John
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John
Yo aldeões! [acho que me acostumei a começar todos texto assim ]
Esse aqui é mais um conto que escrevo para o Heavem Empire, e também para a comunidade skynerd. Espero que gostem
John
Olá, meu nome é John, não que isso importe muito agora. Afinal, quem leria uma mensagem de celular estúpida escrita por alguém que nem conhece? Bem, se você está lendo, se alguém está lendo, ao menos teve algum propósito, e não sou de todo louco, como aqueles engomadinhos do Hospital Santa Amélia achavam.
Nesse momento, estou sentado no topo do maior prédio de uma cidade que me esqueci de ver o nome, e devo te dizer que a vista aqui de cima é magnífica. Mentira, não é. Mas não seria em nenhum lugar onde eu estivesse, de qualquer forma.
Sabe, as cidades perdem o brilho quando seus prédios envidraçados estão esburacados, quando carros velhos acumulam ferrugem nas ruas sujas e um volume alarmante de plástico e gente morta serve de tapete de boas vindas para o inverno. Essa é a vista que estou tendo agora, isso e um sol tímido que nasce com vergonha de ver o mundo. Talvez ele sinta o mesmo que eu, e por isso não o culpo, já que não há mais ninguém vivo no mundo para me culpar de coisa alguma.
Às vezes ainda coloco aquele tape velho no tocador de fitas que guardo no sótão. Pois é, eu o trouxe da última cidade, mesmo que tenha dito que não faria isso por aquele trambolho ser pesado pra burro. Mas valeu a pena. Ouvir o noticiário de seis meses atrás alimenta um prazer mórbido que eu desconhecia ter. A notícia é inevitavelmente a mesma, claro, mas finjo surpresa sempre que a ouço, apenas para me distrair e fingir que tem algo de diferente acontecendo.
Tudo começa quando o Presidente anuncia um caso de calamidade global, e toda a população ao redor do Parlamento fica em polvorosa. Essa é a parte que eu mais gosto, porque o tal Presidente fala com uma voz engraçada e abafada, como se algo lhe tapasse a boca, e todos parecem bem vivos e revoltados, do mesmo jeito que eu era.
Então, os guardas pedem silêncio, como se chutassem um cachorro de rua para que ele parasse de latir, o presidente produz um pigarro nervoso e inseguro, e retoma seu anúncio. Segundo ele, a bomba havia finalmente explodido bem acima de nossas cabeças, e o ar estava irreversivelmente infectado por algo como uma praga química, mas a população deveria confiar nas forças armadas, pois seriam distribuídas máscaras de segurança, como a que ele estava usando (nessa parte eu sempre finjo descobrir que era isso que fazia a voz dele ficar abafada).
Hoje imagino o que os atacantes pensavam quando lançaram a bomba sobre nós, e em como eles estavam equivocados ao não notarem que a praga era capaz de se reproduzir em velocidade monstruosa no primeiro contato com a chuva. Claro que, em pouco tempo, ela foi soprada aos sete ventos, atingiu os lençóis freáticos, poluiu os rios, os oceanos, as casas, o sangue das pessoas e todo o verde que existia no mundo. Foi a maior obra de arte bélica já criada pela humanidade, ironicamente usada para acabar com ela mesma e com tudo que conhecia.
É estranho pensar em como passamos milênios buscando por respostas para a vida, o universo e tudo mais, e que a maioria delas perderam completamente a importância agora. Talvez seja apenas o fato de eu sempre ter sido pessimista, mas não me importo se há ou não vida fora daqui, se é ou não possível dividir um átomo, se o ser humano é capaz de entortar uma colher com a mente ou se vou para um “lugar melhor” quando morrer. Não há lugar pior que esse, acredite, e eu daria qualquer coisa por algo que não seja comida enlatada vencida e água de chuva, que é bem rara e tem um gosto terrível.
Não há mais vida visível, com exceção de mim, é claro. O mundo finalmente está em decadência, e toda água, doce e salgada, está infectada por criaturas marinhas mortas. O mesmo vale para as plantações, florestas, e campos verdes. Aliás, não há mais verde. A terra, inclusive, é seca, porque parece ter perdido qualquer vontade de produzir vida novamente.
Minha mãe me contava histórias sobre Deus quando eu era criança, e depois dela muitos outros deram continuidade a essa tarefa. Nunca fui religioso, mas isso não significa que eu não acreditasse. Porém, tenho dúvidas sobre o propósito de permitir que o mundo chegasse a esse ponto. Quem sabe era sobre isso que aqueles homens de batina ou terno falavam na televisão, sobre o Julgamento, ou algo assim. Talvez eu tenha sido deixado para trás, no fim das contas. Talvez todos nós tenhamos sido.
Há seis meses eu viajo como um ermitão, de cidade em cidade, e há dois minhas lágrimas secaram para as perdas que tive. Ainda acho que a Evolução estava exercitando seu péssimo senso de humor quando resolveu nos deixar mais fortes sempre que nos vemos num beco sem saída. O fato é que eu me recuso a acreditar ser o único sobrevivente, mesmo que a lógica e a falecida ciência me digam isso. E é esse o motivo de estar escrevendo esta mensagem, como já escrevi milhares de outras. Também a enviarei para um número aleatório de uma carcomida lista telefônica, e esperarei por uma resposta. O serviço de telefonia é ruim, claro, e a maioria das áreas não possui mais sinal. Ao menos não existe mais o telemarketing.
Esse aqui é mais um conto que escrevo para o Heavem Empire, e também para a comunidade skynerd. Espero que gostem
John
Olá, meu nome é John, não que isso importe muito agora. Afinal, quem leria uma mensagem de celular estúpida escrita por alguém que nem conhece? Bem, se você está lendo, se alguém está lendo, ao menos teve algum propósito, e não sou de todo louco, como aqueles engomadinhos do Hospital Santa Amélia achavam.
Nesse momento, estou sentado no topo do maior prédio de uma cidade que me esqueci de ver o nome, e devo te dizer que a vista aqui de cima é magnífica. Mentira, não é. Mas não seria em nenhum lugar onde eu estivesse, de qualquer forma.
Sabe, as cidades perdem o brilho quando seus prédios envidraçados estão esburacados, quando carros velhos acumulam ferrugem nas ruas sujas e um volume alarmante de plástico e gente morta serve de tapete de boas vindas para o inverno. Essa é a vista que estou tendo agora, isso e um sol tímido que nasce com vergonha de ver o mundo. Talvez ele sinta o mesmo que eu, e por isso não o culpo, já que não há mais ninguém vivo no mundo para me culpar de coisa alguma.
Às vezes ainda coloco aquele tape velho no tocador de fitas que guardo no sótão. Pois é, eu o trouxe da última cidade, mesmo que tenha dito que não faria isso por aquele trambolho ser pesado pra burro. Mas valeu a pena. Ouvir o noticiário de seis meses atrás alimenta um prazer mórbido que eu desconhecia ter. A notícia é inevitavelmente a mesma, claro, mas finjo surpresa sempre que a ouço, apenas para me distrair e fingir que tem algo de diferente acontecendo.
Tudo começa quando o Presidente anuncia um caso de calamidade global, e toda a população ao redor do Parlamento fica em polvorosa. Essa é a parte que eu mais gosto, porque o tal Presidente fala com uma voz engraçada e abafada, como se algo lhe tapasse a boca, e todos parecem bem vivos e revoltados, do mesmo jeito que eu era.
Então, os guardas pedem silêncio, como se chutassem um cachorro de rua para que ele parasse de latir, o presidente produz um pigarro nervoso e inseguro, e retoma seu anúncio. Segundo ele, a bomba havia finalmente explodido bem acima de nossas cabeças, e o ar estava irreversivelmente infectado por algo como uma praga química, mas a população deveria confiar nas forças armadas, pois seriam distribuídas máscaras de segurança, como a que ele estava usando (nessa parte eu sempre finjo descobrir que era isso que fazia a voz dele ficar abafada).
Hoje imagino o que os atacantes pensavam quando lançaram a bomba sobre nós, e em como eles estavam equivocados ao não notarem que a praga era capaz de se reproduzir em velocidade monstruosa no primeiro contato com a chuva. Claro que, em pouco tempo, ela foi soprada aos sete ventos, atingiu os lençóis freáticos, poluiu os rios, os oceanos, as casas, o sangue das pessoas e todo o verde que existia no mundo. Foi a maior obra de arte bélica já criada pela humanidade, ironicamente usada para acabar com ela mesma e com tudo que conhecia.
É estranho pensar em como passamos milênios buscando por respostas para a vida, o universo e tudo mais, e que a maioria delas perderam completamente a importância agora. Talvez seja apenas o fato de eu sempre ter sido pessimista, mas não me importo se há ou não vida fora daqui, se é ou não possível dividir um átomo, se o ser humano é capaz de entortar uma colher com a mente ou se vou para um “lugar melhor” quando morrer. Não há lugar pior que esse, acredite, e eu daria qualquer coisa por algo que não seja comida enlatada vencida e água de chuva, que é bem rara e tem um gosto terrível.
Não há mais vida visível, com exceção de mim, é claro. O mundo finalmente está em decadência, e toda água, doce e salgada, está infectada por criaturas marinhas mortas. O mesmo vale para as plantações, florestas, e campos verdes. Aliás, não há mais verde. A terra, inclusive, é seca, porque parece ter perdido qualquer vontade de produzir vida novamente.
Minha mãe me contava histórias sobre Deus quando eu era criança, e depois dela muitos outros deram continuidade a essa tarefa. Nunca fui religioso, mas isso não significa que eu não acreditasse. Porém, tenho dúvidas sobre o propósito de permitir que o mundo chegasse a esse ponto. Quem sabe era sobre isso que aqueles homens de batina ou terno falavam na televisão, sobre o Julgamento, ou algo assim. Talvez eu tenha sido deixado para trás, no fim das contas. Talvez todos nós tenhamos sido.
Há seis meses eu viajo como um ermitão, de cidade em cidade, e há dois minhas lágrimas secaram para as perdas que tive. Ainda acho que a Evolução estava exercitando seu péssimo senso de humor quando resolveu nos deixar mais fortes sempre que nos vemos num beco sem saída. O fato é que eu me recuso a acreditar ser o único sobrevivente, mesmo que a lógica e a falecida ciência me digam isso. E é esse o motivo de estar escrevendo esta mensagem, como já escrevi milhares de outras. Também a enviarei para um número aleatório de uma carcomida lista telefônica, e esperarei por uma resposta. O serviço de telefonia é ruim, claro, e a maioria das áreas não possui mais sinal. Ao menos não existe mais o telemarketing.
Stein- Alquimista
- Data de inscrição : 21/10/2011
Idade : 33
Localização : São Paulo, San Rafaello Park
Emprego/lazer : Arquiteto da Matrix - um salve, mano Asimov
O que sou
Raça: Humano
Classe: Alquimista
Re: John
Eu falei pra chamar sua atenção pro tópico
Já pensou como o grupo reagiria num RPG pós-apocalíptico, sobrevivendo da busca por recursos e tudo mais? o/
Já pensou como o grupo reagiria num RPG pós-apocalíptico, sobrevivendo da busca por recursos e tudo mais? o/
Stein- Alquimista
- Data de inscrição : 21/10/2011
Idade : 33
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Emprego/lazer : Arquiteto da Matrix - um salve, mano Asimov
O que sou
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Classe: Alquimista
Re: John
A ideia era ser um conto curto mesmo
É colocar o leitor para pensar e imaginar o desenrolar por ele mesmo saca?
Tem um outro que eu escrevi aqui: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
É colocar o leitor para pensar e imaginar o desenrolar por ele mesmo saca?
Tem um outro que eu escrevi aqui: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]
Stein- Alquimista
- Data de inscrição : 21/10/2011
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Re: John
Nossa man, ficou muito daora esse tbm em. Pique mensagem dada aos players pra começar uma sessão de RPG kk, gostei.
**não acredito que eu não tinha visto este campo imenso pra escrever antes , pensei que tinha que clicar em reply...
**não acredito que eu não tinha visto este campo imenso pra escrever antes , pensei que tinha que clicar em reply...
Diego Perandré- Aldeão
- Data de inscrição : 11/01/2013
Idade : 34
Localização : SP
Re: John
Valeu cara!
E bem vindo ao fórum, se tiver alguma dúvida, dá um toque! o/
Dá uma olhada na parte de RPG depois ;]
E bem vindo ao fórum, se tiver alguma dúvida, dá um toque! o/
Dá uma olhada na parte de RPG depois ;]
Stein- Alquimista
- Data de inscrição : 21/10/2011
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Emprego/lazer : Arquiteto da Matrix - um salve, mano Asimov
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Re: John
*toca música dramática de revelação*
Podia ser uma personalidade alternativa, vai saber voce tem um parafuso no meio do cranio kkkkkkkkkkkk
Podia ser uma personalidade alternativa, vai saber voce tem um parafuso no meio do cranio kkkkkkkkkkkk
isaac-sky- Guarda Real
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