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Alcatéia - A herança do Rei dos Lobos

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Mensagem por Stein Qui Ago 30, 2012 8:30 am

Mais um curto conto aqui, esse baseado no mundo de Arton. Espero que curtam ^^


Alcatéia

A menina mantinha o ritmo forçado pela escarpa, o coração acelerado pelo ar rarefeito e o suor escorria-lhe farto pela pele morena. Lá embaixo, o Reinado se estendia como um formigueiro, e por um instante ela pensou em como era insignificante a arrogância dos homens.
Alexia Blair segurou-se firmemente, afundando os dedos entre as fendas da rocha. A montanha parecia viva, exatamente como contavam as histórias de seu pai. O vento recepcionou sua chegada ao topo com um sopro frio como o hálito da morte, bagunçando seus cabelos revoltos, que pareciam feitos de cobre à luz do crepúsculo.
Ela tomou fôlego, arfando com dificuldade, as mãos duramente castigadas pela rocha da escalada e pelo frio cortante da altitude em que se encontrava. Por sorte, Alexia não possuía a delicadeza que as jovens em sua idade permitiam aflorar. Em seus dezessete anos, a garota de olhos cor de âmbar poderia ser a ambição de qualquer nobre, suas curvas de juventude ascendente seriam capazes de enlouquecer o mais lúcido dos regentes, mas talvez a origem de seu encanto estive no olhar selvagem em seu rosto. Porque Alexia não era filha de nobre, mas de guerreiro.
Rei dos Lobos era como a tribo conhecia seu pai. Demônio de Cobre era o outro nome, o que usavam no resto do mundo. Alto como um urso, devastador como uma fera em caçada, o líder da Alcatéia ambicionava estender seus domínios muito além das Montanhas Uivantes. Seu povo o seguia como devotos a um sumo sacerdote, e sua voz lhes fortalecia o espírito, mantinha-os vorazes, ousados. Vivos.
Alexia ainda lembrava-se do dia em que seu pai comandara aqueles homens em investida contra o Exército do Reinado, em como o grito de guerra parecia o uivo de milhares de lobos em fúria, quando a Alcatéia honrara o nome que tinha. Ela também recordava que, na manhã que antecedeu a batalha, o pai havia lhe trazido até o mesmo lugar onde se encontrava agora, no topo da mais fria das montanhas, e ali lhe contara a história de seus antepassados, de como os reis dos lobos protegiam suas crias para que elas um dia governassem sua alcatéia.
A jovem deu alguns passos para frente, enquanto o vento furioso insistia em penetrar as peles de urso que a cobriam, mostrando que poderia congelar-lhe a alma se ela desistisse do que viera fazer ali, como um aviso. Alexia Blair avistou o que procurava e subitamente seus passos pareciam mais lentos, seu corpo mais pesado, e seu espírito mais solto do que jamais estivera.
Bem ali, no topo da montanha, ela observou a haste de ferro negro que se elevava do solo congelado pela neve. O metal ainda brilhava como se houvesse acabado de ser forjado, e os veios de um azul profundo lhe cobriam a superfície, adicionando beleza e poder à peça. Ela correu os olhos pelos quase três metros de extensão da haste, sentindo o frio sobrenatural que emanava daquele ponto, como se o ferro estivesse vivo e a houvesse notado.
Naquele negro azulado, Alexia viu os olhos de seu pai, e poderia jurar que o contemplava naquele monte gelado. A presença que sentia era forte o bastante para fazer subir as lágrimas em seus olhos, mas ela se apressou em secá-las, pois não tinha nenhuma intenção de chorar frente ao Rei dos Lobos. Ela estendeu a mão até a haste de ferro, seus dedos se fecharam com força sobre o metal e ela sentiu como se seus ossos fossem congelar e virar pó.
Subitamente, sua pele se acostumou ao toque frio do ferro, como se a haste se permitisse ser empunhada, e Alexia apertou o metal com firmeza, puxando-a para cima. Como se não houvesse resistência alguma, a lâmina azulada cortou o solo rochoso abaixo da neve, deixando que seu brilho azulado irrompesse para a superfície depois de tanto tempo escondida.
Lupina, era como o Rei dos Lobos chamava sua lança de batalha, e a arma parecia responder com furiosa lealdade a seu senhor, por ele jamais perdera um combate enquanto a empunhara. A menina sentiu os pelos de seu corpo se eriçarem ao vislumbrar a lâmina moldada com perfeição feérica, pois aquela era a herança que lhe fora deixada há muito tempo.
Na alcatéia, dizia-se ser perigoso nomear um objeto, pois o nome dava poder às coisas. Fosse uma lenda ou não, a garota sentia uma força extraordinária emanar de Lupina, e pensou em como seu pai deveria sentir-se ao usá-la. Era uma pena que sua resposta jamais seria respondida.
Alexia Blair apertou o metal como se sua existência fosse mesclar-se à da lança, e virou as costas para o topo da maior entre as Montanhas Uivantes, onde o corpo do Rei dos Lobos descansava. Então, a cria desceu a escarpa, empunhando a presa do guerreiro mais terrível que já andara sobre o mundo.
O vento que rodopiava a montanha levou até a base o uivo longo e sonoro de uma ambição feroz e incomensurável. Porque a Filha do Lobo tinha fome de guerra.
Stein
Stein
Alquimista

Data de inscrição : 21/10/2011
Idade : 33
Localização : São Paulo, San Rafaello Park
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O que sou
Raça: Humano
Classe: Alquimista

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