominar os garotos rapidamente para que a violência permanecesse inutilizável; e aos detidos, dava apoio para que agarrassem aquela chance como ele fizera há pouco tempo.

Esse comportamento guardava seu sono de um arrependimento mais agudo, entretanto, lembrava de cada amigo, e de cada última imagem de vida ou morte que possuía de cada um. Queria saber onde estavam e como estavam. Algo lhe dizia que estava no pior estado, teria vergonha de aparecer para sua família como inimigo.

Apenas uma noite, foi o tempo que teve para pensar sobre isso.